O mercado de criadores de conteúdo pode passar por um crescimento exponencial na próxima década com a transição para a nova fase da internet
Web3, blockchain, metaverso, NFTs, criptomoedas. Esses termos já fazem parte do cotidiano do profissional de Marketing. É o futuro que está batendo na nossa porta, rompendo um paradigma sobre a forma dos indivíduos se relacionarem no universo digital. Dessa vez, a mudança ultrapassa aspectos sociais e alcança uma discussão que envolve o bolso. Sim, essa nova fase da internet implica em uma nova economia e isso está diretamente ligado aos creators.
Hoje, os creators dependem das regras das big techs, como Google e Amazon, e redes sociais como Facebook, Instagram e Youtube, para entregar o conteúdo ao público. Aliás, até mesmo a posse dos seguidores e os dados sobre esses perfis ficam retidos com as plataformas, não são dos criadores de conteúdo.
Diferentemente, no ambiente descentralizado que está sendo construído, essa dinâmica promete ser mais democrática. No futuro – não tão distante – quem determina o sucesso do influenciador é a comunidade. A Web3 é centrada no usuário, sugerindo um ambiente seguro e de privacidade. Aqui, é possível desenvolver um NFT, um ativo virtual, que pode gerar uma receita direta, conectar o creator com seus fãs e seguidores e desenvolver uma verdadeira comunidade ao seu redor. A gerente geral da Creators Brasil, Rayana Thomaz, explica que a mudança será gradual e lenta, pois exige um amadurecimento do comportamento digital dos usuários.
“Um dos desafios da creator economy é romper com a dependência das grandes plataformas, que é muito característico do momento atual em que vivemos. Existe uma possibilidade de independência desses criadores de conteúdo. Os influenciadores brasileiros já vêm garantindo uma participação de destaque nesse novo momento de experimentação no digital, como podemos ver os influenciadores Lucas Rangel e Isaías, que já providenciaram um modelo 3D para conquistar espaço nesse momento, trazendo a garantia de pioneiros no mercado brasileiro. A maior barreira nesse momento é o desenvolvimento do próprio ambiente virtual para essa transição, que ainda não consolidou uma experiência imersiva e inclusiva de acesso”, ressalta.
Uma nova forma de pensar e usar as redes sociais
Novas redes sociais estão surgindo já com uma mentalidade disruptiva. A Vybit, por exemplo, é uma mídia social de vídeos curtos que recompensa usuários e criadores por postarem conteúdo atraente e interagir com a comunidade para criar uma experiência geral mais inclusiva para todos. A remuneração é uma distribuição diária de “Vibes” no aplicativo, que podem ser resgatadas por criptomoedas. Construído em Solana, o token $VI pode ser convertido em qualquer outro token ou moeda, como dólar ou real. Assim, a plataforma funciona em uma blockchain, o que é totalmente seguro, e subverte a atual situação de monetização do conteúdo dos creators. Na Web3, o criador de conteúdo pode ampliar a sua atuação. São infinitas possibilidades a serem exploradas. Flávio Santos, CEO da M.Field e autor do best seller “Economia da Influência” explica:
“Todos os ativos trazidos junto a Web3 vem a somar no ecossistema da influência. São novas formas de monetizar, novas plataformas para expressar conteúdo, novos veículos para se conectar. Em uma cultura de conteúdo multiplataforma, quanto mais caminhos o creator tiver para se aproximar da audiência, mas influencia se gera. A diversificação de formatos contribui para a inteligência transmídia, que é produzir conteúdo adaptável para diferentes canais e a Web3 vem sendo mais um desses canais”, ressalta.
No Brasil, alguns influenciadores saíram na frente na experimentação das novas camadas digitais disponíveis. Sabrina Sato e Bianca Andrade lançaram seus avatares no metaverso, o que indica um primeiro movimento dos creators em ocupar e popularizar esse novo espaço. O pioneirismo já rendeu frutos: a Satiko, boneca virtual da Sabrina Sato, cobriu o Rock in Rio 2022 em ação do Itaú Personnalité. Para escalar a economia de influência, é necessário sedimentar a interoperabilidade das redes e avançar na educação digital dos usuários. Vinícius Machado, da Creators Brasil analisa:
“Os influenciadores já estão expandindo sua atuação para além das publis e collabs com marcas, elas estão assumindo um papel de marca e garantindo seu lugar no mercado não apenas como contratados, mas sim como contratantes. Como temos os exemplos de Bianca Andrade e Gkay, que avançaram e assumiram o papel de empreendedoras através da sua influência. Para os influenciadores dominarem a Web3 basta o desenvolvimento e adesão desse espaço. Somos bem otimistas quanto a isso”, destaca.
Segundo, Flávio Santos, da M.Field, para haver uma economia de influência estruturada nessa realidade imersiva, é necessário qualificar as comunidades em torno dos influenciadores:
“Creators sem comunidades fidelizadas não terão sucesso no metaverso. O primeiro caminho é criar sua base de fãs, brand lovers ou uma audiência muito qualificada para fazer essa transferencia de tráfego para a Web3 e no futuro conseguir monetizar. Mas os creators ainda precisam se atentar menos para métricas de vaidade e ficarem ligados a tendências de mercado, como media for equity, construção de comunidades, short videos, live commerce”, finaliza.