O CEO da Betânia Lácteos compartilha a visão estratégica para alavancar a posição da empresa no segmento de laticínios no Brasil, disputando espaço com a suiça Nestlé
Líder do mercado de laticínios da região Nordeste, a Betânia Lácteos é uma indústria genuinamente cearense motivo de orgulho para o Estado. No Brasil, ocupa a 15º posição no ranking entre as maiores empresas do segmento, cenário que irá mudar a partir de 2022, com a fusão da marca com a Embaré, avançando para 2º lugar. O faturamento estimado a partir da novidade chega ao patamar de R$ 4 bilhões, com o nascimento da empresa capaz de disputar mercado com a Nestlé.
Com quase 50 anos de empresa, uma gestão ainda na segunda geração familiar e em plena expansão, hoje a Betânia está sob o comando de Bruno Girão, empresário que herdou de seu pai, Luiz Prata Girão, o talento para os negócios. Tudo começou por volta de 1971, em Quixeramobim, sertão central. Luiz Girão apostou na região que hoje é a maior bacia leiteira do Ceará. Logo depois, a marca dominou a capital cearense. Inovadores desde a fundação, lançaram o produto batgut, inaugurando o segmento de iogurte de saco no Brasil. Seis fábricas e nove centros de distribuição, ampliação de portfólio, rebranding, liderança em UHT no Nordeste e 40% de share (participação no mercado), mais de 2 mil colaboradores diretos e mobilização de 3.500 famílias produtoras de leite em 130 municípios do Nordeste: esse é um breve balanço dos números que estão por trás do árduo trabalho de Luiz e Bruno Girão.
Bruno é formado em Administração com foco em logística e finanças pela Northeastern University em Boston, Massachusetts. Além da formação internacional, o empresário também possui em seu currículo curso de especialização em administração pela INSEAD Business School e pós-graduação em Direito Empresarial pelo IBMEC. E, também, envolvimento com o PDA (Programa de Desenvolvimento de Acionistas, da Fundação Dom Cabral) e com a AJE (Associação de Jovens Empresários de Fortaleza), da qual foi coordenador. Bruno também foi diretor da ABLV – (Associação Brasileira de Leite Longa Vida) e atualmente é membro da organização internacional YPO (Young President’s Organization), comunidade de liderança global de mais de 29.000 executivos em 130 países que são movidos pela crença de que o mundo precisa de líderes melhores.
A capacidade técnica levou a Betânia para um outro patamar. Bruno Girão está à frente dos principais movimentos de expansão da marca, a exemplo da fusão com a Embaré, detentora da marca Camponesa. A Betânia vai disputar o segundo lugar no ranking das maiores empresas do país em captação de leite com a suíça Nestlé. Vale lembrar que a liderança entre as companhias com números conhecidos é da Laticínios Bela Vista, dona da marca Piracanjuba. Outro grande feito é o investimento de R$ 70 milhões na primeira fábrica com capacidade de produção de leite em pó do Ceará. A novidade também faz parte dos planos do governo do Estado, que projeta expandir a política de assistência para pequenos produtores comprarem tanques de resfriamento para armazenar o leite. Conheça a perspectiva do CEO da Betânia Lácteos sobre o setor produtivo do agronegócio cearense, empreendedorismo e importância da comunicação para alcançar os objetivos do plano de negócio.
NM: Inovação e estratégia são as palavras que resumem os 50 anos da marca. Na sua visão de CEO, a interseção entre gestão e comunicação é definidora para alcançar resultados tão célebres como os da Betânia?
BG: Na Betânia, nós acreditamos que é fundamental nos comunicar bem com todos os nossos públicos, desde os nossos colaboradores, no ambiente organizacional, aos produtores parceiros, varejistas e, claro, nossos clientes. Isso vai desde comunicar as novidades e lançamentos a ouvir sugestões e críticas de todos esses públicos, com o objetivo de sempre estarmos próximos, oferecendo produtos de qualidade e com o melhor custo-benefício.
Em outubro, lançamos a Bela, a primeira assistente virtual da indústria de lácteos no Brasil. Bela faz parte da estratégia de transformação digital da empresa e o seu lançamento, para clientes e colaboradores, tem o propósito de tirar dúvidas de forma objetiva e descomplicada sobre assuntos relacionados às áreas financeira, de cadastro e vendas da empresa, sem perder a atenção e a forma acolhedora que a Betânia se relaciona com os seus clientes.
NM: Há uma responsabilidade em carregar o legado de Luiz Prata Girão. No que vocês se diferenciam e qual a sua marca na empresa?
BG: Meu pai sempre acreditou que a coragem e a fé no trabalho dos nossos produtores, colaboradores e parceiros nos uniriam e trariam prosperidade para todo o nosso ecossistema. E, ao longo desses 50 anos recém-completados, essa crença se provou acertada. Desde que a Betânia foi fundada, em 1971, o nosso compromisso era o de levar produtos lácteos de qualidade para as famílias nordestinas e isso perdura até hoje, faz parte do DNA da família Betânia. A diferença entre as nossas gestões está na modernização dos processos de gerenciamento que a contemporaneidade vem trazendo e nós estamos acompanhando, mas a essência e os valores da Betânia continuam sendo os mesmos que seu Luiz idealizou nos anos 70: valorizar a família nordestina, alimentando o corpo e inspirando o coração, desde o produtor até a mesa do consumidor.
NM: Hoje a Betânia tem um consolidado time de marketing e comunicação, que participa da estratégia de negócio desde posicionamento à divulgação de produtos. Qual a importância da profissionalização da comunicação numa grande empresa?
BG: O propósito da Betânia é valorizar a família nordestina, alimentando o corpo e inspirando o coração, e, para isso, é fundamental que nossa equipe de marketing esteja realmente alinhada com os nossos valores e com o nosso compromisso de oferecer produtos de qualidade e com excelente custo-benefício para as famílias nordestinas. Isso se reflete no nosso posicionamento consolidado de liderança de mercado de leite UHT e iogurtes no Nordeste, no acompanhamento constante das tendências de mercado, na avaliação constante e percepção do que consumidor quer para o lançamento de produtos ou reposicionamento de marcas já conhecidas. Apesar de estarmos na Região e termos um profundo conhecimento do consumidor nordestino, estamos constantemente fazendo pesquisas de mercado para aperfeiçoar cada vez mais esse conhecimento e entregarmos produtos e serviços sob medida para nossos consumidores.
Além disso, temos uma área de inovação muito estruturada, que transita por todas as áreas da Betânia, trazendo essa cultura de inovação para toda a companhia, que é tão importante para nos mantermos em uma posição competitiva e gerando valor para todos os stakeholders e, assim, estarmos constantemente explorando oportunidades de mercado, surpreendendo nossos clientes e entregando produtos e serviços diferenciados. Nós utilizamos as melhores ferramentas do mercado para estarmos sempre nos superando.
NM: A negociação com a Embaré irá impactar o segmento de lácteos e derivados no Brasil, já que, após a fusão, as empresas darão origem à quinta maior companhia do segmento em atuação no País. O feito já é incrível, mas há ambição de alcançar a liderança do mercado? Qual a estratégia daqui para frente?
BG: Ainda estamos aguardando a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE. Só depois da resolução deles é que poderemos consolidar a união das empresas.
NM: O segmento de leite impacta diretamente a vida de famílias produtoras e a dinâmica de trabalho nas regiões menos desenvolvidas. Ser líder de laticínios no Nordeste também é sinônimo de empreendedorismo social?
BG: A Betânia é a maior indústria de lácteos do Nordeste, líder em leite UHT e iogurtes e movimenta uma cadeia produtiva 100% de origem local. São mais de 2 mil funcionários e processamento diário de 1,4 milhão litros de leite. O que nos diferencia da concorrência é que fomentamos a economia local. São mais de 3.500 famílias produtoras de leite em 130 municípios do sertão nordestino que, com mãos experientes, captam o leite fresco que vai direto para as nossas fábricas.
A Betânia tem contribuído diretamente, através do Instituto Luiz Girão, para melhorar a produtividade e garantir qualidade de nossa matéria prima. O Instituto vem trabalhando, desde 2019, com foco em assistência técnica de qualidade, melhoramento genético do rebanho, conforto animal, garantido bem-estar animal e respeitando a legislação ambiental. Além disso, a Betânia vem garantindo uma compra de leite constante e o efeito disto é a ampliação nas bacias leiteiras em que atua. Acreditamos que através da difusão de conhecimento com nossos produtores, terão perpetuidade na produção.
NM: Por fim, para 2022, o que o mercado pode esperar de Bruno Girão à frente da Betânia?
BG: A Betânia está sempre acompanhando as necessidades do mercado. Em 2022, continuaremos muito atentos ao mercado, observando os hábitos de consumo e o poder de compra dos nossos clientes, preparados para oferecer produtos inovadores, de qualidade, com excelente custo-benefício e de origem 100% local.