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“Enganei o bobo na casca do ovo”: o dia em que o Canva provou que marketing bom não parece marketing

Por Redação

26/11/2025 11h51

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Por Thayson Melo, estrategista de marketing e especialista em posicionamento digital

“Enganei o bobo na casca do ovo”. Se tivesse que resumir as últimas ações do Canva nas redes sociais, seria bem isso. E digo isso com admiração, porque o nível de planejamento, execução e timing foi simplesmente impecável. 

Enquanto muitas marcas ainda insistem em anunciar como se estivessem distribuindo panfleto no sinal, o Canva fez o oposto: contou histórias, criou conversa, gerou conexão — e só depois vendeu. Resultado? Todo mundo viu, compartilhou, comentou e entendeu exatamente o que eles queriam comunicar. Mas sem cara de propaganda.

Xuxa e Gracyanne: duas narrativas, um mesmo efeito

Primeiro veio a Xuxa, protagonizando a nostalgia com uma série de conteúdos que pareciam — honestamente — um desabafo divertido, daqueles que viralizam naturalmente, inclusive mostrando “produtos” criados para aquele público. Depois, Gracyanne Barbosa, envolvida em outro enredo: uma marca de ovos premium. Algo inusitado mas que é relacionado diretamente à imagem dela. Então, veio a virada: era publicidade. 

“E quando o público descobriu que era publi?”, ao contrário do que normalmente acontece, ninguém se irritou. Pelo contrário: as pessoas aplaudiram. Porque o roteiro estava redondo, a história estava bem contada e tudo parecia tão natural que a revelação virou parte do espetáculo.  Isso é marketing bem-feito!

Ponto 1: Chamar atenção sem gritar: “olhem pra mim!” 

O que o Canva fez foi simplesmente usar o maior gatilho da internet: curiosidade + narrativa

Não começou dizendo “use o Canva”; não abriu o vídeo com efeitos de venda; não colocou um locutor dizendo “agora ficou mais fácil…”. Eles começaram com história. E uma boa história tem uma força que nenhuma verba de tráfego substitui. 

Aqui está o ponto: ninguém quer mais publicidade com cara de publicidade. Querem ser entretidos. Querem rir. Querem descobrir algo. Querem acompanhar uma novelinha digital.

Ponto 2: Planejamento, porque nada ali foi por acaso 

Quando ações assim viralizam, sempre aparece alguém dizendo: “Nossa, mas eles deram sorte!”. Não deram. Nada ali foi improvisado. Por trás do “enganei o bobo” existe: estudo de audiência, análise de comportamento, roteiros bem amarrados, timing perfeito para entrar na conversa, escolha cirúrgica dos influenciadores e um objetivo claro: mostrar que o Canva está cada vez mais integrado ao universo real das pessoas. 

Planejar é essencial — mas executar bem é o que separa marca boa de marca inesquecível.

Ponto 3: Execução perfeita da narrativa à revelação 

A execução foi tão bem alinhada que, quando veio a virada — “era publi!” — ninguém se sentiu enganado. Pelo contrário: riram, elogiaram e continuaram assistindo. E por quê? 

Porque no final das contas, as pessoas querem histórias. Elas querem ser parte de algo. Querem acompanhar o enredo, o drama, o exagero, a reviravolta. Quando a publicidade entra como parte natural da história, ela não interrompe: ela completa.

A grande lição do Canva: não venda, conte!

Num mundo saturado de anúncios, o Canva mostrou que a fórmula não é aparecer, mas engajar. O público de hoje pula anúncio, ignora post patrocinado, desconfia de toda copy “too polished”, mas acompanha fielmente toda novela digital que envolva gente real fazendo coisas divertidas. E o Canva entendeu isso com maestria.

Se a gente fosse transformar essa análise em uma frase só, seria assim: Marketing bom não parece marketing — parece história bem contada. E quando a marca consegue amarrar narrativa, planejamento e execução como o Canva fez, não tem jeito: viraliza, vende e ainda faz o público pedir bis. No fim das contas, o que eles fizeram foi isso:  “Enganei o bobo na casca do ovo…”, e o bobo gostou.