Adrian Ferguson fala ao Nosso Meio sobre os rumos do adtech e martech no país, a importância da regulação de dados geoespaciais, os desafios de escalar uma empresa digital em um mercado fragmentado, e como parcerias estratégicas e inovação preditiva podem transformar a jornada do consumidor da rua ao checkout online.
NOSSO MEIO | Como você enxerga o mercado de adtech e martech no Brasil evoluindo nos próximos 2–3 anos, especialmente em termos de regulação de privacidade e uso de dados geoespaciais?
Adrian Ferguson: O mercado brasileiro de adtech e martech está entrando em um novo ciclo de maturidade. A LGPD avança em alinhamento ao GDPR europeu, e já percebemos que o tema privacidade deixou de ser apenas uma exigência legal para se tornar uma expectativa dos consumidores. No caso dos dados geoespaciais, acreditamos que o futuro está em soluções que unam inteligência preditiva e anonimização, trazendo contexto e valor para marcas e consumidores, sem abrir mão da proteção dos indivíduos. Esse movimento, no Brasil, segue uma tendência global que já vemos em estados norte-americanos como Califórnia e Colorado, onde a regulação força inovação de forma acelerada.
NOSSO MEIO | A HYPR começou como uma plataforma de ativação de audiências com dados geo + mobile media. Como você equilibra inovação tecnológica, por exemplo, no uso de IA, verificação automática de identidade, autenticação, com a experiência do usuário e usabilidade para marcas e clientes finais?
Adrian Ferguson: Na HYPR, acreditamos que inovação só faz sentido se for acessível. Investimos em inteligência artificial para aprimorar a segmentação e prever fluxos de consumo, mas sempre com interfaces simples e intuitivas, que facilitem a tomada de decisão. Ao mesmo tempo, trabalhamos com camadas de autenticação e verificação que trazem segurança sem criar fricção. Em resumo: tecnologia robusta nos bastidores e experiência fluida na ponta, para que tanto as marcas quanto os consumidores percebam valor de forma clara.
NOSSO MEIO | Quais são os principais desafios de escalar uma empresa de dados/mídia digital no Brasil em comparação a mercados mais maduros, e como a HYPR tem se preparado para superá-los?
Adrian Ferguson: O Brasil traz desafios como fragmentação de dados, volatilidade econômica e um déficit de profissionais especializados. Já em mercados como os Estados Unidos, o grande desafio é a competição intensa e a consolidação de big techs que dominam o ecossistema. A HYPR se prepara com uma estrutura modular e escalável, que combina hubs locais com parcerias globais, além de investir fortemente em automação de processos e governança de dados. Isso nos permite crescer de forma sustentável em qualquer cenário.
NOSSO MEIO | Em um ecossistema com tantas opções de plataformas, agências, tecnologias de dados e mídia programática, qual é o diferencial competitivo mais importante da HYPR hoje e como ele se sustentará no longo prazo?
Adrian Ferguson: Nosso diferencial é a capacidade de transformar dados geoespaciais em inteligência de negócio, conectando o mundo físico ao digital. Não oferecemos apenas audiência; oferecemos uma visão completa da jornada do consumidor, da rua até o checkout online. No longo prazo, essa vantagem se sustenta por meio de três pilares: alianças estratégicas de first-party data, tecnologia proprietária de mensuração.
NOSSO MEIO | Sua trajetória vai de agências a startups. Como você ajusta seu estilo de liderança ao transitar de ambientes mais tradicionais para o dinamismo de um negócio de tecnologia em rápido crescimento?
Adrian Ferguson: O aprendizado em agências me ensinou a importância do storytelling e da criatividade. Já no ambiente de tecnologia, a velocidade e a precisão dos dados são essenciais. O meu estilo de liderança combina os dois mundos: autonomia e agilidade para os times, mas sempre com um olhar humano e inspirador, que garante propósito no que fazemos. Acredito que líderes de empresas em crescimento devem ser facilitadores, não apenas gestores.
NOSSO MEIO | Para você, quais são as métricas-chave que realmente importam para demonstrar sucesso da HYPR, não só em performance de campanhas, mas também em credibilidade, retenção de clientes e parcerias estratégicas?
Adrian Ferguson: Medimos sucesso em várias dimensões. Do lado das campanhas, KPIs e atribuição offline–online são fundamentais. Mas também olhamos para retenção de clientes, NPS, longevidade das parcerias estratégicas e crescimento sustentável de receita. Em um setor onde o “novo” acontece todos os dias, acreditamos que consistência e confiança são métricas tão importantes quanto performance imediata.
NOSSO MEIO | Com as rápidas mudanças no setor digital (privacidade, regulamentações, novas tecnologias), como a HYPR vê o papel de parcerias (tecnológicas, de mídia, de dados) para influenciar ou antecipar essas mudanças?
Adrian Ferguson: As parcerias são centrais para a nossa estratégia. Trabalhamos com adquirentes, fintechs, operadoras de mídia OOH e players de dados para criar ecossistemas mais confiáveis e escaláveis. Entendemos que nenhuma empresa, sozinha, consegue antecipar todas as mudanças regulatórias e tecnológicas. Por isso, atuamos como orquestradores de valor, conectando diferentes parceiros e trazendo inovação coletiva para o mercado.
NOSSO MEIO | Se você pudesse escolher um grande desafio que gostaria de resolver nos próximos 5 anos no Brasil ou América Latina com a HYPR, qual seria? E que tipo de mudanças organizacionais ou de oferta vocês já estão pensando para chegar lá?
Adrian Ferguson: O grande desafio é conectar o consumo real da América Latina ao ambiente digital, com a mesma precisão que já existe em mercados maduros. Queremos reduzir a distância entre o que as pessoas fazem no mundo físico e a forma como são impactadas no digital. Para isso, estamos investindo em expansão regional, hubs locais de inovação, mais recursos em IA preditiva e estruturas de compliance adaptadas às legislações de cada país. É uma jornada ambiciosa, mas acreditamos que a HYPR tem o papel de ser a ponte entre online e offline em escala continental.
