Economia

Entrevista com Marcel Pinheiro, Sócio-diretor da Delantero Comunicação

Por Redação

11/08/2020 08h00

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Linkedin

Sócio da Delantero, uma das 50 agências de publicidade mais criativas do Brasil (Meio&Mensagem, 2016), e diretor de marketing do Fortaleza Esporte Clube. Marcel foi premiado 7 vezes no Profissionais do Ano da Rede Globo, duas vezes no Melhor Comercial do Brasil do SBT e em festivais internacionais como Lusófonos Portugal, AnimaMundi, Samsung Design Awards, El Ojo de Iberoamerica e na revista alemã Luerzer’s Archive. É um dos 10 publicitários mais criativos do Nordeste, segundo o Prêmio Colunistas. Criou para clientes internacionais e nacionais, como: Pepsico, Michelin, British Petroleum, Castrol, Uber, M. Dias Branco, Iguatemi, SBT Nordeste, Ambev e Coca-Cola.

 

Como decidiu que gostaria de seguir a carreira da Comunicação?
No dia de escolher o curso, foi o que sobrou. Parece brincadeira, mas é verdade. Fui examinando as possibilidades. Um curso parecia ter muito número, outro, muito sangue. Aí a Comunicação ganhou em uma espécie de Big Brother: foi eliminando os demais. Logicamente que eu tinha afinidades com a comunicação: sempre gostei de escrever, de ler, de criar histórias. Mas a escolha em si aconteceu no momento da inscrição.

 

Quais foram os momentos mais marcantes da sua vida profissional?
O primeiro estágio na Íntegra, o primeiro emprego na Slogan, a experiência internacional na Código Visual (Espanha), o primeiro cliente da Delantero, todos os prêmios, a eleição do senador Eduardo Girão e o dia em que minha mãe finalmente entendeu o que faço da vida.

 

Quais os principais desafios que surgiram estando à frente da direção de criação da Delantero?
Liderar é muito mais complicado que criar. Porque criar é uma atividade, no meu caso, muito solitária. A liderança requer empatia, compreensão, entender os limites e a potencialidades de cada profissional. É preciso compreender dias bons e ruins, crises, vida pessoal e tentar extrair o melhor de cada um. É uma mistura de criativo, coach, treinador de futebol e psicólogo. Por isso é ótimo dividir essa responsabilidade com meus sócios Pádua Sampaio e André Miyasaki. Os três olhares diferentes fazem com que tomemos decisões mais ponderadas e mais racionais. É bonito de dizer e muito difícil de executar.

 

Quais são as suas maiores influências na publicidade?
A maior referência local é o Cyro Thomaz. É um grande redator que conseguiu migrar muito bem do segmento de agência para a direção de uma grande empresa. No país, há muitos, de várias gerações: Hugo Rodrigues, André Kassu, Nizan Guanaes, Fábio Fernandes, Borghi, Eco Moliterno… Com muitos deles, já tivemos a oportunidade de conversar em festivais e até de fazer lives. É massa conhecer e conversar com os nomes que a gente lia nas fichas dos anuários.

 

Como foi trabalhar campanhas no período da pandemia?
Não vou glamourizar esse período. Foi ruim, foi chato. Crise não é oportunidade, não. Crise é crise: tensão, redução de quadros, negociações mais complicadas, menos receita. Cobrar soluções mágicas do time e das empresas beira a crueldade. As pessoas estão tentando sobreviver! Nosso dever nesta hora é tentar passar alguma tranquilidade, reduzir danos e melhorar processos para quando as coisas regressarem a alguma normalidade. Em resumo: foi terrível, mas vejo que está passando.

 

O cancelamento virtual se intensificou nesse período, as pessoas ficaram mais em casa, tiveram mais acesso ao celular. Alguma campanha foi repensada nesse sentido? 
De jeito nenhum! A Delantero cresceu com campanhas corajosas. O cancelamento é uma bobagem passageira, de viés totalitário, que cerceia a liberdade de expressão. O lado bom é que é liderado por um punhadinho de gente e desaparece em dois dias. Lendo as pesquisas, vemos que os canceladores estão longe de representar a realidade tanto no que se refere à opinião, quanto ao tamanho mesmo do público. Não há porque dar tanta importância a isso.

 

A publicidade trabalha com o mais variado tipo de mídia, incluindo outdoor. Vocês repensam esse tipo de mídia? Levando em consideração que as pessoas estão mais em casa? 
Logo no começo da pandemia, fizemos um outdoor com a mensagem: Não veja outdoor. Era o momento do #FiqueEmCasa, e a Compasso foi bem ousada em topar veicular uma placa que, em síntese, desestimulava o consumo do produto da própria exibidora. Ou seja, é sempre possível enxergar algum uso criativo da mídia. Estamos sempre nos perguntando: nestas circunstâncias, como vamos utilizar esta mídia de maneira criativa? Não descartamos nenhum veículo a priori. Do carro de som ao TikTok.

 

Qual foi a principal mudança que aconteceu no mercado publicitário?
As agências adquiriram um caráter mais consultivo. As empresas querem nos escutar mais. Não necessariamente querem um comercial de 30s ou um layout. Desejam nos ouvir para resolverem seus problemas com criatividade. E criatividade aí é vender mais, gastando menos. Eu, particularmente, acho ótimo que caminhemos para uma posição mais estratégica. Significa agências mais enxutas, profissionais preparados e crescimento em relevância. Vamos precisar entrar mais no negócio do cliente. Entrar de máscara, é claro.