Economia

Entrevista com Michele Caroline Ribeiro, Gerente de Marketing e Merchandising do RioMar Fortaleza

Publicado em

05/08/2020 09h09

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Administradora, pós-graduada em Inteligência de Mercado, tendo mais de 20 anos de Experiência em Marketing de Varejo, com foco na indústria de shopping center. Atualmente, é responsável pelo Marketing, Mall & Merchandising do Shopping RioMar Fortaleza, equipamento do grupo JCPM.

 

1. Você está a quanto tempo no Grupo JCPM?

Já passei por três shoppings do Grupo JCPM, em Aracajú, Salvador e atualmente Fortaleza. Estava em um shopping de Salvador que eu amo, eu adorava o trabalho que a gente desenvolvia lá, mas eu tinha essa lacuna no meu currículo, sentia que meu currículo tinha uma deficiência que era nunca ter participado da abertura de um shopping, de inaugurar desde o chão e colocar o trabalho em prática. Então quando surgiu essa oportunidade e esse convite de abrir em Fortaleza, achei que era uma oportunidade para garantir aquilo que eu achava que estava faltando no meu currículo e realmente é um grande desafio. Cheguei em abril de 2014 e inauguramos o RioMar Fortaleza em outubro de 2014, poder participar da obra, da construção, dos primeiros passos do shopping, passar por todos os momentos até a maturação foi muito legal. Hoje me sinto uma profissional mais completa com essa experiência de abrir um shopping em uma praça que não conhecia. O shopping ainda está caminhando, temos muitos anos ainda pela frente, mas é muito legal ter feito parte dele até aqui então.

 

2. Estamos vivendo em um novo momento. Como foi para o setor se manter ativo e continuar se relacionando com os clientes durante a pandemia?

Essa crise da pandemia pegou todo mundo de surpresa, é uma experiência que eu acho que ninguém teve, ninguém que está vivo hoje teve essa experiência de passar por uma crise mundial. Eu acho que fomos rápidos no momento, como a gente poderia ser. Assim que fechou o shopping trocamos a nossa logomarca, sentimos que as pessoas estavam muito temerosas e nós estávamos também, claro. Mas a gente sentiu que ninguém sabia muito… Primeiro que quando a gente fechou o shopping a gente não imaginou que iria durar tanto tempo, mas prontamente na primeira semana de shopping fechado a gente já entendeu que precisávamos estar ao lado das pessoas como auxiliar mesmo, estando perto da vida das pessoas. Não como um comercio, como a gente nunca se posicionou. A gente sempre quis ser a segunda casa do nosso cliente. Estão rapidamente a gente trocou a logomarca, fizemos um filme lindo e emocionante com um tom emocional e a gente foi pra televisão com esse filme. Porque o filme falava exatamente isso “tenha calma, vamos todos ter calma, vamos ficar em casa, vamos deixar os carros nas garagens. Vocês que sempre usaram os nossos estacionamentos, vamos deixar os carros na garagem nesse momento, a única coisa que a gente pode fazer é ficar em casa” então a gente foi pra televisão, a gente foi para as nossas mídias sociais dizendo isso ao nosso público, dizendo isso as pessoas sem saber ao certo quanto tempo iria demorar pra gente voltar, mas o nosso discurso sempre foi esse: “calma, fique em casa. Essa é a informação que a gente tem a ciência está pedindo isso… Que a gente fique em casa e é por esse caminho que a gente vai seguir.

 

3. Quais as principais estratégias e os diferentes desafios enfrentados para se manter relevante em um momento como esse?

Nesse momento a Comunicação ficou digital, então usamos muito das nossas mídias sociais e saímos daquele tom que era comum no dia a dia, de falar muito sobre as ações que o shopping estava fazendo, convidando as pessoas o tempo todo. A gente mudou a conversa que não cabia mais com as portas do shopping fechadas, começamos a falar para as pessoas o que é interesse na vida de cada um. 70% dos posts da comunicação hoje em dia tem a ver com a vida das pessoas, com relacionamento, saúde, bem-estar, procurando brincadeiras, dicas do que pode fazer com sua família em casa. Então a gente mergulhou nesse universo e pensou no que a gente pode dizer para as pessoas que estão em casa. E esse foi um trabalho muito legal de ser feito que é um trabalho conjunto entre os outros shoppings do Grupo JCPM, tivemos esse planejamento em casa com RioMar. Até agora que estamos há mais de um mês abertos, ainda estamos fazendo esse tipo de comunicação com nosso cliente, e esse é o nosso papel. A gente criou várias pautas, mas sempre divulgando lives, cuidados, conversamos diretamente com o público e a resposta foi muito positiva, isso fez com que a gente ficasse muito ativo.

 

4. Quais ferramentas e tendências do marketing o shopping vai apostar? Você acredita que foram ferramentas que se fortaleceram a partir desse momento?

Nesse primeiro momento a nossa preocupação era realmente que a pessoa pudesse ter os produtos e serviços que ela precisaria sem sair de casa. Então rapidamente, lá no primeiro momento, lançamos um site especial onde tinha o contato de todas as nossas lojas e o cliente poderia falar diretamente com essas operações. A loja falava diretamente com ele, fazia a entrega e tudo foi ótimo. Muito dos nossos lojistas que ainda não estavam no mundo digital migraram para o mundo digital. Tem uma pesquisa que diz que 60% das compras online feitas no mês de março no país foram de pessoas que nunca tinham feito uma compra digital. Foi a primeira vez que as pessoas compraram… Pessoas que não tinham intimidade com isso, ou que não viam necessidade, ou que não sabiam como fazer, se viram obrigadas a buscar recursos, seus proventos pela internet. E isso foi muito legal, da mesma forma, a gente também tinha lojistas que tinham só sua loja física, mas ainda não fazia a venda digital e isso foi muito importante para os nossos lojistas, para o nosso aprendizado e para o nosso cliente ter as duas opções. Hoje as pessoas tem as duas opções: “posso ir no shopping comprar” ou “não posso porque sou do grupo de risco, eu uso delivery, eu uso drive”. Se você não puder entrar no shopping por qualquer motivo que seja, “não me sinto seguro”, “sou do grupo de risco” ou “estou com pressa” você fala diretamente com a loja, então tem um lugar especial do shopping que você passa e pega a sua compra. “Não quero nem fazer isso” então compra o seu produto em casa. Isso é muito legal, a tecnologia está aqui pra isso. Acelerou a entrada de quem ainda não estava no mundo digital, a entrada foi acelerada por essa pandemia, o que traz um ponto positivo, acaba sendo um ponto positivo porque você amplia a sua chegada até o cliente.

 

5. O online possibilitou e ganhou relevância em muitas experiências que eram vividas presencialmente, como você enxerga o comportamento desse consumidor daqui para frente?

Com certeza, o shopping center é uma segunda casa e a gente sempre procurou ser a segunda casa do cliente, ser um local de experiência, especialmente de gastronomia. Hoje a gente percebe que as pessoas investem muito no seu prazer, em viagens, experiências gastronômicas, em conhecer um bom restaurante, tomar um bom café e saborear um bom sorvete. Eu acho que a pandemia traz também uma ressignificação das coisas, a gente ressignifica coisas que talvez a gente não enxergasse o valor daquilo. Como é gostoso você sentar em um café, tomar um chá com uma amiga sua, você ir ao cinema com sua mãe, seu pai, namorado ou amigo. No dia dos namorados a gente criou uma campanha que incentivava a troca de presente não só com namorado, mas para amigo, uma amiga que separou, divorciou. Então eu acho que a pandemia veio para ressignificar muitas das nossas atitudes, as relações, o consumo, a consciência, mas especialmente, a convivência social. 

 

6. Como surgiu a ideia do RioMar Fortaleza Online?

A gente já tinha um projeto sendo trabalhado e o processo da pandemia acelerou colocar esse projeto na rua que é uma plataforma de vendas, onde o shopping se responsabiliza por toda a parte operacional da venda dos nossos produtos, então o RioMar Fortaleza Online tem toda a logística, a gente quem pega o produto e entrega na casa do cliente. É um grande portal de vendas, onde todo o processo é feito pelo próprio shopping e essa plataforma veio para ficar, estamos trabalhando bastante e a tendência é que as pessoas tenham além do shopping físico, a opção para comprar online, receber em casa ou mandar para a casa de alguém. Então isso é uma possibilidade extremamente importante e estamos muito felizes com o resultado dessa plataforma, já temos 42 lojas presentes e todo dia mais lojistas estão aderindo a plataforma e sentimos também que o público tem respondido muito bem ao serviço, a rapidez da entrega, segurança, a todo padrão RioMar que foi implantado na venda online.

 

7. Vocês já são muito fortalecidos como destino de entretenimento, e não somente de compras, e sim como local de experiências. Isso continua sendo uma premissa para ser fortalecida?

As pessoas sempre viram o RioMar como um local lúdico, principalmente as crianças, então daqui a pouco a gente completa seis anos e temos nossos clientes mirins que são fiéis ao RioMar Fortaleza que a gente conquistou essa fatia do público e são crianças que nasceram junto com o shopping que estão juntos nas pracinhas, circos, eventos e em todas as ações que a gente faz. Além disso, a gente sempre teve realmente um local de entretenimento, com show, teatro, festas, exposições culturais, isso a gente sempre gostou muito, é uma das nossas plataformas principais, é o momento da cultura e do entretenimento e hoje, conseguimos chegar na casa das pessoas exatamente com o que as pessoas vinham no shopping, então as lives já são programações que o nosso cliente já está acostumado. Continuamos sim sendo um shopping de entretenimento e valorização da cultura.

 

8. Uma palavra para o Nosso Meio: O que você acha dessa plataforma para conversar, dialogar com pessoas que fazem parte de diferentes setores do mercado?

Isso é muito importante. Tragam uma pessoa de todos os segmentos, pessoas que possam falar um pouquinho da sua história, tragam uma tapioqueira, uma rendeira, pessoas sábias e pessoas que consigam dividir. E a gente sabe que a cultura, novas ideias estão em todos os lugares, a gente tem um hábito, que vamos retomar em breve, que eu sempre tiro a equipe de marketing uma vez a cada quinze dias… A gente faz o que eu chamo de “Visita cultural”, a gente sai do shopping, vai em exposição, vai ao centro da cidade, vai assistir cinema de arte e Fortaleza oferece tanta coisa, aquela caixa cultural, o Centro de Eventos da Unifor, a Beira Mar… Tem tantos lugares, Museus, Casa de José de Alencar… Passa tanta coisa legal por Fortaleza que é uma Capital, então a gente está sempre de olho no que está acontecendo pra ir em busca sim, de novas ideias e eu acho que o Nosso Meio pode contribuir muito com isso. A gente precisa saber realmente como pensam as outras pessoas e como elas estão se reinventando principalmente agora, que a gente realmente precisa dessa troca de experiências e você assistir isso no Canal de qualidade que é comprometido com a cultura da Cidade, isso é muito legal. Então eu estou entusiasmada com esse novo canal de comunicação, contem sempre com o shopping e foi muito legal conceder essa entrevista.