13ª edição

Entrevista | Gustavo Leme e Ana Lívia Rangel sócios da Luce Consultoria

Por Redação

24/09/2024 19h09

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Em entrevista exclusiva para o Nosso Meio, sócios da Luce analisam a influência do consumidor consciente nos processos de recrutamento e gestão de pessoas das empresas

O consumidor está cada dia mais consciente. Ele sabe com clareza o que quer e o que  não quer. Sabe o que está consumindo, conhece a origem dos produtos e serviços que está adquirindo, os métodos e matérias-primas utilizadas, assim como os valores praticados pelos seus fornecedores. São por esses, e outros comportamentos, que as empresas se tornaram, ao longo dos últimos anos, orientadas para os seus consumidores (consumer oriented).

Este movimento não só impactou os departamentos de marketing, comunicação e comercial, mas também, os processos de recrutamento e seleção executiva, de desenvolvimento de líderes e as carreiras.

Para tratar deste tema, o Nosso Meio conversou com os experts Gustavo Mançanares Leme e Ana Lívia Rangel, ambos sócios da Luce – Consultoria de Recrutamento & Seleção Executiva & Estratégia em Capital Humano, que possui escritórios em Fortaleza e São Paulo.

Confira a entrevista completa:

Nosso Meio | Como os novos comportamentos dos consumidores conscientes têm impactado as organizações?

Gustavo  Leme | Os novos comportamentos dos consumidores conscientes, não só tem impacto, como tem mudado a forma como os profissionais pensam e trabalham, somado a isso, têm revolucionado a maneira como as organizações operam, independentemente dos segmentos que elas atuam. Hoje ninguém quer mais comprar um produto ou serviço, os consumidores / clientes querem comprar o que um produto ou serviço entrega de valor para melhorar as suas vidas o seu dia a dia. É bem diferente do que víamos tempos atrás. Vivemos a era da conexão e da experiência.

Nosso Meio | Como os processos de recrutamento e seleção executiva, de desenvolvimento de líderes e de autogestão de carreiras foram impactados com esta nova tendência dos consumidores?

Ana Lívia Rangel | Como disse o Sílvio Meira, em recente evento organizado pelo Nosso Meio, atuar orientado para o consumidor, é trazer as empresas para um mundo de plataformas, que habilitam comunidades em ecossistemas em que a interação e participação das pessoas se torna mais importante do que exposição às mensagens publicitárias. Estamos falando que gente interage com gente, e que por isso influencia novos hábitos e comportamentos. Sendo assim, recrutar e selecionar executivos, desenvolver líderes e gerir carreiras, deixou de ser processos rotineiros apenas do RH, e se tornou alicerce estratégico dos negócios. Sendo assim, a forma como estes processos são conduzidos mudou. Por exemplo, não dá mais para recrutar & selecionar executivos, que possuem aderência ao modelo mental orientado ao consumidor consciente, anunciando vagas e utilizando metodologias extremamente enviesadas de investigação e com péssimo nível de experiência. Não conseguimos ampliar a forma como os líderes pensam e enxergam os consumidores, usando métodos de lousa e giz, com professor e aluno. Não podemos acreditar mais em planos de carreira lineares e sim em autogestão de carreiras, onde o executivo busca de forma autônoma ampliar o seu repertório de conhecimento. Talento transforma gente que transforma negócios.  

Nosso Meio | De que forma este movimento dos consumidores reflete na cultura das organizações?

Gustavo  Leme | Este movimento está totalmente conectado com a cultura das organizações, afinal como dizia o famoso Peter Drucker, pai da administração moderna – “a cultura come a estratégia no café da manhã”. Sendo assim, uma cultura orientada ao consumidor faz com que as organizações revisitem as suas práticas, processos, símbolos, ritos, hábitos, comportamentos e até valores éticos e morais. A verdadeira alma de qualquer negócio não está no que se comunica, ela está nos valores das pessoas que trabalham nas empresas, e isso se é sentido diretamente por meio da cultura empresarial. Em virtude disso, sempre falamos aqui na Luce, que primeiro vem quem e depois o que, sendo assim, tudo começa em um bom e profundo processo de recrutamento e seleção, principalmente da liderança, afinal são eles quem sustentam a cultura.

Nosso Meio | Como a gestão baseadas em dados impacta os consumidores conscientes?

Ana Lívia Rangel | Acredito que antes de responder esta pergunta, eu faria uma outra – Vocês conhecem os seus consumidores / clientes de verdade? Afinal consumidores / clientes não são leads, são pessoas. O caminho é menos campanha, e mais conversa. Entender mais dos hábitos, interesses e necessidades de quem atendemos faz toda a diferença. Na Luce, por exemplo, nada é customizado e sim cocriado, feito junto com os nossos clientes, por isso somos uma “construtoria”, um bistrô e não uma consultoria tradicional. Para isso, as empresas devem utilizar os dados, que foram disponibilizados e autorizados pelos seus consumidores / clientes, para inovar e melhorar seus produtos e serviços e assim facilitar ainda mais a vida deles. Somado a isso, muitas empresas, por meio destes dados, aperfeiçoam os seus motores, mas também criam motores de geração de novas receitas.

Nosso Meio | Qual a sugestão que vocês dariam para os profissionais que tem o desafio de entender mais os seus consumidores / clientes? 

Gustavo  Leme | Ampliem a capacidade de empatia dos seus colaboradores, principalmente dos líderes, de antecipar as necessidades dos seus consumidores clientes  – façam eles na prática “calçarem os calçados dos seus clientes”.

Ana Lívia Rangel | Avaliem quais são as oportunidades que a sua empresa tem para potencializar a cultura organizacional, conectada e impulsionadora deste tema.