9ª edição

“Era das Máquinas Inteligentes”: Entenda a revolução tecnológica que está transformando negócios

Por Redação

18/09/2023 14h34

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Da ficção científica à realidade, as Inteligências Artificiais estão moldando empresas e consumidores em todo mundo, mas especialistas explicam que este tema é muito mais vasto do que se imagina

A inteligência artificial (IA) está se tornando a espinha dorsal de uma revolução tecnológica que está se introduzindo em uma ampla gama de setores, incluindo varejo, saúde, finanças, manufatura e outros. Ela está redesenhando fundamentalmente a maneira como as empresas operam e como os consumidores se envolvem com elas.

A relação entre organizações e colaboradores é uma das mais impactadas, positiva e negativamente – depende do ponto de vista.  Segundo o McKinsey Global Institute, as IA’s podem destruir 1,2 milhão de empregos até 2025, isso só no Brasil. No entanto, o mesmo estudo aponta que ela pode criar 1,7 milhão de empregos no mesmo período, gerando um saldo positivo de 500 mil novas vagas de trabalho.

Essas ferramentas estão automatizando tarefas que antes eram realizadas exclusivamente por humanos, liberando mão de obra para atividades mais criativas e estratégicas. Além disso, a IA está gerando novos produtos e serviços que estão redefinindo a forma como vivemos e trabalhamos. Não apenas isso, ela está gerando novas oportunidades de negócios, à medida que as empresas se adaptam a um mundo em constante mudança.

Essa adaptação, porém, pode não ser superficial como muitos enxergam. De acordo com Bernard Gaia Teixere, general manager da Coru BR, o espectro de aplicações da inteligência artificial (IA) é notavelmente vasto, indo além dos atuais Large Language Models (LLMs) – Modelos de Linguagem de Grande Escala, em tradução livre – sendo o Chat GPT o mais ilustre desse segmento de plataforma.

“Há uma visão muito ampla e aberta de onde e como a IA pode ser aplicada para auxiliar empresas e indivíduos. Vivemos ainda um hype que nos coloca em um processo criativo de discussão sobre diversos campos de aplicação dela, entretanto, navegar constantemente nessa visão genérica não gera valor ao negócio, mas sim a agilidade com experimentos reais de onde se aplicam ou não”, defende o gestor.

Para Bernard, as empresas precisam estreitar seus relacionamentos com as inteligências artificiais disponíveis com o objetivo de sair dos campos conceituais e adentrar em debates que, de fato, gerem valor. Essa escolha, contudo, deve ser tomada logo, o quanto antes possível.

“Embora você tenha a liberdade de tomar a decisão do quanto seu negócio acompanhará essa revolução promovida pela IA, o fato de não estar submerso nessa onda certamente trará mais dificuldades para a perenidade do seu negócio”, alerta o General Manager da Coru BR.

No mercado, na prática

O consultor de inteligência de mercado cientista de dados da Mining Metrics, Delano Lima, exemplifica que as IA’s podem ser imensamente úteis para a absoluta maioria das empresas, principalmente em tarefas que, realizadas por pessoas, demandam tempo excessivo além de um nível de atenção alto e contínuo.

“As marcas podem ser muito mais analíticas e precisas no seus processos de decisões. Podem conhecer os seus consumidores no nível de detalhe como nunca antes visto, a ponto de chegar a descobrir que tipo de palavra ou adjetivo vai funcionar mais para um determinado contexto, para uma campanha ou legenda”.

O também professor ainda aponta que as empresas que se propõem a investir nestas soluções já conseguem extrair muito mais conhecimento de uma única informação, tudo isso operando inteligências artificiais e outras automações. Dentro da realidade da comunicação e marketing, Delano exemplifica que as IA’s abrem grandes portas para a compreensão dos dados: “agora conseguimos acompanhar com muita mais precisão e agilidade a percepção, por exemplo, dos consumidores em relação aos produtos ou serviços oferecidos pela empresa”.

Visão holística

O Panorama de Marketing 2023 da RD Station revela que a IA é uma das principais tendências deste ano – e do futuro. De acordo com o relatório, 72% das empresas brasileiras consideram a IA importante ou muito importante para o seu negócio. O diagnóstico aponta que a personalização é uma das áreas-chave, onde as inteligências artificiais identificam os interesses e preferências dos consumidores, permitindo que as empresas personalizem ofertas e recomendações, aumentando os índices de conversão.

A eficiência da cadeia de suprimentos também se beneficia da IA, otimizando a logística e garantindo que os produtos estejam disponíveis onde e quando são necessários, o que pode reduzir os custos operacionais e evitar atrasos nas entregas. Além disso, estas ferramentas estão automatizando tarefas repetitivas, como processamento de pedidos e atendimento ao cliente, o que não apenas reduz os custos trabalhistas, mas também melhora a eficiência.

Neste sentido, Bernard enumera alguns casos de grandes empresas que já utilizam estas tecnologias e obtém resultados positivos, como Nubank, Ifood, Mercado Livre e NotCo. O especialista aponta que estes são apenas os primeiros de muitos.

“Esse número crescerá exponencialmente e também chegará nas pequenas e médias empresas”, assegura.

Medo e ansiedade: como os profissionais veem o futuro

Que as IA’s vão estar intrinsecamente ligadas ao mundo dos negócios em breve, não resta dúvidas. Mas o debate se estas mudanças são positivas ou negativas ainda está em aberto. O mercado de trabalho, por exemplo, será um dos contextos mais modificados pelo desenvolvimento das tecnologias. Uma pesquisa da YouGov, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line, realizada em 18 mercados internacionais, mostra quais setores da economia temem ser substituídos total ou parcialmente pela Inteligência Artificial.

A indústria de manufatura lidera em termos de preocupações, com 19,2% de seus funcionários acreditando que a IA poderá executar a maioria de suas tarefas. Em segundo lugar, encontramos o setor de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, com 16,5% demonstrando receio em relação a essa possibilidade. Há, no entanto, um contraponto considerável quando considerados os médicos e os funcionários do setor de transporte e distribuição. Eles são os mais confiantes de que a IA não poderá substituí-los em nenhum momento. 27,5% e 24,5% dos funcionários desses setores, respectivamente, afirmam que a IA não será capaz de realizar suas tarefas de forma satisfatória.

David Eastman, diretor-geral e comercial da YouGov na América Latina, ressalta que nem todas as categorias têm medo das inteligências artificiais. Há, inclusive, quem aponte que utilizará delas no dia a dia.

“Quase três em cada 10 funcionários do setor de mídia e publicidade, bem como um quarto dos trabalhadores do setor jurídico, afirmam que ela poderia realizar algumas tarefas complementares ao seu trabalho, em vez de substituir suas atividades diretas”, explica.

Prepare-se

Todos estes dados convergem numa afirmação quase inevitável: a maioria dos profissionais vai passar a conviver com as IA’s, seja a curto, médio ou longo prazo. A grande diferença no resultado alcançado por cada empresa ou pessoas vai ser o quão preparado se está.

“A preparação é sempre importante. Desde estar atento às notícias até cursos sobre IA – que brotam agora todos os dias -, preparar-se intelectualmente é uma constante para qualquer gestor e profissional”, relembra Bernard.

O general manager ainda reafirma que ninguém deve remar contra a maré.

“Um profissional que coloca ‘poréns’ nas inteligências artificiais possivelmente estará no ‘barco’ dos reticentes e pessimistas,ficando fora do percurso daqueles que irão abraçar e liderar um era em que a tecnologia sirva aos negócios”, ratifica o gestor que ainda complementa: “tecnologia é meio para os negócios, e não um fim em si mesma”.

De fato, a “Era das Máquinas Inteligentes” representa uma revolução tecnológica de proporções épicas. As Inteligências Artificiais estão redefinindo a forma como as empresas operam e como os consumidores interagem com o mundo ao seu redor. No entanto, é crucial compreender que esse fenômeno abrange muito mais do que nossos olhos podem captar à primeira vista. À medida que exploramos as complexidades dessa transformação, mergulhamos em um novo universo de possibilidades e desafios, moldando o amanhã de maneiras que apenas começamos a vislumbrar.