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Estudo revela que mais da metade dos influenciadores sofrem de burnout

Por Victor Campos

23/07/2025 14h59

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Instabilidade financeira, fadiga criativa e cargas de trabalho exigentes estão entre os fatores que mais afetam a saúde mental dos creators

O mercado de influência vive uma crise silenciosa: mais da metade dos criadores de conteúdo (52%) afirmam estar sofrendo de burnout, e 37% cogitam abandonar a carreira. É o que aponta uma pesquisa global realizada pela agência Billion Dollar Boy, que entrevistou 1000 influenciadores e 1000 profissionais de marketing seniores, revelando um panorama preocupante sobre o bem-estar emocional de quem vive da criação de conteúdo.

Segundo o estudo, as principais causas desta onda de burnout são a fadiga criativa (40%), cargas de trabalho exigentes (31%) e tempo de tela constante (27%). Apesar disso, quando questionados sobre a classificação dessas causas por gravidade, a instabilidade financeira surge como o fator número um (55%) entre aqueles que sofrem com a síndrome do esgotamento profissional. 

Caracterizado pela exaustão extrema, os efeitos do distúrbio emocional se propagam para fora do corpo. Três em cada cinco creators (59%) afirmam que ele está tendo um impacto negativo em suas carreiras e 58% afirmam que está afetando seu bem-estar geral. 

“O burnout entre criadores de conteúdo não é apenas uma questão individual, mas um reflexo da estrutura do próprio mercado. A lógica de performance que domina as redes sociais cria um ambiente de cobrança permanente. O influenciador não pode simplesmente ‘desligar’ — ele é a marca, o produto e o canal, tudo ao mesmo tempo”, explica Fabio Gonçalves, diretor de talentos brasileiros e norte-americanos da Viral Nation e especialista em marketing de influência.

“A validação digital virou o combustível para muitos, e isso cobra um preço alto. O criador vive conectado, criando roteiro, respondendo seguidores, entregando e produzindo conteúdo, criando roteiro… Quando não há uma rede de apoio, uma equipe ou planejamento estruturado, o cansaço mental chega rápido”, completa o profissional.

Outro ponto destacado pelo profissional é que, apesar de haver muitas regalias no sentido de flexibilidade de horário e presença em eventos importantes, a profissão ainda tem características de um emprego tradicional.

“Muitas pessoas esquecem que a função exige atenção, que não tem sábado e domingo, exigindo uma carga horário grande e bem desgastante. Diversas marcas chegam com deadlines curtíssimos e o influenciador precisa se virar para entregar, porque aquela pode ser a única renda dele no mês”, explica.

O papel das agências vai muito além da gestão comercial, envolve também acolher emocionalmente o influenciador, ajudá-lo a estabelecer limites e desenvolver estratégias sustentáveis de criação.

“Precisamos construir um ecossistema que valorize a saúde mental tanto quanto o alcance de uma campanha. Aqui na Viral Nation, temos investido em suporte psicológico, mentorias de autocuidado e planejamento estratégico de conteúdo para que os criadores consigam equilibrar resultados com bem-estar”, explica o especialista. 

Não à toa, a mesma pesquisa revela que 68% dos influencers acreditam que agências têm a responsabilidade de proteger seu bem-estar, bem como as marcas e plataformas. No entanto, o apoio ainda não parece condizente, já que apenas 49% dos influenciadores sentem que estão recebendo um suporte adequado das agências.

Por isso, o executivo acredita que a profissionalização do setor passa também pelo cuidado com as pessoas por trás das telas.

“É nossa responsabilidade como agência oferecer estrutura, direcionamento e suporte humano. O futuro do marketing de influência será das marcas e creators que entenderem que saúde mental não é um detalhe e sim um pilar para a longevidade e relevância na internet”, finaliza.

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