Lia Carvalho e Ana Quezado, executivas em foco desta edição, abordam este novo cenário que se desenha para o presente e futuro, e compartilham suas experiências como gestoras que vivenciam estes processos de transformação, destacando a importância de compreender as novas conjunturas organizacionais para promover um ambiente inclusivo e produtivo.
Nosso Meio: Na sua trajetória profissional, você já vivenciou inúmeros processos no meio da comunicação. Como você enxerga esse novo ambiente no mercado onde temos mais de 3 gerações trabalhando juntas?
Ana Quezado: A convivência de múltiplas gerações no mercado de trabalho é um fenômeno enriquecedor. Com mais de 30 anos de experiência na área de comunicação, tenho observado que essa diversidade traz vasta gama de perspectivas e habilidades, que, quando bem integradas, potencializam a inovação e a criatividade. A capacidade de adaptar-se a essa nova realidade é fundamental para qualquer profissional que deseja manter-se relevante no mercado.
Lia Carvalho: Hoje temos a grande oportunidade de trabalhar com diversidade. Esta fase de intergeracionalidade proporciona uma troca rica de ritmos, formas de pensar e propósitos. Aprender todos os dias e ensinar são coisas muito importantes, embora pareçam óbvias para uma geração e não sejam para outras. Passei por algumas indústrias que precisaram ouvir as novas gerações para se libertarem de antigas formas de conduzir o negócio. Afinal, a inovação muitas vezes vem de pontos de vista diferentes e experiências diversas.
Nosso Meio: Quais estratégias você considera que são principais na hora de liderar e gerir uma equipe intergeracional?
Ana Quezado: A primeira coisa a se ter em mente é não buscar uma padronização. Considero crucial implementar uma comunicação clara e acessível a todos. É importante valorizar as contribuições individuais, reconhecendo as competências únicas de cada geração. Promover a mentoria cruzada, onde profissionais experientes e novatos compartilham conhecimentos, é outra estratégia que fortalece o grupo e fomenta o respeito mútuo.
A vivência no ramo é importante para nortear caminhos, mas o olhar mais atento às questões do mundo contemporâneo da geração mais jovem são ingredientes fundamentais para pensarmos soluções inovadoras para os problemas de comunicação que se apresentam nos dias atuais.
Lia Carvalho: Três coisas são inegociáveis para unir essas gerações: propósito claro, foco no processo de escuta e desenvolvimentos das pessoas. Para liderar e gerir uma equipe intergeracional de forma eficaz, é fundamental adotar diversas estratégias que levem em consideração as diferenças de experiência, habilidades e expectativas. Essa diversidade permite que a equipe encontre soluções mais criativas e eficazes para os desafios que enfrenta.
Nosso Meio: Dentro da sua área de atuação, como você descreve a adaptação às mudanças e a dinâmica profissional em um ambiente intergeracional?
Ana Quezado: Iniciei minha carreira profissional ainda no mundo analógico e ao longo dos anos vivenciei as transformações do trabalho e no fazer comunicação com os avanços tecnológicos. Processos de mudanças são difíceis, pois nos deslocam da nossa zona que de certa forma já dominamos. Contudo, precisamos estar cientes de que não podemos (e nem devemos) lutar contra as novas realidades que se apresentam. Me parecem irreversíveis.
A adaptação às mudanças em ambiente intergeracional requer postura aberta e flexível. Na área de comunicação e marketing, é necessário estar sempre aprendendo e se atualizando, pois as tecnologias e as tendências evoluem rapidamente. Encorajar a equipe a trocar conhecimento, proporcionar formação permanente e explorar novas ferramentas e métodos é parte essencial dessa dinâmica.
Lia Carvalho: Sou da geração Millennials, mas muitas vezes me pego pensando como um jovem da Geração Z ou como alguém da geração prateada. A questão das gerações está intimamente ligada ao ambiente, estilo de vida e referências. No entanto, uma coisa é certa: hoje, 1/3 da população é da Geração Z, e temos muito a aprender com ela. É uma geração mais preocupada com o fim do mundo do que com o final do mês. Uma geração que acredita no compartilhamento como forma de crescimento. Por outro lado, temos uma geração prateada cada vez mais ativa e disposta a viver novas experiências. Para pensar no produto shopping o que não podemos fazer é deixar de aprender. Eu particularmente adoro o termo “eterno aprendiz”, pois o mundo é dinâmico e sempre há algo novo para aprender.
Nosso Meio: Quais suas expectativas futuras no ambiente de comunicação e marketing visando um mercado de trabalho cada vez mais plural?
Ana Quezado: Minhas expectativas são altamente positivas. Vejo um mercado cada vez mais inclusivo e diversificado, em que a pluralidade de vozes e experiências enriquece o conteúdo e as estratégias de comunicação. Espero que as empresas continuem a valorizar e a explorar essa diversidade, transformando-a em um diferencial competitivo. Nesta “mistura”, todos ganham.
Lia Carvalho: Quando a gente fala de comunicação nesse mercado cada vez mais plural, a gente precisa valorizar cada vez mais a diversidade, a inclusão das pessoas e a forma como a gente representa as pessoas na comunicação, porque quanto mais o cliente se vê nessas novas formas de comunicação, mais a gente consegue tocar o coração através da emoção, e isso precisa ser transparente e genuíno. Então, as marcas precisam se posicionar, com um trabalho muito sério dentro das empresas, para que elas tenham segurança em levantar bandeiras, porque não se posicionar é se posicionar também. É um trabalho que precisa ser feito de dentro para fora, porque a comunicação é só a pontinha do iceberg que chega para o cliente.
Nosso Meio: Como os profissionais de mídia podem aproveitar a diversidade geracional para promover uma maior compreensão e cooperação entre diferentes grupos etários na sociedade?
Ana Quezado: Os profissionais de mídia têm oportunidade única de utilizar a diversidade geracional para promover maior compreensão e cooperação entre diferentes faixas etárias. Isso pode ser alcançado por meio da criação de conteúdo que respeite e reflita as diversas perspectivas de vida, além de incentivar a participação ativa de todas as gerações no diálogo social.
Lia Carvalho: Está é uma área que vai ter cada vez mais desafios. Antes tínhamos poucos canais para comunicar, agora estes canais se multiplicam, e as gerações também se confundem no sentido de jornada, mas por outro lado a gente possui cada vez mais dados. Então, vejo como uma grande oportunidade, porque estamos com mais possibilidades na mão para se fazer uma comunicação certa para pessoas certas, e tendo a certeza que essa comunicação chegou ao destino, com tecnologia e inovação que consegue trazer cada vez mais leituras e jornadas mais mapeadas de nossos clientes.
Nosso Meio: Como você acredita que a mídia pode desafiar estereótipos e preconceitos relacionados à idade e promover uma representação mais equitativa de todas as gerações na sociedade?
Ana Quezado: A mídia desempenha papel crucial no desafio aos estereótipos e preconceitos relacionados à idade. Para promover representação mais equitativa, é fundamental produzir materiais que destaquem as capacidades e contribuições de todas as gerações, evitando clichês e generalizações. Iniciativas que incentivem a inclusão e a visibilidade de grupos frequentemente subrepresentados podem transformar positivamente a percepção pública e fomentar uma sociedade mais justa e igualitária.
Lia Carvalho: Dados! O marketing se beneficia enormemente da disponibilidade e da capacidade de análise de dados para compreender cada vez melhor as necessidades e interesses dos clientes. A análise desses dados permite às empresas entenderem melhor quem são seus clientes, o que eles desejam, como preferem ser abordados e quais são seus pontos de dor. Isso possibilita a criação de campanhas de marketing mais direcionadas e eficazes, que geram resultados mais positivos. Além disso, o uso inteligente dos dados também permite às empresas identificarem tendências de mercado, anteciparem-se às demandas dos consumidores e até mesmo personalizarem suas ofertas de acordo com o perfil de cada cliente. No mercado atual, uma das coisas mais importantes que um profissional de marketing pode fazer é envolver os clientes de forma ativa no processo de tomada de decisão. Isso vai além de simplesmente ouvir o feedback dos clientes; trata-se de dar voz a eles e utilizar suas opiniões e experiências para orientar as estratégias de marketing.
Um profissional de marketing eficaz deve estar disposto não apenas a ouvir, mas também a agir com base no retorno dos clientes, permitindo que suas necessidades e preferências orientem as decisões da empresa. Isso pode significar desde ajustes nas campanhas de marketing até mudanças nos produtos ou serviços oferecidos, garantindo assim que a empresa esteja sempre atendendo às expectativas e demandas do seu público-alvo.