O encadeamento geracional é um componente essencial da história passada, presente e futura. Não é justo nem humano que uma geração se permita explorar os recursos de forma insustentável, comprometendo a geração atual e futura. O ser humano é capaz de escolhas que demonstrem responsabilidade com a própria vida e corresponsabilidade pela vida do outro. Aí nasce o bem comum, fundamental para uma sociedade civilizada, com a missão de garantir a sustentabilidade social, econômica e ambiental.
Essa preocupação hoje é internacional. A partir da conferência do RIO 92, o mundo corporativo começou a tomar consciência da realidade. Muitos manifestos e cartas de compromisso foram gerados, com algumas instituições promovendo agendas, como a ONU. As empresas estão engajadas em um movimento emergente, comprometendo-se com ESG (Ambiental, Social e Governança). Além disso, há uma ênfase na economia verde e na transição energética de fontes fósseis para renováveis, bem como na economia circular.
Um novo estilo de vida se impõe quando o mercado começa a exigir um consumo responsável, o que demanda novas políticas públicas e um maior compromisso das organizações públicas e privadas.
O encontro de gerações é uma força, uma energia social que deve ser incentivada para que o enfoque intergeracional possa gerar soluções de curto, médio e longo prazo.
Hoje, não basta que uma empresa gere lucro para seus acionistas; é fundamental que os líderes demonstrem preocupação em construir um mundo melhor e sustentável. Esse deve ser o caminho das gerações mais responsáveis e comprometidas com o futuro, evitando desastres ecológicos e ambientais que nos tiram o sono.
Um consumo responsável, aliado ao protagonismo empresarial com políticas públicas eficazes, é a esperança para construir pontes entre gerações e alcançar resultados de impacto para uma ecologia humana e ambiental.
A expressão “ecologia humana” tem sido bastante valorizada. Há, inclusive, uma encíclica escrita pelo Papa Francisco, a Laudato Si, que ilumina muito a sustentabilidade do planeta. Nós precisamos zelar pela natureza e por tudo aquilo que será utilizado pelas próximas gerações, mas também precisamos iniciar esse ciclo protegendo e cuidando das pessoas. Pelo fato de sermos relacionais, ao cuidarmos da natureza, do ambiente e do nosso futuro, também precisamos cuidar um do outro e daqueles que virão. Esse cuidado é o que gera um compromisso e um valor inalienável, pois não devemos viver apenas para usufruir de tudo como se o mundo fosse acabar em nós, como se o mundo tivesse sido criado para nós e pudéssemos tirar tudo dele sem nos preocuparmos com os outros que virão, bem como com os que vivem na nossa mesma geração.
Presenciamos catástrofes, como a ocorrida no Rio Grande do Sul, e começamos a aceitar o fato de que as mudanças climáticas e a falta de cuidado demonstrada em relação ao meio ambiente são reflexos de nossos atos.
Necessitamos assegurar um futuro sustentável e, para isso, precisamos reconhecer e valorizar as contribuições de todas as gerações para podermos construir um mundo mais próspero para todos.
Sobre Carlos Matos:
Carlos Matos é um administrador, empresário e político cearense. Licenciado em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), e pós graduado em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona (UB).
Atualmente, Carlos é CEO da Trainer DG, uma empresa de Desenvolvimento e Gestão, e da Solarisa Brasil, uma empresa de Energia Solar. Na gestão pública do Estado do Ceará foi Deputado Estadual (2015-2018); foi Secretário de Agricultura Irrigada do Estado do Ceará e, na sequência, Secretário de Agricultura e Pecuária (1999-2002 e 2003-2006), contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do Estado do Ceará, através de projetos que impactaram a vida de milhares de cearenses, tais como: Projeto Milhão, Projeto Agropolos, Projeto Caminhos de Israel, Projeto Sertão Vivo, Projeto Flores e Rosas do Ceará, dentre outros.