É um erro pensar que uma marca ou pessoa publica não pode ser atingida por uma crise. Qualquer um está sujeito a problemas envolvendo sua imagem. Afinal, a reputação das marcas se tornou muito mais vulnerável do que era até meados da década de 90. Dois fatores contribuem para isso. O primeiro é a velocidade na transmissão de notícias e informações. O segundo, o grande poder de influência daquilo que é veiculado em mídias sociais.
Na última segunda-feira, 7, durante a última edição do programa ‘Flow Podcast’, junto aos convidados e deputados Tábata Amaral e Kim Kataguiri, o apresentador Monark, apelido de Bruno Aiub, defendeu uma ideia de ‘liberdade de expressão’ em que fosse permitida a existência de um partido nazista.
“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião […] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark.
O podcaster logo foi rebatido por Tábata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, disse a parlamentar.
https://www.youtube.com/watch?v=4Ckbv38-tlE
É importante destacar que no Brasil é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.
Repercussão
A repercussão das falas de Monark já começou a render prejuízos ao grupo. Em comunicado, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ) retirou do Flow Sport Club, programa de esportes da empresa, os direitos de transmissão do campeonato carioca de futebol. Outras marcas também retiraram o patrocínio da empresa. Além disso, o ex-jogador de futebol e ídolo do Flamengo, Zico, que ia dar entrevista ao podcast, cancelou a ida ao programa. Outros convidados pediram para retirar suas participações do canal do youtube. No final do dia do ocorrido, os estúdios Flow anunciaram que Monark foi “desligado dos Estúdios Flow” — segundo a GQ Brasil, o podcaster também deixará de ser sócio da empresa.
Segundo Mônika Vieira, jornalista e idealizadora da Inspira! Comunicação, o movimento das marcas de se posicionar publicamente sobre o ocorrido, representa a preocupação de não atrelar a imagem do apresentador com seus negócios.
“Quando uma marca corporativa apoia uma marca pessoal, é preciso analisar o que aquela pessoa vai agregar ao seu negocio, e também quando é a hora de desfazer o apoio, porque essas pessoas se tornam garotos propagandas das marcas empresariais, e depois fica difícil desvincular uma imagem da outra. Nenhuma marca quer seu nome atrelado a polemicas”, comenta.
A jornalista afirma ainda, que os influenciadores digitais precisam ponderam suas falas na internet, já que com a rapidez das redes, é cada vez mais difícil controlar os posicionamentos e suas consequências.
“É necessário ter cautela para na hora de se posicionar, para não prejudicar sua marca pessoal, e por consequência, as marcas empresariais atreladas a sua imagem. Uma unica fala errada é capaz de destruir anos de trabalho de alguém”
Monika lembra o papel importante da equipe de comunicação na hora do gerenciamento de crise. Segundo ela, os assessores precisam acreditar no projeto e colocar sua credibilidade junto ao cliente para iniciar o processo de gerenciamento.
“O jornalista tem como principal função reunir todos os dados técnicos necessários para entender o cenário, e depois analisar junto com o cliente o ocorrido. Fazer o cliente perceber o erro, fazer um pedido publico de desculpas e pensar em muitas formas de resgatar essa imagem positiva. Na maioria das vezes, é um trabalho de anos e anos, com muito esforço e dedicação”, finalizou.
VEJA ALGUNS PRONUNCIAMENTOS OFICIAIS:
Ver essa foto no Instagram
Nota de esclarecimento. pic.twitter.com/AqaD4IztRI
— Ragazzo (@Ragazzo) February 8, 2022
O iFood não mantém mais relação comercial com o Flow.
Nossa decisão de encerrar o patrocínio com o podcast foi tomada, de forma definitiva, em novembro de 2021.
— iFood (@iFood) February 8, 2022
Comunicado importante ? pic.twitter.com/vuA5OmhhsO
— Bis ? (@LactaBis) February 8, 2022
A @FFERJ, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo… + pic.twitter.com/HoVYQryO1F
— Cariocão Betfair 22 (@Cariocao) February 8, 2022
Discordamos e repudiamos veementemente as declarações e ideias expressas durante o último Flow Podcast, transmitido nesta segunda-feira (7). Elucidamos ainda que não somos patrocinadores do podcast, tendo feito no passado somente uma ação pontual e isolada.
— pumabrasil (@pumabrasil) February 8, 2022
Ver essa foto no Instagram
Ver essa foto no Instagram