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Igualdade no esportes: atletas cearenses compartilham experiências sobre representação feminina no futebol

Por Luiza Sampaio

28/07/2023 16h22

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Pesquisa aponta 8 em cada 10 pessoas de todos os gêneros consideram crucial fornecer a atletas mulheres o mesmo nível de cobertura midiática que seus colegas homens recebem

Com o andamento da Copa do Mundo Feminina 2023, a iStock, plataforma de e-commerce, divulgou um estudo em que apenas 9% dos conteúdos visuais mais baixados representam mulheres e garotas ativamente participando de esportes. Em contato com as atletas do futebol cearense, os resultados da pesquisa mostraram ser reflexos da realidade. 

Convocada para a Seleção Brasileira de Futebol, Mirela Rodrigues, atua como lateral esquerda do Fortaleza Esporte Clube. A jogadora conta como as imagens possuem influência dentro da construção do imaginário popular sobre o futebol feminino. Apesar de julgamentos, hoje a atleta profissional é bem mais respeitada e conhecida, como podemos ver na Copa do Mundo. 

“Acho que ainda temos muito a melhorar, existe uma desigualdade comparado ao masculino mas estamos no caminho”, destaca a atleta

“É um começo, estamos engatinhando mas já é notório uma melhora sim. Com os jogos sendo transmitidos e nas redes sociais aumentando a visibilidade, eu acredito que pessoas que não costumavam assistir aos jogos de futebol feminino vão se interessar mais pelos jogos e pelo empenho das atletas brasileiras. Levando pra frente que com mais investimento o futebol feminino só tem a crescer”, complementa. 

De acordo com os especialistas visuais da iStock, os resultados da pesquisa falham em refletir a expectativa do consumidor a respeito da representação visual de mulheres no esporte. A pesquisa indica que 90% dos brasileiros concordam que organização e negócios de todos os tamanhos deveriam se esforçar para promover estrelas dos times femininos. Além disso, não é suficiente apenas aumentar a representação, a partir dos 85% das pessoas que esperam ver retratos autênticos de atletas mulheres em que destacam suas habilidades e atletismo, e não o foco em beleza, glamour ou apelo sexual.

Sobre as lembranças do que via de futebol feminino em sua infância, Malu, volante do Ceará Sporting Clube, conta que tinham poucas atletas como referência.

“No início da minha carreira, eram poucas as atletas tidas como referência, até pelo espaço na mídia, mas ainda não nomes muito fortes: Cristiane, Marta, Formiga, que eram grandes nomes mundialmente. Infelizmente, elas tinham pouca mídia, não tinham o espaço que as atletas têm hoje, mas eram elas”, conta. 

Apesar de ser atleta e viver do futebol como profissão, Malu, afirma se sentir pouco representada no meio e na mídia, mas que percebe uma certa evolução ao longo dos anos. 

“Posso dizer que me sinto pouco representada porque em locais como lojas esportivas, programas esportivos você não vê tanto as atletas, é lógico que muito mais do que há algum tempo, mas você vê muito mais modelos representado equipes femininas em lançamentos de camisas, materiais de publicidade. É bem verdade que muitas equipes já utilizam suas atletas, mas ainda é um mundo muito mais artístico do que atlético”, critica.

A pesquisa VisualGPS ainda revela uma busca intensificada para engajar com os esportes na categoria feminina, uma vez que quase 9 em cada 10 brasileiros de todos os gêneros consideram crucial fornecer a atletas mulheres o mesmo nível de cobertura midiática que seus colegas homens recebem. 

Os patrocinadores esportivos estão observando, a partir dos dados do Sponsor United, o crescimento global de 20% nos patrocínios do esporte feminino em 2022. Além disso, a Copa do Mundo feminina já vendeu cerca de um milhão de ingressos, ultrapassando as vendas totais no campeonato da França 2019, resultando em prova concreta do crescimento do apoio ao esporte feminino.

Para apoiar pequenos negócios no setor de marketing do cenário esportivo feminino, os especialistas visuais da iStock propõe as seguintes recomendações:

  1. Escolha visuais com representações das habilidades atléticas e ações em ‘momentos-chave’ de mulheres atletas, ao invés de focar na aparência, e assim, evitando a sexualização de seus corpos.
  2. Images e vídeos que mostram a realidade das mulheres e garotas no esporte, tanto em nível de elite como de base, e criam um envolvimento profundo.
  3. Procure por visuais que incluam equipe de suporte feminina (treinadoras, por exemplo), uma vez que promove uma representação mais compreensiva de poder, habilidade e envolvimento sustentado das mulheres no esporte como um todo.
  4. Pense em utilizar visuais com uma ampla possibilidade de emoções além da alegria, como a raiva, decepção, determinação, frustração, amor, dor e felicidade.
  5. Não esqueça de mostrar a representação de todos os gêneros torcendo pelo esporte feminino e aproveite o forte senso de comunidade presente neste contexto.
  6. Acima de tudo, garanta que o seu conteúdo visual representa diversidade a partir da idade, etnia, habilidade e corpos reais nos esportes que está mostrando.

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