Que a inteligência artificial (IA) está promovendo uma evolução na indústria de comunicação e marketing, isso já não é mais novidade. No entanto, ainda é certo que na era dos creators, sai na frente quem tem um conteúdo autêntico e original capaz de estabelecer uma forte conexão com a comunidade. Mas, afinal, quem é o autor dos conteúdos que estão sendo consumidos por milhares de pessoas diariamente?
Um estudo publicado pela consultoria McKinsey revelou que a inteligência artificial pode gerar um impacto econômico anual na faixa de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões no mercado global. Dentre as ferramentas que vêm surgindo, além de textos, já é possível gerar imagens, áudios e até vídeos com o auxílio da tecnologia. Diante dessa crescente, fica o questionamento: quais são os limites da IA na produção deste conteúdo?
Diogo Cortiz, professor e doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP, avalia que a inteligência artificial não está aí para competir com as habilidades humanas, mas veio para somar. “A inteligência artificial vem se somar a uma caixa de ferramentas que a gente tem, e quando a gente está falando de criatividade e originalidade humana, a IA pode ser uma grande ferramenta de insights, de transformação e de materialização. Então, eu acho que ela é uma ferramenta que pode potencializar a criatividade e a imaginação humana”.
No entanto, o especialista provoca uma reflexão acerca do efeito colateral que essa tecnologia pode trazer. “A gente tem que pensar um limite, traçar uma linha entre o que é uma coautoria com a máquina e o que é a preguiça humana. Se eu parar de pensar e criar junto com a máquina e só pedir para ela fazer para mim, isso pode começar a atrofiar a própria criatividade humana, e não é isso que a gente quer.”, destaca Cortiz.
Política de uso da IA para jornalistas
Seguindo uma tendência global, o Grupo Estado, um conglomerado de mídia brasileiro, divulgou em novembro do ano passado sua política referente à utilização de ferramentas de inteligência artificial nas redações. Esse documento tem como objetivo estabelecer diretrizes precisas sobre a aplicação dessas ferramentas na produção de conteúdo editorial.
“As capacidades de automação e de análise das IAs podem proporcionar maior eficiência e aprimoramento em diversas etapas do processo editorial. Apesar disso, temos também plena consciência de que existem riscos inerentes ao uso indiscriminado de tais ferramentas, sobretudo em uma atividade tão essencial para a manutenção do Estado Democrático de Direito quanto a Imprensa”, diz o documento.
A política do grupo veta o uso de IA para gerar fotos, ilustrações, vídeos ou áudios. Além de reforçar a necessidade de supervisão e revisão humana em todos os processos.
Otimização, criatividade e inovação
Na esfera do Marketing de Influência, o uso da inteligência artificial serve para otimizar ideias e tempo na criação. A Impulsione Comunicação, uma das agências de assessoria de imprensa e relações públicas pioneiras no Ceará a incorporar o serviço em seu portfólio, tem utilizado diferentes ferramentas na execução dos processos internos, passando pela curadoria até chegar na análise dos resultados.
“A inteligência artificial desempenha um papel fundamental no acompanhamento em tempo real dos resultados do conteúdo e na geração de relatórios que reúnem métricas. No entanto, a intervenção humana está em cada um desses processos.”, ressalta Isabella Purcaru, sócia-fundadora da Impulsione Comunicação.
Destaque por sua espontaneidade nas redes sociais, a cearense Mila Costa (@nocasomila) compartilha com o público uma “sátira da vida adulta e comum”, como ela mesma descreve na sua bio no Instagram. A digital influencer que acumula mais de 600 mil seguidores enxerga a inteligência artificial como uma ferramenta de apoio ao creator e não como uma substituição à criatividade humana.
“A IA veio como uma ferramenta para otimizar as produções de conteúdo dos creator, além de auxiliar de forma inovadora e prática. Quem é original e criativo não vai deixar de ser, vai saber ser inteligente e utilizar a IA de forma a complementar o conteúdo e ajudar a melhorar um vídeo ou foto. A inteligência artificial não consegue replicar a pessoalidade e a forma com que nós nos comunicamos. Com a IA ao nosso favor, os creators têm um instrumento a mais para inovar”.
A criadora de conteúdo de moda, Letícia Diógenes, completa: “nossa criatividade está muito ligada às nossas referências emocionais, sentimentais, questões conceituais mesmo, e a máquina não vai conseguir aplicar tudo isso com precisão. Eu vejo a inteligência artificial como aliada na otimização do tempo”.