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Jade Picon e Arezzo: Estratégias de campanhas negativas valem a pena? Especialista em marketing de moda comenta

Por Redação

29/09/2022 11h28

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A marca de calçados Arezzo lançou, na semana passada, uma coleção inspirada na ancestralidade e estampas africanas. No entanto, foi esta semana que a campanha repercutiu, negativamente, nas redes sociais.

 

Isso porque a garota-propaganda é Jade Picon, que é branca. A coleção faz parte da comemoração dos 50 anos da empresa. Para a celebração, a Arezzo fez parceria com cinco nomes da moda brasileira, que foram convidados a reinterpretar modelos de sapatos ícones de cada década, começando nos anos 1970.

 

Uma das parcerias é a marca de roupas de Salvador, Meninos Rei, que, segundo descrição do próprio site, tem como proposta “enaltecer nossa cultura ancestral e celebrar a valorização da nossa raça”.

 

 

Em uma das postagens divulgando a peça nas redes sociais, a Arezzo usa a palavra “representatividade”. Tanto a marca quanto Jade foram acusadas de racismo: a marca por escolher uma modelo branca para as fotos da campanha de um produto com referências à cultura africana, e Jade por não se recusar a participar da ação. 

 

Nas redes sociais, usuários acusaram a marca de racismo por usar uma garota-propaganda branca para ilustrar uma coleção baseada na moda africana. Todo o burburinho em torno do assunto gera o questionamento: colocar uma famosa branca para representar um produto com referências africanas é ingenuidade ou estratégia de marketing?

 

Para Rayssa Thomaz, especialista em marketing de moda e CEO da Agência Yssa, amadorismo e comodidade podem ser os responsáveis por falhas desse tamanho. 

 

“De fato, existem marcas muito acomodadas. Acredito que o assunto possa até ter surgido internamente, mas a marca preferiu “pagar o preço” para gerar ‘buzz’ negativo, o que é bastante comum hoje em dia. Mesmo sem querer, isso demonstra um amadorismo muito grande. Essas são pautas cada vez mais faladas, e é de extrema importância ter pessoas envolvidas nesse processo que tenham lugar de fala para tomada de decisão final”, comenta. 

 

Após a repercussão,  Arezzo divulgou o seguinte comunicado:

 

“Em setembro de 2022, a Arezzo comemorou 50 anos e, entre uma série de iniciativas, convidou 5 novos talentos da moda brasileira para reinterpretar um modelo clássico da marca de cada década. Uma das marcas colaboradoras deste projeto foi a Meninos Rei, dupla de estilistas pretos e baianos, que recriou um dos modelos mais conhecidos da Arezzo, a sandália Anabella, representada em campanha por duas vozes femininas brasileiras – Clara Buarque, atriz e cantora (filha de Carlinhos Brown) e Jade Picon, influenciadora e atriz. A coleção e campanha não foram construídas com o tema de homenagem a mulheres africanas, mas de uma representação dos 50 anos da Arezzo, com o DNA criativo de cada marca participante do projeto. Em toda a campanha de Arezzo 50 anos, estiveram presentes outras mulheres negras, como Sheila Bawar (modelo), Cecilia Chancez (cantora) e Malia (cantora)” 

 

A especialista em marketing de moda lembra ainda que o mercado pede cada vez mais pessoas reais e com vozes fortes. Que é necessário pautar estratégias que vão muito além da estética, mas que possuem profundidade, relevância e senso de comunidade.  

 

“Acredito que a influenciadora foi mal assessorada, mas a responsabilidade maior é da marca que pensou no casting, branding e comunicação da campanha”, enfatiza. 

 

Para finalizar, Rayssa afirma que a melhor forma de evitar casos como este, é estabelecer percentuais de verbas e profissionais engajados com a causa. 

 

“Dentro do planejamento de marketing da marca deve ser estabelecido um percentual obrigatório de ações e pessoas que possam trazer esses assuntos com mais propriedade: Avaliar o percentual de pessoas negras nas campanha e até peceber quantos colaboradores da equipe são negros. Essas pautas devem estar no DNA das empresas, para que as campanhas tenham profundidade, relevância e senso de comunidade”, finaliza. 

 

Veja a repercussão da campanha nas redes sociais:

 

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