O Head de Conteúdo e Inovação na Marketing Management Association (MMA Global) e Editor de Tecnologia e Inovação na Forbes Brasil compartilhou sua análise sobre o posicionamento das marcas a partir da apropriação das mais recentes camadas digitais
Após o Keynote de abertura de Martha Gabriel, a manhã do segundo dia do RD Summit 2022 (quinta-feira, 27) seguiu dedicada à discussão sobre o metaverso. Luiz Gustavo Pacete, Head de Conteúdo e Inovação na Marketing Management Association (MMA Global) e Editor de Tecnologia e Inovação na Forbes Brasil garantiu a continuidade da temática, trazendo um olhar mais antropológico sobre tecnologia e inovação.
Confira entrevista exclusiva do Luiz Gustavo Pacete para o Nosso Meio TV:
Na prática, qual o impacto do metaverso no mundo do trabalho? O que o profissional de Marketing deve levar em consideração na hora de sugerir uma estratégia que incorpore mundo 3D, realidade virtual, realidade aumentada, games e muito mais para a sua marca?
A cultura digital que está se estabelecendo ao longo do tempo vai bem além dos produtos e serviços atuais da empresa Meta, é o que explica Pacete. O gráfico acima demonstra que a discussão é bem mais antiga do que parece. Aliás, deixa claro que as conversas em torno das tecnologias mudam de acordo com os avanços dados até aqui no que tange o amadurecimento do comportamento digital dos usuários e a infraestrutura que garante o acesso massivo dessas novidades.
“Falar de metaverso não é algo novo. Tem a ver com a camada digital que está sendo construída, mas também tem a ver com comportamento. Digitalização, comunidade, ativismo digital e necessidade de expressão dos indivíduos são alguns dos vieses que podemos analisar aqui. Então entendo que estamos falando muito mais sobre o humano, o comportamento, a sociologia e a apropriação e o uso dessas tecnologias do que a tecnologia em si. Há camadas mais profundas nessa discussão do que o simples entendimento da inovação”, enfatiza.
Do ponto de vista dos negócios, o metaverso já é realidade, mas nem sempre as ações das marcas significam uma inovação. “Temos que entender se a adesão das marcas que estão entrando em contato com esse universo é planejada e se faz sentido com a narrativa escrita até aqui ou se é uma ação isolada, uma tomada de decisão feita pela euforia da novidade e pelo hype”, esclarece o jornalista. Como é possível perceber, já existe todo um ecossistema de empresas que estão desenvolvendo tecnologia para aproximar marcas e pessoas nessa nova dimensão. A partir daí, Web 3.0, games, avatares e NFTs ganham protagonismo na discussão.
Com esse ambiente em construção, as marcas estão enxergando oportunidade de negócio. Todas buscam ser pioneiras no metaverso, com foco em aproximar sus narrativas dos conceitos de inovação e tecnologia que perpassam esse novo ambiente repleto de camadas digitais.
A brasileira de moda masculina Aramis divulgou sua nova campanha de inverno toda ambientada em uma cidade digital, a Meta Aramis. Estrelada por Cauã Reymond, a coleção conta com a jaqueta phygital (física e digital) MetaHeat, que tem três níveis de aquecimento e poder de controle de temperatura através de um powerbank, além do primeiro produto digital e NFT Aramis que permite aos compradores a entrada ao clube VIP da marca. A peça esteve disponível de forma limitada no Open Sea, o maior mercado de NFTs do planeta.
Já a plataforma Decentraland, um game que também é um marketplace para itens digitais utilizados dentro do mundo virtual, apresentou, em março deste ano, o primeiro desfile de grande porte no metaverso. Assim, a Fashion Week ganhou uma versão totalmente virtual e imersiva. Desfiles de moda em ambientes digitais já haviam acontecido antes, mas o evento de quatro dias foi um dos esforços de maior visibilidade para reunir grandes marcas ao redor – ou dentro – do conceito de metaverso, mundo virtual onde pessoas podem interagir, trabalhar e fazer compras. Na ocasião, Dolce & Gabanna, Tommy Hilfiger, Forever 21 e Paco Rabanne estiveram presentes, comercializando, inclusive, NFTs de roupas e acessórios dos desfiles.
Ainda neste segundo semestre, a Louis Vuitton promete lançar uma coleção de NFT. A novidade será disponibilizada no jogo Louis: The Game, criado em 2021 para comemorar o aniversário de 200 anos de seu fundador. A série terá quantidade limitada de tokens distribuídos aos fãs da grife e será viabilizada em parceria com Beeple, conhecido pela venda de um NFT por quase R$ 325 milhões (US$ 70 milhões), em março do ano passado. O artista digital é dono da startup Venew Labs, que está desenvolvendo conceito de NFT para outras marcas.
No Brasil, alguns influenciadores saíram na frente na experimentação das novas camadas digitais disponíveis. Sabrina Sato e Bianca Andrade lançaram seus avatares no metaverso, o que indica um primeiro movimento dos creators em ocupar e popularizar esse novo espaço. O pioneirismo já rendeu frutos: a Satiko, boneca virtual da Sabrina Sato, cobriu o Rock in Rio 2022 em ação do Itaú Personnalité.
Esses são alguns exemplos de como as marcas estão incorporando o metaverso em suas narrativas e como estão se relacionando com as comunidades. No futuro – não tão distante – é a comunidade em torno das marcas que terão poder de decisão sobre posicionamento e ações. Por isso, faz sentido sua marca entrar nessa dimensão a todo custo? Sua marca está preparada e madura o suficiente para encarar esse ambiente descentralizado que está sendo construído?
Antes de responder, vale lembrar que, no Brasil, questões primárias como acesso à internet, consolidação do e-commerce, implementação do 5G e aperfeiçoamento do customer experience ainda precisam ser resolvidas para se pensar numa evolução digital direcionada à Web3 e ao metaverso.
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