As mudanças culturais modificam o posicionamento das marcas ao mesmo tempo em que estas possuem personalidade e não podem sofrer transformações radicais apenas seguindo tendências. Profissionais planejam, a longo prazo, tendo fluidez e autenticidade nesse processo. As mudanças culturais irão ditar o caminho destas evoluções que influenciam desde a criação de novos produtos e serviços até a forma de se relacionar e comercializar.
Clarisse Linhares, diretora de marketing, conteúdo e mídia do Beach Park destaca que a diversidade, de uma forma geral, é essencial para que haja criatividade no processo de gestão para qualquer tipo de negócio, trazendo vigor, autenticidade, críticas construtivas e inovação de uma forma mais consistente e duradoura. “A Geração Z já constitui uma parte relevante do nosso público e estamos nessa construção de comunicação e identidade com eles de uma forma consistente há muitos anos”.
A diretora ressalta que a marca Beach Park se adaptou às transformações culturais e que o surgimento dos Zalfas (união das gerações Z e Alfa) se consolida a partir de agora. Temas como a preocupação com o meio ambiente, inclusão, diversidade e a busca por equilíbrio entre trabalho e lazer, também são tendências dessa geração que, segundo Clarisse, já fazem parte da estratégia de marca do grupo e estão nas pautas diárias da equipe de forma orgânica. “É importante ter caminhos na comunicação e na estratégia comercial para todos os tipos de comportamento, e isso só a diversidade traz para a marca”.
Um ponto importante levantado por Clarisse é o fato de que muitas pessoas acreditam que as gerações são totalmente diferentes. A diretora de marketing afirma que não e ressalta que cabeças diferentes podem consumir os mesmos produtos e gostarem das mesmas marcas, desde que elas sejam autênticas e tenham um posicionamento consistente. Ela reforça então que essa estratégia é sobreposta em relação a outras ações e traz valor para a marca na medida que enriquece e aprofunda conversas que precisam ser direcionadas e no momento certo.
A produtora de conteúdo Marina Rolim reforça que pela primeira vez desde o surgimento das redes, todas as gerações estão online, mas isso não significa que todas estejam no mesmo canal. “A partir do início das redes, as marcas que buscam se conectar com várias gerações precisam estar presentes em diferentes redes sociais com estratégias distintas para cada uma delas”, ressalta.
Dentro dos desafios que as marcas enfrentam ao tentar se comunicar eficazmente com um público intergeracional, Marina destaca a capacidade de rápida adaptação às mudanças nas preferências e comportamentos dos usuários, evidenciando que processos engessados dificultam a agilidade na inovação para criação de conteúdo. “Esse sistema envolve uma estratégia de canais digitais bem definida. A frase ‘quem fala com todo mundo não fala com ninguém’ nunca foi tão assertiva. As marcas que entendem esse contexto estão investindo em novos formatos para diferentes plataformas”.
Marina ressalta que algumas marcas começam reproduzindo o mesmo conteúdo construído para TV, Youtube e Instagram no TikTok, mas logo percebem que lá o jogo é diferente. “A internet nunca esteve tão centralizada, as plataformas digitais dominam a atenção da audiência e para uma marca se conectar com o seu público ela precisa entender o ambiente que está inserida, antes mesmo de produzir conteúdo”, defende.
“Construir um relacionamento digital antes da venda exige tempo e investimento. Quando falo sobre investimento ainda não é com foco em mídia paga, mas em conteúdos mais estratégicos, porque pagando as plataformas as marcas conseguem comprar alcance, mas o que vai fazer com que elas se conectem com as novas gerações é o formato do seu conteúdo”, aconselha.
Comunidade engajada
O envolvimento e a lealdade da comunidade pode ser medido por meio de métricas como taxas de engajamento, comentários que geram conversas, troca de opiniões, feedback positivo dos clientes, aumento nas vendas e na base de fãs da marca. Marina frisa que quando uma marca é capaz de criar uma conexão autêntica e significativa com diferentes gerações, isso se reflete no apoio e na participação ativa de sua base de consumidores.
Thaynara Rodrigues, analista de Marketing e Trade da Avine Alimentos frisa que, para isso, as marcas devem buscar pesquisas que consigam auxiliar a como pensar cada tipo de comunicação de acordo com cada público. Ela afirma que dentro do que se pode acompanhar hoje, a principal mudança é a inclusão de vagas afirmativas, observando também um cenário no qual as marcas passaram a olhar o lado social de fora para dentro visando proximidade e, dessa forma, influenciando diretamente a escolha do consumo das pessoas, garantindo satisfação e melhor experiência.
A analista reforça que todas essas ações são um reflexo da adaptação das empresas para atenderem a demanda de inclusão da nova geração. “A gente percebe isso na publicidade, de forma geral em todas as campanhas e nos ambientes corporativos”, finaliza.