Propagandas utilizadas na festa mais popular do mundo estimulam animação e cifras expressivas.
Depois de dois anos sem poderem aproveitar tranquilamente o Carnaval, por conta da pandemia, os foliões poderão, enfim, sair nas ruas e curtir a época mais alegre do ano. Sendo uma das datas mais esperadas pelos brasileiros, as buscas por produtos relacionados à festa tendem a crescer.
Para a professora de neuromarketing Shirlei Camargo, da UFPR, o Carnaval representa a ideia de felicidade, e isso explica seu crescimento até mesmo em cidades onde ele nunca foi tradição. Nesse ritmo, a proliferação dos blocos temáticos vem fomentando a economia e o setor de turismo.
A divisão de economia e inovação da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo informa que o Carnaval esse ano vai movimentar R$8,18 bilhões – uma margem 27% acima de 2022. O engajamento via neuromarketing deve-se em grande parte pela técnica chamada “neurônio espelho”, que espelha comportamentos.
“É aquela história: a gente sorri quando vê outra pessoa rindo. Quando vemos uma pessoa se divertindo num bloco de Carnaval, a tendência é criar essa vontade no outro. As pessoas ficam ávidas por participar desse ‘movimento social’”, exemplifica a professora.
Muitos estudiosos apontam a inclinação ideológica e política como um dos fatores que levam os consumidores a comprarem de uma marca e não de outra. A atmosfera do Carnaval é, em sua essência, de descontração e aciona um viés do neuromarketing de pertencimento, ou seja, inconscientemente as pessoas buscam pertencer ao grupo, à sociedade, e fazem isso por meio do consumo do Carnaval também.
Além disso, ao se falar em marketing pressupõe também antever tendências para o Carnaval que começa nesta semana. Para a especialista, um dos temas que devem movimentar as fantasias e protestos do Carnaval são as questões femininas.
“Política e Carnaval têm tudo a ver, e a festa traz uma leveza por meio da sátira crítica, mas as questões femininas devem dominar. Então, críticas ao assédio à mulher e à objetificação são tendências da sociedade que deverão estar na festa. Todo Carnaval registra problemas em relação a isso e as mulheres têm de se posicionar de alguma maneira. Afinal, essas situações ainda existem”, finaliza.