Copa do Mundo 2022, a ser realizada no Catar entre 20 de novembro e 18 de dezembro, é mais que uma celebração mundial do esporte e, especialmente, do futebol, pois está cercada de diversas oportunidades comerciais exploradas pela Fifa e por uma multiplicidade de empresas e setores conectados. Desde fornecedores de materiais aos de equipamentos para construção e manutenção de estádios, passando por empresas de logística e de infraestrutura do país organizador, pode-se identificar a possibilidade de potencializar o faturamento antes, durante e após a realização do evento.
Atentas às oportunidades, empresas investem na exposição e associação positiva de suas marcas. A Fifa divide seus apoiadores em três categorias: Tier 1 – Fifa Partners (parceiros institucionais); Tier 2 – World Cup 2022 Sponsors (patrocinadores globais); e Tier 3 – Fifa World Cup Regional Partners (patrocinadores locais). Entre as empresas parceiras, que têm relacionamento institucional que vai além das competições, encontram-se as tradicionais, como Adidas, Coca-Cola, Hyundai, Visa e Wanda Group, e a recém-chegada Qatar Airways.
No segundo nível, surgem empresas que muitas vezes são fornecedoras oficiais da Copa do Mundo 2022, como Budweiser, Hisense, McDonald’s e Vivo, além de Byju’s, Crypto.com e Qatar Energy. E, no terceiro nível, Ooredoo (telecomunicações), UPL (agricultura sustentável) e GWC (logística).
Com relação aos valores, apesar das informações pulverizadas sobre o tema, fontes ligadas à Fifa indicam uma captação da ordem de US$ 1,6 bilhão por evento. Estima-se que, em média, cada parceiro invista US$ 100 milhões em cada edição da Copa (valor declarado pela Adidas, parceira desde 1970 e que teve o contrato estendido até 2030).
Por sua vez, um grupo que muito se beneficia desse evento são os jogadores e seleções envolvidas. Nessa edição, serão 26 jogadores por seleção, representando 32 países. E a expectativa aumenta, enquanto 14 de novembro, data-limite para última lista de inscritos na Copa, não chega.
Os jogadores esperam lucrar de diversas maneiras. A primeira, e mais evidente, refere-se às premiações pagas às seleções. A campeã, por exemplo, receberá US$ 50 milhões, somados aos US$ 10 milhões ganhos por se classificar entre as 32 equipes, e mais US$ 2 milhões, por participar das eliminatórias, que serão compartilhados com jogadores e a equipe técnica. Além desse valor, a Fifa pagará US$ 209 milhões, divididos entre os clubes que cederem jogadores, e mais US$ 134 milhões, correspondentes a seguros.
Outra possibilidade refere-se à valorização do passe de um jogador, o que também impacta salários diretos e direitos de imagem recebidos. A exposição de um jogador com a participação numa seleção nacional chama a atenção de vários clubes internacionais, que também se beneficiam, quando eles são convocados por seus países de origem.
Apesar de ser difícil estimar exatamente esse impacto, percebe-se essa realidade, ao se avaliar o caso do jogador Vinícius Júnior, contratado pelo Real Madrid em 2018, por cerca de US$ 48 milhões, pagos ao Flamengo. Em 2019, o jogador teve sua primeira convocação para jogar na Seleção Brasileira, mas foi a partir da Copa América, em 2021, e nas eliminatórias da Copa do Mundo que ele obteve mais oportunidades para atuar. Curiosamente, em julho de 2021, seu passe havia-se desvalorizado para cerca de US$ 42 milhões, mas atualmente saltou para US$ 100 milhões (Transfermarkt, 2022). Será causa ou efeito? É difícil saber, pois seu desempenho no clube espanhol também melhorou nesse período, em que pode ter ganho maior confiança, por vestir a camisa da Seleção Brasileira.
Essa maior visibilidade em clubes e seleções abre espaço para ganhos adicionais, advindos de patrocínios: Messi, por exemplo, tem um contrato vitalício com a Adidas, que lhe garante em torno de US$ 4,5 milhões por ano. Mas o apetite dos anunciantes não para por aí: Neymar fatura em torno de US$ 12 milhões por ano, como garoto-propaganda de diversas marcas e, em tempos de redes sociais, principalmente Instagram, adiciona cerca de US$ 700 mil por postagem, divulgando produtos (Minute Media, 2022).
Em resumo, o sonho de vestir a amarelinha há anos deixou de ser um objetivo romântico, de reconhecimento na carreira de um jogador e de prestígio para as seleções. Hoje é um negócio extremamente lucrativo, até mesmo nas bolsas de apostas.
Reynaldo Dannecker Cunha
Doutor em Administração, com mestrado e doutorado em Gestão Internacional, com pesquisa voltada à área de marketing internacional e à internacionalização de micro e pequenas empresas. Tem ampla experiência nacional e internacional na área de marketing. É professor de Marketing no curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).