Temas como identidade, bem-estar e crescimento social atravessam perfis geracionais
Em um cenário de constantes transformações sociais e tecnológicas, entender os pontos de conexão entre diferentes gerações se tornou fundamental, não só para empresas, como também para a forma como as pessoas se relacionam. Embora hábitos de consumo e modos de interação variem conforme a idade e o contexto, há uma percepção crescente de que essas diferenças não são barreiras intransponíveis. Ao contrário, podem existir muitas convergências entre públicos de diferentes faixas etárias.
É o que aponta a pesquisa “O Fim das Gerações”, realizada pela TroianoBranding em parceria com a consultoria Dezon. O estudo revela que temas como identidade, bem-estar, vínculos afetivos, crescimento pessoal e senso de comunidade atravessam os perfis geracionais. Esses achados reforçam a ideia de que as pessoas querem ser vistas como indivíduos, e não apenas como parte de um grupo etário.
Comportamento em movimento
Esse olhar mais amplo tem impacto direto na comunicação. A HYPR, empresa de mídia out-of-home com foco em geolocalização, é exemplo de como os dados comportamentais estão substituindo classificações geracionais rígidas nas estratégias de mídia. Com base na movimentação física da população, a empresa identifica padrões de circulação em espaços urbanos para entregar mensagens mais contextualizadas. “Trabalhamos com gatilhos comportamentais baseados na movimentação física. Isso nos permite definir estratégias conectadas ao comportamento real, com mais precisão”, afirma Adrian Ferguson, cofundador e head de Marketing e Vendas da HYPR.
A partir dessas análises, a empresa nota diferenças nas rotinas dos públicos. A geração Z circula mais em horários alternativos e busca espaços de lazer e cultura. Os millennials conciliam compromissos pessoais e profissionais, frequentando coworkings, academias e cafeterias. Já os boomers mantêm rotinas mais estáveis, com deslocamentos diurnos para locais como supermercados e clínicas. Essas informações orientam campanhas conforme o perfil predominante de cada ponto da cidade, respeitando o tempo de permanência e o fluxo de pessoas no local.
Internamente, a própria composição da equipe da HYPR reforça essa abordagem. A diversidade geracional contribui para ampliar a escuta e enriquecer o repertório na comunicação com o público.
Comunicação vai além da geração
Marcas que entendem esse cenário e buscam conexão a partir de valores universais, como pertencimento, propósito e afeto, se destacam. Ainda segundo a pesquisa da TroianoBranding, empresas como Natura, O Boticário, Nike e Nestlé foram lembradas por diferentes faixas etárias como marcas com as quais sentem conexão emocional. A identificação não se dá pela geração, mas por enxergarem nelas mensagens coerentes com suas crenças e momentos de vida.
A mudança do foco etário para o aspecto humano apresenta a importância de uma comunicação mais inclusiva, que reconheça a diversidade como ponto de partida. É nesse sentido que a tecnologia atua como aliada, ao oferecer ferramentas para entender comportamentos em tempo real, respeitando contextos e aumentando a relevância da mensagem.
A aposta da HYPR em leitura comportamental se sustenta em tecnologia, inteligência de dados e observação constante dos fluxos urbanos. O monitoramento da movimentação física em locais como terminais, centros comerciais e áreas de lazer permite traçar perfis mais realistas. “Percebemos, por exemplo, que a geração Z se desloca de forma imprevisível e em horários alternativos. Já os boomers seguem rotinas mais fixas e permanecem por mais tempo nos mesmos espaços”, explica Adrian.
Além disso, a presença em diferentes contextos urbanos permite uma coleta ampla de dados. O cruzamento dessas informações garante que campanhas sejam ajustadas não só ao local, mas também ao momento em que o público estará presente, tornando a comunicação mais eficaz e menos dispersa.
Adrian destaca que, para isso, a convivência de gerações na própria empresa é um diferencial. “Temos pessoas que vivenciam essas diferenças e trazem leituras complementares sobre como cada grupo consome, circula e se conecta. Isso evita estereótipos e nos ajuda a construir estratégias mais reais”.
Para além dos dados, há também um foco na escuta ativa. Adrian acredita que compreender o que mobiliza as pessoas, independentemente da idade, é o caminho mais eficaz para gerar vínculo. “A movimentação física é um indício, mas o que realmente conecta é entender o momento daquela pessoa, seu ritmo e sua necessidade”.
Embora cada geração tenha suas particularidades, os vínculos se constroem a partir de valores, experiências e formas de perceber o mundo. Entender esses pontos de contato contribui para tornar as interações sociais mais significativas e impactantes. De um modo geral, compreender o que conecta envolve considerar diferentes aspectos culturais, comportamentais e contextuais que atravessam as relações entre grupos.