3ª edição - Brasília

Matéria | CNI lança campanha lúdica para mostrar o peso do Custo Brasil e cobrar avanços estruturais

Por Redação

23/10/2025 12h30

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estreou uma campanha com linguagem criativa para chamar atenção ao que apelida de “vilões do Custo Brasil”. Batizada de “Raio-X do Custo Brasil”, a ação busca mostrar para a sociedade e para o poder público como fatores como tributos, burocracia, infraestrutura precária e encargos diversos impactam o dia a dia das empresas e dos brasileiros.

A iniciativa parte da constatação de que muitos desses obstáculos não são visíveis à primeira vista, mas contribuem para elevar preços, restringir investimentos e dificultar a competitividade nacional. Para dar rosto a esses entraves, a campanha desenhou seis personagens: Tributácio (representando os tributos), Jurássio (os juros elevados), Burocratus (os trâmites morosos), Infradonha (os gargalos da infraestrutura), Custo-Circuito (o aumento nas contas de energia) e, por fim, Baiacusto, que representa o somatório dessas perdas. 

Nos bastidores da criação, a CNI reuniu equipes de comunicação, design, experiência de usuário, performance e tecnologia para dar vida aos personagens. A ideia era que o tema, tradicionalmente técnico e árido, fosse apresentado de uma maneira leve e acessível, atingindo não apenas empresários mas também o público em geral. A campanha está sendo desdobrada nas redes sociais, em intranet institucional e até em ações interativas como um jogo estilo Pacman com os vilões do Custo Brasil. 

O trabalho criativo também contou com o uso de inteligência artificial para gerar expressões, cores e características para os personagens. A inspiração inicial foi tomada de jogos digitais, especialmente no estilo gráfico de “bolinhas”, que foram adaptadas para ilustrar cada “monstrinho” do custo oculto. 

O que dizem as indústrias

Para fundamentar a campanha, a CNI divulgou pesquisa inédita, realizada pelo Instituto Nexus, com mil empresas industriais de todos os portes e regiões do país, entre julho e agosto de 2025. Os resultados reforçam a urgência da mensagem: 70% dos empresários apontam a carga tributária como o maior fator de peso no Custo Brasil. Logo atrás aparece a dificuldade de contratar mão de obra qualificada (62%). Outros entraves citados são financiar o negócio (27%), segurança jurídica e regulatória (24%) e competição justa (22%). 

Do lado da percepção macro, 77% dos entrevistados acreditam que o Custo Brasil tem influência direta no aumento dos preços finais para o consumidor, percepção ainda mais forte nas regiões Nordeste (93%) e Sul (87%). E 64% avaliam que o impacto desses custos cresceu nos últimos três anos. Em consequência, 78% consideram que reduzir o Custo Brasil precisa ser uma prioridade estratégica para as indústrias. 

Quanto aos efeitos esperados da redução desses gargalos, o estudo revela expectativas positivas: se a taxa de juros para empresas fosse reduzida pela metade, 77% afirmaram que aumentariam os investimentos — sendo 31% que dizem que investiriam muito mais e 46% um pouco mais. E 56% indicam que a diminuição de litígios trabalhistas estimularia a contratação de pessoal. Na visão da CNI, fomentar esse ciclo virtuoso depende justamente de enfrentar os “vilões”.

Do ponto de vista institucional, a campanha também retoma a memória do termo “Custo Brasil”, criado pela própria CNI no início dos anos 1990. A partir de debates com empresários, economistas e parlamentares, já naquele momento identificava-se um conjunto de dificuldades estruturais — tributárias, logísticas, regulatórias — que freavam a produtividade e elevavam os custos do país. 

Ao lançar essa nova campanha, a Confederação Nacional da Indústria pretende não apenas sensibilizar a cidadania quanto ao impacto do Custo Brasil, mas também pressionar governos e parlamentos a tomarem medidas efetivas. A proposta é que esse esforço não se limite ao discurso, mas aponte caminhos de ação: revisão do sistema tributário, simplificação regulatória, investimentos em infraestrutura, modernização energética, qualificação da mão de obra, estímulo ao crédito eficiente e segurança jurídica. 

Em Brasília, a campanha chega em momento estratégico: com debates sobre projetos estruturais para transportes, energia e incentivos à indústria em pauta, o recado da CNI reforça que as medidas não podem ficar apenas no papel. A narrativa dos “vilões” do Custo Brasil oferece instrumento simbólico para mobilizar opinião pública e acelerar decisões políticas. Afinal, como defende a confederação, cada ponto percentual de melhoria que se obtém no ambiente de negócios pode refletir em crescimento, emprego, preços menores e mais arrecadação sustentável, desenhando uma agenda de futuro menos onerosa para quem produz e consome no país.