Se lidar com crises é um desafio, vencê-las se torna ainda mais difícil sem o suporte de um assessor de comunicação
No cenário corporativo atual, onde a informação circula em velocidade recorde e a opinião pública pode ser moldada em questão de minutos, a reputação das empresas tornou-se um dos seus ativos mais valiosos. Em tempos de crises – sejam elas internas ou externas –, a forma como uma organização se posiciona e comunica pode definir seu futuro no mercado.
A jornalista e sócia-fundadora da Impulsione Comunicação, Camilla Andrade, endossa o ponto quando afirma que “em momentos turbulentos, quem comunica bem, sai na frente”.
Para Camilla, uma reputação comprometida ou uma imagem prejudicada por uma crise pode ocasionar o fechamento da organização, por isso a importância de contar com o trabalho da Assessoria de Imprensa não apenas no momento da crise, mas em toda a construção e fortalecimento da imagem de uma marca. “Longe de ser um custo dispensável, a comunicação estratégica é um investimento essencial para a sustentabilidade e o crescimento das empresas, especialmente em tempos difíceis. Manter uma assessoria de imprensa e um plano de comunicação ativo não só protege a reputação da marca, mas também permite que a empresa controle a narrativa, transmita confiança, mantenha sua relevância e se posicione para uma recuperação mais rápida e eficiente”, enfatizou.
No contexto em que as assessorias de imprensa desempenham um papel estratégico, atuando na construção da imagem institucional, no relacionamento com a mídia e na contenção de danos diante de eventuais turbulências, Marcos André Borges, CEO e fundador da VSM Comunicação, aponta que, além do trabalho de fortalecimento de uma marca ser feito a longo prazo, a atuação dos assessores de imprensa “sairá muito mais caro se a empresa tiver que investir, como se fossem uma espécie de bombeiros da comunicação, só no momento de debelar uma crise depois de instalada, por exemplo”.
“Nem muito menos, num momento de dificuldade econômico-financeira, as empresas devem prescindir do serviço de RP (Relações Públicas) porque são ações, aliadas a outras iniciativas de comunicação, que dão visibilidade à marca e podem facilitar a geração de negócios”, ressaltou Marcos André.
Daniela Gusmão, CEO e Diretora de Comunicação e Conteúdo na Agência Coreto, complementa: “reduzir investimentos em comunicação em momentos de crise é um erro estratégico que pode custar caro para a reputação da empresa. A comunicação não é apenas um canal de divulgação, mas um ativo essencial para a gestão da imagem, a manutenção da confiança do público e a contenção de danos”, defende.
Para ela, uma assessoria de imprensa bem estruturada atua de forma ágil e assertiva, garantindo que a narrativa da empresa seja clara, transparente e controlada, evitando especulações e desinformação. Além disso, fortalece o relacionamento com a mídia e stakeholders estratégicos, preparando a empresa para reagir rapidamente e de forma coerente às adversidades. Em períodos turbulentos, a comunicação estratégica não só minimiza impactos negativos como também pode transformar desafios em oportunidades de fortalecimento da marca.
Em concordância, Mauro Costa, sócio-diretor e fundador da AD2M Comunicação, destaca que é temerária a abdicação do setor de comunicação em momentos de crise, visto que, nesse contexto, as empresas necessitarão ainda mais de orientações resolutivas, sem que a crise afete o maior dos ativos de uma organização: a sua reputação.
Crises reais de uma marca
Dentro do cenário de turbulências, rotineiramente as agências precisam lidar com gerenciamentos de crises, onde a aplicação de estratégias é realizada com precisão e agilidade, revelando a eficiência e importância do trabalho de um assessor de imprensa. Dentre os casos, Mauro Costa conta que, em sua experiência como assessor e estrategista, já passou por diversas ocasiões de crise, de diferentes graus de intensidade, de tipos distintos e em clientes de setores variados. Segundo o CEO da AD2M, algumas crises foram mais desafiadoras, pois envolveram perda de vidas humanas e, em paralelo, um grau máximo de exigência e cobrança por parte das empresas envolvidas.
“Já conduzimos casos de greves com ampla visibilidade pública, como a de motoristas de ônibus de Fortaleza, atuando para o Sindicato das empresas do setor de transporte, uma crise de trabalhadores em uma indústria em construção no Complexo Industrial do Pecém, com o registro de atos de violência, desde agressões até colocação de fogo nas instalações administrativas da empresa. Além dos registros de acidentes com grau de exposição ampla, como um caso de queda da arquibancada do Carnaval na avenida Domingos Olímpio, durante a realização dos desfiles”, detalha Mauro Costa.
Daniela Gusmão compartilha que um dos cases que exemplificam a importância da comunicação estratégica envolveu um cliente que adquiriu um imóvel tombado e que enfrentou um episódio de crise, após polêmica desencadeada por opiniões diversas sobre o projeto de arquitetura de um restaurante na cobertura do prédio, com intervenção arrojada e temporária, o que gerou uma onda de “memes” e informações confusas, repletas de inverdades nas redes sociais. O cenário exigia uma resposta rápida, com posicionamento firme sobre a importância das iniciativas de empreender, ocupando e investindo com seriedade dando uso e revitalizando imóveis protegidos pelo Iphan.
“Nossa abordagem foi estruturada em três pilares: monitoramento, posicionamento transparente e gestão de relacionamento com a imprensa e stakeholders. Implementamos um acompanhamento contínuo das conversas e tendências sobre o caso, pesquisamos exemplos similares no mundo, padronizamos argumentos e respostas estratégicas para esclarecer dúvidas e reforçar o propósito de ser um um espaço com foco na valorização da arte pernambucana. Também estabelecemos um diálogo franco e próximo com jornalistas para garantir que as informações corretas fossem divulgadas”, enumera.
Além disso, Daniela diz que foram conduzidas ações de engajamento digital para fortalecer a presença da marca em seu próprio canal de comunicação, garantindo que sua versão dos fatos fosse difundida de forma eficiente. “O resultado foi uma significativa redução do impacto negativo e uma recuperação rápida da reputação”, afirma.
Manual de instruções
Tudo o que é novo exigirá um manual de instruções, seja ele produzido por alguém que vivenciou determinada experiência ou por aquele que já se previne e se prepara para o pior. Para Marcos André Borges, da VSM Comunicação, na grande maioria dos casos, os profissionais de comunicação podem prever uma crise pela expertise adquirida ao longo dos anos. “São sinais que indicam que algo pode estar por vir. É o que costumo chamar de “compliance da comunicação”. Então, em alguns momentos, a equipe de comunicação já pode ir tomando providências – de forma preventiva – para tentar evitar que a crise se instale ou, pelo menos, amenizá-la”, alertou.
Camilla Andrade ainda acrescenta que após a superação de uma crise, é fundamental que a empresa revise seus processos, comunique melhorias e reforce os valores da marca. Segundo Andrade, campanhas institucionais e ações de relacionamento colaboram com a restauração da confiança e mostram que a empresa está comprometida em evitar novos problemas.
A especialista também conclui expressando que crises podem não ser inevitáveis, mas a forma como uma empresa lida com elas pode determinar o futuro de sua reputação. “A assessoria de imprensa e comunicação tem um papel fundamental nesse processo, ajudando a proteger a imagem da marca e garantir que a narrativa seja conduzida de forma profissional. A melhor defesa contra crises é o preparo: empresas que investem em planejamento, monitoramento e comunicação transparente estão mais bem posicionadas para enfrentar desafios e sair ainda mais fortes”, concluiu.