11ª edição

Menos campanhas, mais conversas

Por Redação

11/03/2024 11h11

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Qual é a UMA coisa que SÓ VOCÊ faz pelo seu cliente? Um dos erros mais comuns no mundo do Marketing é o de tentar falar coisas demais para pessoas demais. Você vende brócolis e gostaria que o seu produto fosse conhecido por ser gostoso? Ou por ser nutritivo? Ou por ser de origem sustentável? Ou por ser o único vegetal do planeta com o dobro de vitaminas? Escolha UMA coisa e bata nessa tecla todos os dias. Apenas nessa tecla. Todos os dias. Todos os dias. Todos os dias. 

Por que estou sendo tão repetitivo? Porque a frequência importa.

Um estudo publicado no Journal of Sports Science comprovou: jogadores de futebol que chutam mais a gol têm uma média de 0,16 gols por chute, enquanto os jogadores que chutam menos a gol têm uma média de 0,08 gols por chute. Pode parecer óbvio, mas não é. As marcas grandes, no geral, concentram seus investimentos em poucas ações, hiper discutidas, testadas e executadas. Muitas empresas confundem o benefício de fazer um planejamento estratégico baseado em poucas prioridades com a necessidade de fazer investimentos de comunicação concentrados em poucas campanhas no ano. Quando você estabelece um esquema de marketing em que coloca todas as fichas em uma ou duas campanhas, você monta uma tática de guerra baseada em apenas dois tiros de canhão. Mas como serão poucos tiros, você gasta um tempão estudando o melhor ângulo, a força exata, o formato ideal da bola, a posição do canhão… porque você não pode errar de jeito nenhum. É possível ganhar uma batalha assim. Mas, pela teoria dos chutes a gol, é menos provável.

A Anitta lança muito mais músicas no ano do que você percebe. Bach compôs muito mais músicas do que você conhece. Van Gogh pintou muito mais quadros do que os que ficaram famosos. Essa mesma prática vale para o Marketing. Algo que eu costumo resumir com essa frase: precisamos de menos “campanhas”, e mais “conversas”. Comece a chutar mais a gol. Menos balas de canhão, muito mais tiros de sniper. Menos “uma serenata com carro de som declarando um poema com chuva de rosas apenas no Dia dos Namorados” e mais “um bilhetinho de amor por dia, ainda que alguns fossem muito bem elaborados e outros escritos com carinho verdadeiro no guardanapo”.

O mais interessante desse modelo é que não temos certeza de quais bolas vão entrar no gol. A Anitta não sabe exatamente qual música vai ser o maior sucesso. Aliás, a canção “Envolver”, que se tornou uma das mais ouvidas do mundo, não teve todo o apoio da sua gravadora, não teve um clipe superproduzido e não estourou no lançamento. Um pintor não sabe quais quadros serão mais valiosos quando pinta. Mas a frequência na produção de conteúdo aumenta muita a chance de uma dessas tentativas virar um hit.

No livro “Desmarketize-se, o novo Marketing não parece Marketing”, conto como usamos essa estratégia para transformar o McDonald’s em Méqui. Não sei o melhor modelo para o seu negócio, mas está claro que, em um mundo onde as atenções mudam rapidamente de lugar e o seu próximo consumidor está acostumado com uma velocidade muito alta, você precisa descobrir a melhor maneira para estar presente com ele. Amigos distantes podem ser muito queridos, mas não estão aqui no dia a dia. Apareça com frequência. Traga sempre um presentinho diferente nas mãos. Provoque risadas novas. Venha até quando estiver triste. E traga sempre um abraço especial quando o seu cliente estiver precisando de você. 

Não estou falando apenas de humanizar a marca. Para ser querido, comece estando sempre presente. Conteúdo certo, todo dia.

Sobre o autor:

João Branco

Com 20 anos de experiência em estratégia, marketing digital, encantamento de clientes e propósito, João Branco foi eleito o Profissional de Marketing mais admirado do Brasil pela Scopen e top 10 melhores CMOs do Brasil, segundo a Forbes.