Lembro de meu primeiro Valisere. Conectou os símbolos das novas franquias da marca, no Shopping Bourbon, com um antigo filme. Trato de fazer sentir a croniqueta em uma modalidade comercial do eviterno Olivetto, de abençoada memória publicística. Relembro-o, sinalizando que o penúltimo estádio de um UX Planning Strategy: Aprendizagem.
Era um pátio ensolarado. O riso das meninas ecoava como uma melodia, pontuado pela cadência sincronizada da ginástica. A cena mostrava jovens despreocupadas e livres, cada movimento um hino à juventude que ainda não conhecia as sombras da insegurança. Entre elas, uma figura se destacava pela hesitação, uma menina à beira da adolescência, cujos olhos reclamaram as outras com uma mistura de admiração e um vislumbre de melancolia. A protagonista se comparava, medindo-se contra um padrão que ainda não compreendia totalmente.
Em seu quarto, a luz da tarde derramava-se sobre a cama de solteiro, onde repousava um presente envolto em papel cor-de-rosa. As mãos que o deixaram ali pertenciam a alguém que já havia trilhado o caminho da maturidade, alguém que sabia que aquele pequeno pacote era mais do que um presente; era um portal para um novo mundo.
No vestiário, a timidez da menina se transformava em uma armadura invisível. Enquanto as outras riam e trocavam de roupa sem cerimônia, a figura da menina se refugiava em um canto, tentando se tornar pequena, quase imperceptível. Seu armário, um santuário de fotografias de ídolos do rock e sonhos adolescentes, era o único lugar onde sentia-se verdadeiramente ela. Surgiria, após este, um frame clímax: aprendizagem de uma transição.
A passagem da infância para a adolescência é uma seara pavimentada com pequenos rituais e descobertas. Para nossa protagonista, o presente em sua cama era um desses rituais. Segurando sua boneca, um resquício de dias mais simples, a menina contemplava o pacote com uma mistura de curiosidade e receio. Despertaria ao desvendar a caixa rosa.
Ao abrir o presente, seus olhos brilharam com a descoberta de seu primeiro sutiã, Valisere. Era branco, símbolo de pureza, delicado e prometia uma transformação que a menina apenas começava a entender. Vestindo-o, a música de ballet com violino começou a preencher o quarto, e ela se via como bailarina na caixa de joias, girando com graça e beleza.
O espelho refletia uma nova imagem, uma jovem tocando-se, contemplando-se, aprendendo a amar as curvas e contornos que emergiram. Era o seu momento de aceitação, um silencioso acordo entre ela e seu reflexo. Surge a menina adulta.
Agora, caminhando pela rua movimentada, a moça, vestida com a nova maturidade que seu Valisere lhe conferia, atraía olhares. Um garoto, em um gesto de admiração juvenil, a galanteia, fazendo-a corar e se esconder atrás de sua pasta. Mas, ao contrário de antes, ela não se encolhia. Com um sorriso tímido, ela seguia seu caminho, um passo após o outro, rumo ao desconhecido e belo horizonte da adolescência.
E assim, a vida nos ensina que cada pequeno passo, cada presente inesperado, cada olhar no espelho é parte de uma jornada maior. “O primeiro Valisere a gente nunca esquece”, diz a voz suave da experiência, enquanto a menina, agora um pouco mais mulher, segue seu caminho, deixando para trás a doce melodia do pátio, mas levando consigo a música do ballet que agora dança em seu coração.
A aprendizagem no Planejamento Estratégico de UX trata de retomar memórias e salientar os detalhes de uma ação experienciada. Viva o mestre! Celebremos as aprendizagens dos muitos Valiseres que devem surgir da execução do UX Planning Strategy.
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