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Mudança de prioridades: demissões voluntárias batem recorde de 7,3 milhões em 2023

Por Redação

23/02/2024 10h47

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Desligamentos a pedido do trabalhador são mais frequentes nas faixas com pós-graduação completa e indica aquecimento do mercado de trabalho

Demissões voluntárias cresceram no Brasil e bateram recorde de 7,3 milhões de pessoas em 2023, uma fatia de 34% dos mais de 21,5 milhões de desligamentos registrados, segundo dados organizados pela LCA Consultores com base no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O montante representa alta de 7,9% ante o registrado no anterior, em uma tendência de crescimento observada durante a pandemia da Covid-19 no país.

Para especialistas, o cenário indica o aquecimento da economia após a crise sanitária e a mudança das prioridades dos profissionais, sobretudo os mais jovens, em meio a um cenário de mudanças nas relações do trabalho com a popularização do home office.

Além disso, a pesquisa aponta para um desalinhamento entre o que as empresas oferecem e o que os colaboradores valorizam, realçando a necessidade de práticas de RH alinhadas às expectativas dos trabalhadores. Benefícios como vale-refeição, assistência médica e seguro de vida estão entre os mais valorizados, enquanto a tecnologia surge como uma ferramenta essencial para os líderes de RH gerenciarem essas demandas de forma eficaz.

Filipe Fonoff, pesquisador da FEEx, professor de pós-graduação e consultor empresarial, explica que existem dois fatores que levam a esses indicadores: taxa de desemprego reduzida e dinamismo maior do mercado de trabalho. Ele pontua que Santa Catarina e Mato Grosso do Sul — com mais demissões voluntárias — possuem pequenas taxas de desemprego, com 3,6% e 4%, respectivamente, conforme os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na ponta oposta predominam estados do Norte e Nordeste: Bahia e Pernambuco dividem a última posição do ranking, com 20,7% de demissões voluntárias registradas em 2023, enquanto Paraíba e Amapá anotaram 21,6%.

Em questão de volume, São Paulo, de longe, registra os números mais expressivos. No ano passado, 6,73 milhões de pessoas foram demitidas no estado, sendo 2,33 milhões por vontade própria, representando 34,6% do total.

Jovens pedem mais demissão
Além disso, a faixa etária mais recorrente de realizar uma demissão voluntária é a dos mais jovens, entre 18 a 24 anos, com 39,5% em relação ao total de desligamento. O movimento é seguido também pelas pessoas de até 17 anos e aqueles entre 25 a 29 anos, com 36,5% cada.

Isso se explica devido à nova visão por parte dos jovens do que eles desejam para o futuro e como o trabalho se insere nos seus planos, diz Emerson Weslei Dias, autor de livro sobre finanças comportamentais e professor de pós-graduação e MBAs.

“O jovem valoriza muito mais a experiência do que a posse, já os seus pais trabalharam por muitos anos para conseguir comprar um carro, conseguir comprar uma casa”, resume.

O especialista analisa que hoje a busca por um home office, por exemplo, é um reflexo desse movimento, já que, para os jovens, a diversão é tão valorizada quanto o trabalho, um tipo de comportamento que não era observado em gerações mais antigas.

Já Filipe Fonoff pontua que essa geração recebeu um bônus de mercado pelo fato de haver uma flexibilização através da reforma trabalhista, então a população mais jovem foi impactada pela oferta de emprego melhor e por vagas na qual o tempo de permanência não é tão grande.

Em resumo, a pesquisa evidencia uma mudança no mercado de trabalho, com uma demanda crescente por flexibilidade nos benefícios, impulsionada principalmente pelas novas gerações. Este cenário desafia as empresas a repensarem suas estratégias de benefícios para atrair e reter talentos num ambiente de trabalho cada vez mais competitivo.