Artigos

Mudou! Como a mídia independente mexeu com a lógica comercial dos clubes de futebol

Por Redação

06/06/2024 10h00

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Linkedin

Antigamente era quase um parto convocar e ter imprensa presente em anúncio de patrocinador. O embate se dava muito em razão dos conflitos de interesses dos veículos. Se o novo parceiro comercial do clube era concorrente de um patrocinador daquele programa, era ‘tchau e bênção’; pauta era esquecida sem cerimônia mesmo.

Pra clubes menores, então, nem se fala… Mesmo com ativações chamativas, kits de imprensa e releases muito bem pensados, conseguir espaço orgânico para anunciar um novo patrocinador não era tarefa simples. E isso há menos de 10 anos.

Depois que a rede social, com honra ao mérito para o Instagram, fez o que quis e o que não quis com o jornalismo, o panorama mudou. No caso do Ceará S.C, por exemplo, o papel informativo das mídias independentes – páginas que quase na totalidade são compostas por torcedores (jornalistas ou não) – ganhou força, relevância, surpreendeu e, sobretudo, serviu de exemplo para a dita ‘imprensa tradicional’.

Pode-se questionar os métodos, a técnica, a tática e eventualmente até algum código de ética da comunicação, mas, no gozo ou no ódio típicos do clubismo, a mensagem é bem linear, chega rápido, de quem torce para quem torce.

Se chega rápido, leva vantagem quem dá a informação primeiro. Foi assim com jornais, rádio, TV e agora com as notificações de celular. E a régua do engajamento também obedece a esse padrão. Paga-se mais a quem é mais visto, seguido, comentado e compartilhado. Pela ótica comercial, nada mudou. E as marcas entendem isso – das casas de apostas a construtoras. As primeiras consultas aos setores de assessoria e marketing dos clubes são por listas de influenciadores e páginas parceiras mais ativas entre as torcidas.

Recentemente, O Ceará S.C apresentou a Esportes da Sorte como o maior patrocínio da história do clube (R$ 46 mi por 32 meses de exposição master) – e também o maior do estado em números absolutos. Resultado: a coletiva de imprensa lotou! 6 emissoras de TV, 5 veículos independentes e 4 rádios credenciados, além do staff de fotógrafos e videomakers.

O disparo dos releases, que dava detalhes da “empresa de betting que aportou o maior patrocínio da história do Ceará” foi disparado local e nacionalmente (via assessoria do próprio clube e da Esportes da Sorte / A empresa têm agências também no Rio de Janeiro e São Paulo).

Bom para o clube, para a marca, para quem cobriu a coletiva e para quem ouviu, viu ou leu sobre. Quebrando o protocolo, o Ceará liberou espelhamento da transmissão ao vivo na Vozão TV pra quem quisesse, dando sinais claros que o importante nesse momento é que o patrocinador enxergue até onde o clube consegue impulsioná-lo.

A bala na agulha da assessoria do clube, como chamativo de ‘venda casada’, foi colocar para falar, na sequência da coletiva de anúncio (que já contaria, claro, com o presidente do clube), um atleta-destaque (goleiro Richard), herói dos dois últimos títulos e que não falava há um tempo já com a imprensa.

Entrega concluída!

Israel Simonton

Jornalista, Gerente de Comunicação no Ceará Sporting Club