Responsabilidade

Mulheres negras na comunicação: os desafios de ocupar espaços

Publicado em

23/10/2023 10h05

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Profissional de Relações Públicas fala sobre a importância de mais mulheres negras em posição de poder nas áreas da comunicação e produção cultural

A presença e o papel das mulheres negras no mercado de comunicação têm sido uma questão de extrema relevância, ainda nos dias de hoje. Para compreender plenamente a importância deste tópico, é fundamental analisar os dados estatísticos que destacam a realidade das mulheres negras dentro desse setor.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres negras representam uma parcela significativa da população brasileira, com cerca de 27% da população total do país. No entanto, quando olhamos para o mercado de comunicação, vemos uma representação muito desigual.

Segundo a base de  dados Retrato das Desigualdades, desenvolvida pelo  Instituto  de  Pesquisa Econômica e Social (IPEA) e do Observatório de Trabalho Decente da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres recebem em média um salário 21,3% inferior ao dos homens. Além disso, elas ocupam somente 37,4% dos cargos de gerência em empresas. Quando comparadas a homens brancos, as mulheres negras recebem um salário 55,6% inferior. Elas estão em apenas 1,6% dos cargos de gerência e 0,4% dos cargos executivos.

A Relações Públicas, Thainá Pitta, está inserida dentro dessa pequena parcela que busca mudar a realidade dentro dos campos da comunicação e produção cultural. Para ela, ter mais mulheres negras dentro desse campo da comunicação faz com que mais diferenças culturais não sejam ignoradas.

“Quando uma mulher negra lidera, ela traz consigo uma riqueza de experiências únicas, compreendendo não apenas as complexidades da comunicação, mas também as nuances culturais que muitas vezes são negligenciadas. A diversidade de liderança é a chave para promover uma comunicação mais inclusiva e autêntica”, explica.

A presença de mulheres negras no mercado de comunicação é crucial para essa construção de uma imagem positiva e inclusiva das pessoas negras na mídia. Isso tem um impacto direto na forma como a sociedade enxerga e trata as minorias étnicas, bem como na autoestima e no empoderamento das mulheres negras.

“Enfrentar o espaço da comunicação como uma mulher negra não é uma tarefa fácil, é uma posição desafiadora. Tenho que constantemente demonstrar minha competência e provar que mereço estar lá. Lido com estereótipos e preconceitos, mas também reconheço o poder da minha presença e da minha voz. Enfrentar esse espaço significa abrir portas para as que virão depois de mim”, ressalta a RP.

“Quero ver mais mulheres negras ocupando posições de liderança nesta indústria. Isso não é apenas uma questão de representação, mas também de transformação. Quando mais mulheres negras liderarem projetos de comunicação, teremos narrativas mais diversas e autênticas, que refletirão verdadeiramente nossa sociedade”, finaliza Thainá Pitta.