8ª edição

Negócios | Paulo Câmara, Presidente do Banco do Nordeste do Brasil S.A (BNB)

Por Redação

14/06/2023 09h37

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Nova Presidência do Banco do Nordeste prioriza o desenvolvimento econômico e social, e a redução das desigualdades regionais

Uma das ações do BNB para desenvolvimento da Região são iniciativas que promovam o empreendedorismo sênior, como incentivos à inovação tecnológica na saúde, bem-estar e inclusão digital, além do envelhecimento ativo e saudável.

NM/ Paulo Câmara, você é um economista com vasta experiência no setor econômico e gestão pública. Foi governador do estado de Pernambuco e, há poucos meses, passou a ocupar o cargo de presidente do BNB, -211”o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina, reconhecido pela sua capacidade de promover o bem-estar das famílias e a competitividade das empresas da região. O que as empresas e indústrias nordestinas podem esperar de prioridade ainda para 2023?


Paulo Câmara/ Nossa prioridade é impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Nordeste. Para isto, iremos fortalecer parcerias e oferecer crédito com condições favoráveis, especialmente, com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), nosso principal funding. Buscamos apoiar as empresas e indústrias em nossa área de atuação, estimulando investimentos, fomentando o empreendedorismo e contribuindo para a geração de emprego, renda e qualidade de vida na Região. Queremos ser vistos como um parceiro estratégico, oferecendo recursos para estimular o incremento dos negócios locais, incentivar a inovação tecnológica e reduzir as desigualdades regionais que ainda estão bastante presentes.

NM/ De acordo com o IBGE, o grupo etário com 30 anos, ou mais, representava 56,1% da população do Brasil, em 2021, percentual que era de 50,1%, em 2012. A população brasileira está envelhecendo em sua maior parte. Qual análise você faz deste fator, na gestão dos setores públicos e privados, nos dias atuais e futuros?

Paulo Câmara/ O envelhecimento da população brasileira requer atenção, tanto no setor público quanto no privado. No setor público é essencial adaptar políticas e serviços para atender às necessidades crescentes da população idosa, investindo em saúde, cuidados de longo prazo e programas de inclusão. No Banco do Nordeste, por exemplo, dispomos de linha exclusiva para o setor da saúde, fundamental para o atendimento desse público, com excelentes condições de crédito para quem deseja investir no segmento tão importante para a sociedade e economia.  No setor privado é importante ajustar estratégias de negócio para atender às demandas de um mercado consumidor maduro, oferecendo produtos e serviços acessíveis e valorizando esse público de mais idade, cada vez mais representativo.  


NM/ Visto que ter apoio do Banco do Nordeste é garantia de um parceiro forte para estados, municípios, organizações sociais, agricultores e empreendedores, como o BNB está preparado para apoiar esse novo modelo econômico de um Brasil com uma população mais idosa?

Paulo Câmara/ Reconhecemos a importância desse segmento da sociedade e estamos comprometidos em fornecer soluções financeiras e apoio estratégico para estados, municípios, organizações sociais, agricultores e empreendedores. Isso inclui iniciativas que promovam o empreendedorismo sênior, incentivos à inovação tecnológica em setores como saúde, bem-estar e inclusão digital, além de parcerias com entidades e organizações sociais para a promoção de ações voltadas ao envelhecimento ativo e saudável. O Banco do Nordeste possui programas de microfinanças, urbana e rural, voltados ao empreendedorismo individual, que já possuem uma base considerável de clientes com idade acima de 60 anos. Com o envelhecimento da população, consideramos que essa base deve ser ampliada. 

NM/ O Banco do Nordeste do Brasil, criado em 1952, com sede em Fortaleza, no Ceará, e abrangência na Região Nordeste, Norte de Minas Gerais e Norte do Espírito Santo, mantém mais de 55% do capital sob controle direto da União Federal. Seus recursos provêm do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), sendo mais da metade destinado ao Semiárido, em consonância com o Plano de Desenvolvimento Regional. Em 2023, qual a perspectiva para o sertão Nordestino?

Paulo Câmara/ O Banco do Nordeste tem o compromisso firmado com a Sudene de investir pelo menos 50% dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) no Semiárido. Isto envolve um montante superior a R$ 17 bilhões a ser direcionado para empreendimentos, agricultura familiar, agronegócio sustentável e infraestrutura nessa região. Estamos empenhados em valorizar as economias das cidades do interior do sertão Nordestino. Iremos fortalecer as cadeias produtivas locais, por meio de iniciativas como o Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), com o qual buscamos promover o desenvolvimento integrado das atividades econômicas, apoiando a diversificação produtiva, a agregação de valor aos produtos locais e a criação de empregos. 

NM/ Sabe-se que o BNB é líder em programas de microcrédito (Crediamigo e Agroamigo). O Banco também é destaque na atuação junto às Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Vale ressaltar que, de acordo com o IBGE, a taxa do desemprego no primeiro trimestre de 2023 está 9,4 milhões. Desta forma, o cidadão acaba optando por empreender. O que o Banco planeja para estes novos empreendedores em 2023?

Paulo Câmara/ Diante de um cenário de rareamento de empregos formais, o empreendedorismo tem sido uma alternativa importante para muitas pessoas em todo o mundo. No Nordeste, os trabalhadores informais já são maioria. Pretendemos fortalecer nossos programas de microcrédito urbano e rural, que já são os maiores da América Latina, para apoiar esses pequenos empreendedores. Além do acesso ao crédito, o Banco também oferece orientação empresarial e suporte técnico, visando promover o desenvolvimento sustentável desses negócios. 

NM/ Na sua visão, o que estar por vir no desenvolvimento financeiro do Brasil para os próximos anos? Quais avanços considera relevante e quais podemos ter?

Paulo Câmara/ O futuro do sistema financeiro será marcado pela modernização e digitalização dos serviços, com a expansão das fintechs e a inclusão financeira da população, como o BNB faz, notadamente, por meio do Crediamigo e Agroamigo. Avanços relevantes incluem maior acesso a serviços bancários, soluções inovadoras e fortalecimento do empreendedorismo. Além disso, a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental terão um papel fundamental com demanda crescente por investimentos verdes e projetos de desenvolvimento sustentável. No entanto, desafios como desigualdade social e falta de acesso a serviços financeiros em algumas regiões ainda precisam ser superados, exigindo ações conjuntas do setor público e privado, como investimentos em infraestrutura, educação financeira e inclusão digital.

NM/ Como estão as captações internacionais do BNB? Nos fale um pouco sobre a parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Paulo Câmara/ No último ano, BNB e BID firmaram parceria que envolve R$ 1,6 bilhão em recursos para financiar projetos de infraestrutura e capacitação técnica de cadeias produtivas. São recursos muito bem-vindos que ampliam a capacidade do BNB de apoiar um setor estratégico para a região. Na outra ponta, a do apoio ao micro empreendedorismo, recebemos na última semana, representantes do Banco Europeu de Investimentos (BEI) que ficaram extremamente satisfeitos com nosso apoio à mulheres empreendedoras, por meio da Crediamigo Delas. Eles haviam destinado R$ 1 bilhão para essa linha de crédito, com o qual atendemos 565 mil empreendedoras nos últimos dois anos. Por meio da parceria BNB-BID alcançamos R$ 2,2 bilhões emprestados ao público feminino de baixa renda. Tudo Isso colabora com a credibilidade e o reconhecimento no mercado internacional da capacidade administrativa e operacional do BNB.  

NM/ O que o mercado pode esperar do presidente, Paulo Câmara, nos quesitos proximidade com o dia a dia das empresas e indústrias, incentivo a investimentos, distribuição de recursos entre tamanhos e setores e, por fim, da sua atuação em geral junto ao mercado brasileiro?

Paulo Câmara/ Proximidade com o setor produtivo, com certeza, resume o meu propósito a frente do BNB. Vou estar atento às necessidades e demandas de quem deseja investir no Nordeste, buscando entender os desafios enfrentados e oferecendo soluções financeiras adequadas. Além disso, estou empenhado em incentivar investimentos na região, apoiando projetos de expansão, modernização e inovação. O objetivo é impulsionar o desenvolvimento econômico regional, promovendo a geração de empregos e a competitividade das empresas. Quanto à distribuição de recursos, buscaremos uma alocação equilibrada, levando em consideração diferentes tamanhos e setores, garantindo acesso a financiamento para micro, pequenos e médios empreendimentos, bem como para os setores estratégicos da região. No geral, minha atuação será pautada pela transparência, eficiência nos processos e parceria com o mercado brasileiro, visando fortalecer a economia, fomentar o empreendedorismo e contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.