Neste artigo, quero pontuar sobre uma tendência que vem ganhando espaço e entendo que precisamos compreender melhor: as ferramentas baseadas em inteligência artificial.
Aplicativos como Lensa, ChatGPT e DALL-E são capazes de produzir mídias sintéticas, que atualmente estão sendo amplamente compartilhadas, mas vejo que poucos exploram a estrutura tecnológica que viabiliza essas novidades.
Sem isso, a discussão recai sobre achar que se trata apenas de bolha ou apontar os erros e falhas, ao invés de:
- Explorar em cada ramo de negócio;
- Quais tipos de possibilidades se abrem;
- Mapear oportunidades de uso das tecnologias de IA nos horizontes de inovação.
IA: tendência em foco
Nas previsões de tendências destacadas para esse ano, o professor Scott Galloway declarou que o termo de tecnologia do ano será Inteligência Artificial.
A TrendWatching também destaca a IA como tendência para 2023 e com um foco bem específico: a tecnologia terá cada vez mais um papel de entregar simplificação para as pessoas, que apesar de reconhecerem que os últimos anos foram de avanços tecnológicos, muitas outras complicações foram produzidas para suas rotinas.
O mercado americano já está muito mais avançado no que diz respeito à disponibilidade de ferramentas e adoção de seus usos. É necessário, portanto, iniciar reflexões sobre o tema em aspectos mais práticos do uso dessas ferramentas.
Sinto que o próprio termo Inteligência Artificial parece criar um distanciamento de lideranças ou profissionais de marketing em relação a esse tema. No entanto, o uso do ChatGPT pode oferecer soluções para questões bem cotidianas, como por exemplo a ajuda com um script de vídeo. Para isso, basta saber como dar as instruções claras para a ferramenta.
Essas instruções são chamadas de prompts, e quão melhor a qualidade do prompt melhor o resultado. Abaixo deixo um exemplo bem interessante de como transformar uma instrução em um modelo replicável:
Mídia sintética e marketing
Um destaque que faço é sobre o cruzamento que há entre tendência da mídia sintética e da virada do marketing para um foco cada vez maior na produção descentralizada de conteúdo.
Essa tendência do marketing não é recente, mas o crescimento do TikToke das plataformas de streaming estão acelerando toda a mudança desse cenário.
Como já destaquei anteriormente, a Meta e o Google estão enfrentando desafios imensos em seguir entregando resultados para os seus anunciantes em um ambiente em que o consumidor está cada vez mais avesso às publicidades que interferem em suas experiências. Outro ponto que dificulta são as medidas relacionadas à privacidade de dados que limitam o acesso dessas plataformas a fontes riquíssimas de informação para segmentação de audiência.
Como consequência, acompanhamos no final do ano um movimento de demissão em massa na Meta que impactou 11.000 funcionários. No webinar, Scott Galloway apresentou dados sobre Google, Meta e Amazon, empresas altamente dependentes da receita de publicidade que viram em 2022 as receitas andarem de lado e os custos e headcounts crescendo.
Uma notícia que também ganhou os holofotes foi o do Airbnb comunicando que estava “estrategicamente” cortando os investimentos em ads (anúncios) e direcionando o foco do marketing para branding. Outro indicativo de que o modelo extremamente técnico e preditivo que se consolidou como operação de marketing digital nas empresas está em via de mudar muito rapidamente.
Nos últimos anos, tem havido um rápido aumento no uso de mídia sintética no marketing de conteúdo. A mídia sintética é um tipo de mídia que é criada com a ajuda de inteligência artificial (IA) e algoritmos gerados por computador.
Essas mídias podem ser usadas para criar imagens, vídeos e até mesmo conteúdo de áudio. Com a ajuda das mídias sintéticas, profissionais de marketing podem criar conteúdos mais rápido (se não até mais criativos).
Estamos em um momento de transição do marketing técnico para um marketing mais orgânico e o principal desafio nesse movimento está em como escalar a produção de conteúdos sem perder a criatividade.
A mídia sintética usa IA para criar conteúdos de forma rápida e barata. Isto é bom para aqueles que procuram avançar na frente de produção e desenvolvimento de conteúdo, justamente com alternativas às mídias de performance que estão se mostrando cada vez menos capazes de escalar. Ou seja, é preciso encontrar novas formas de aquisição e conversão de clientes e, ao mesmo tempo, reduzir os custos de criação de conteúdo.
O que colocar no radar?
Sei que o ChatGPT é a ferramenta do momento quando pensamos em IA (e ele é válido), mas fiz uma curadoria de apps e montei uma lista de ferramentas com foco em produção de conteúdos que são opções mais interessantes.
- Adobe Character Animator: Ferramenta que pode ser usada para criar personagens 3D realistas para vídeos e animações.
- Adobe Creative Cloud: Conjunto de ferramentas que pode ser usado para criar imagens visuais, tais como imagens e logotipos de produtos.
- Lyrebird AI: Pode ser usada para criar conteúdo de áudio realista.
- Supernormal app: Faz anotações detalhadas e transcreve reuniões. Basta conectar a conta do GMeet ou Zoom que ele faz o resto para você.
- Descript: A plataforma oferece transcrição e edição de áudio e vídeo.
- Midjourney: A ferramenta cria imagens realistas a partir de comandos enviados pelos usuários e pode ser acessada via Discord.
- WriteSonic: Escreve textos otimizados para SEO com até 1.500 palavras em menos de 15 segundos. Funciona para diferentes formatos: blogs, landing pages, anúncios, e-mails, descrições de produtos e muito mais.
- ManyChat: Automatize conversas interativas em mensagens diretas do Instagram, Facebook Messenger e SMS.
- Lumen5: A ferramenta promete combinar IA com uma interface simples para criar conteúdo de vídeo profissional em minutos.
- MarketMuse: A solução fornece dados que ajudam as equipes de conteúdo a tomar decisões informadas sobre qual conteúdo criar, qual atualizar e como fazê-lo.
Por fim, é preciso ponderar
Quero terminar esse artigo retomando um ponto que levantei no começo do texto: a necessidade de reflexão e de filtro.
As tendências e novas tecnologias podem chamar a atenção, mas nem tudo funciona para todas as pessoas e empresas. Creio que a mídia sintética veio para revolucionar o marketing e seguimos rumo a uma área focada na produção descentralizada de conteúdo.
Agora, só resta preparar a sua estratégia, começar a atuar e participar do desenrolar da história. O que você acha? Vamos conversar nos comentários?
Felipe Ladislau
Sócio da Organica uma aceleradora de pessoas e negócios que já colaborou com mais de 100 empresas como Hering, Modal Mais e Studio Z. Mais de 14 anos de experiência liderando projetos multidisciplinares complexos em planejamento estratégico, marketing e gerenciamento de produtos. Formada em Marketing e pós-graduada em Branding.