Entenda porque a construção de uma imagem sólida é fundamental para influenciadores e marcas no cenário digital atual
Um dos maiores investidores financeiros do mercado global, Warren Buffett, afirmou que são necessários 20 anos para construir uma reputação — mas ela pode ser arruinada em apenas 5 minutos. Em janeiro, uma planilha com nomes de dezenas de influenciadores e detalhes sobre sua postura e relacionamento com agências foi compartilhada na internet.
Entre vídeos de esclarecimento e comentários evasivos, a polêmica nos leva a questionar: o que realmente define a confiabilidade de um influenciador? Sua base de seguidores? O engajamento? Ou a imagem que ele transmite?
De acordo com um levantamento realizado pela BR Media Group, uma das principais empresas de marketing de influência e conteúdo da América Latina, 71% da população brasileira segue algum influenciador. Não é à toa que somos o país líder mundial em número de influenciadores digitais: já passa dos 500 mil (para chegar a esse dado, foram considerados usuários com mais de 10 mil seguidores no Instagram).
O que estaria por trás dessa adesão em massa? Autenticidade é um dos ingredientes dessa receita. Para Mila Costa (@nocasomila), influenciadora cearense com mais de 600 mil seguidores no Instagram, a conexão com os seguidores só é durável quando se cria uma identificação. “O que faz o vínculo durar, para além da piada, do humor, é mostrar quem você é. Quanto mais você mostra quem é, mais duradoura é a relação”, aponta.
Para Pedro Freitas (@explorecomigo), que indica experiências gastronômicas e culturais para mais de 700 mil seguidores em seu Instagram, a transparência é fundamental. “Eu me permito ser real, mostrar meus desafios, minhas inseguranças e até quando erro. Isso gera conexão, porque ninguém quer seguir alguém que parece perfeito o tempo todo”.
A relação com o mercado publicitário
Apropriando-se dessa credibilidade, as marcas apostam cada vez mais em marketing de influência. Se para algumas, a estratégia é vaga, para outras, é uma oportunidade: apenas em 2024, US$ 24 bilhões foram investidos nesse mercado. Os números não mentem: funciona.
Mas com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. Para associar seu nome, as empresas fazem seu dever de casa. Com ajuda da inteligência artificial, influenciadores são estudados, bem como seus nichos e métricas para identificar seu potencial de retorno em uma campanha publicitária — e minimizar os danos em uma possível crise de imagem.
Por isso, o profissionalismo — que pouco se viu na controversa planilha vazada — é um diferencial que vale a pena incorporar. Pontualidade, responsabilidade e compromisso com suas entregas são fatores que têm tanto valor quanto uma extensa base de seguidores ou uma taxa de engajamento alta. Se o carisma visto na frente das telas não se refletir nos bastidores, a parceria perde valor comercial.
A cultura do cancelamento
Uma boa reputação está longe de ser inabalável. A confiança que se constrói com sua audiência não é à prova de balas — nem de polêmicas. Segundo um estudo feito pelo Instituto QualiBest, em parceria com a Spark, powerhouse paulista de marketing de influência, 48% dos usuários que seguem influenciadores já participaram de um boicote virtual, motivados por atitudes contrárias e defesas de temas sociais sensíveis.
Paula Sampaio (@paulinhasampaio), influenciadora e blogueira há mais de 15 anos, concorda que o público tem sido cada vez mais exigente com quem seguem. “Os seguidores estão mais atentos. Não basta postar um conteúdo legal, é preciso oferecer algo a mais, com valor”, defende.
A era da influência digital tem proporcionado oportunidades excepcionais — assim como complexos desafios. A relação entre criadores de conteúdo, marcas e seguidores nunca foi tão frágil. Um descuido pode custar não apenas parcerias, mas a confiança de toda uma audiência. E como bem pontuou Buffett, essa é uma perda difícil de recuperar.
