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O mercado de trabalho segundo os futuros profissionais: confira a perspectivas dos estudantes de jornalismo sobre o tema

Por Luiza Sampaio

07/08/2023 10h22

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Clarice, Mirella, Bruna e Gabriel contam suas experiências na graduação

Os primeiros passos da carreira de um profissional nascem durante a faculdade. No engatinhar do conhecimento específico no curso escolhido, muitas novidades chegam, curiosidades são esclarecidas, expectativas são superadas ou frustradas, e tudo parte da experiência de cada estudante. Esse processo diz muito sobre o profissional que irá nascer, mas será que o mercado de trabalho está pronto para acolher esses aprendizes? Questionamos alguns universitários sobre suas perspectivas para o mercado de trabalho que os espera e ao longo da semana do estudante, o Nosso Meio irá contar um pouco dessas histórias.

Distribuídos em 05 episódios, ao longo da semana do estudante, as áreas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Marketing, Design e Administração serão exploradas.

Jornalismo é uma área que surpreendentemente possui uma gama de atuações. Fora da redação, esses profissionais se encontram nos bastidores da sociedade, na comunicação das empresas, dos artistas, dos políticos e das realidades que permeiam as cidades. No trabalho de apuração dos fatos, é por meio dos jornalistas que a informação chega em todos os lugares e conectam histórias de vida, unindo a opinião e o interesse público em um único propósito: a transformação do contexto social. 

Vem conferir o que os futuros jornalistas visualizam para o mercado de trabalho:

Clarice Sousa – Estudante da Unifor

Estou cursando o quarto semestre de Jornalismo, teoricamente a metade do curso e o mercado de trabalho ainda é algo que me gera questionamentos. Atualmente, é possível que o jornalista atue em diversas áreas, gerando várias possibilidades e isso, de certa forma, me tranquiliza de forma moderada, uma vez que na graduação somos ensinados que um jornalista deve saber um pouco de tudo. Minha expectativa para o mercado de trabalho é que eu consiga me estabilizar em um bom veículo de imprensa e consiga construir uma carreira sólida, o quanto antes, algo que eu sei que é difícil para muitos. Acredito também que o mercado vai ficar ainda mais dinâmico, tendo em vista que a comunicação tem se expandido ainda mais e migrando intensamente com a publicidade e o marketing.

Mirella Mirla – Estudante da Estácio

“Vejo no Jornalismo a oportunidade de experimentar e vivenciar várias áreas de atuação. Muita gente chega para o estudante da graduação e questiona quando ele vai estar na TV, mas a profissão vai bem mais além disso, existe um leque de possibilidades e isso é excelente. Minhas perspectivas é que isso aumente a cada dia, principalmente no campo do jornalismo multimídia, onde o jornalista precisa produzir e adaptar um conteúdo em diversas formas, seguindo todas as transformações que ocorrem com o avanço da tecnologia. Creio que estar por dentro dessas transformações e dominar a técnica jornalística é o caminho para quem está começando no mercado de trabalho agora.

Bruna Lira – Estudante da Estácio

Como estudante de jornalismo, acredito que é um mercado promissor e vasto, considerando que os olhares estão se voltando cada vez mais ao setor da Comunicação dentro das empresas. É preciso, no entanto, perseverança e muito esforço, claro.

Aos estudantes ainda no início da graduação, aconselho fazer contatos (rede de networking), construir boas relações, bem como buscar capacitação profissional para além das salas de aula da faculdade. Acredito que são pilares fundamentais para alcançar as vagas almejadas!

Gabriel Damasceno – Estudante da UFC 

“Sou Gabriel Damasceno, tenho 21 anos, e sou estudante de jornalismo na Universidade Federal do Ceará (UFC). Estou indo para o sexto semestre do curso, que já meio que se encaminhando para o final. Se tudo der certo, é para que eu me forme no final do ano que vem.

Sobre minhas perspectivas sobre o mercado de trabalho, acho que a palavra que melhor define o que eu penso é “incerteza”. E isso vai desde antes de eu entrar no curso. Na época do vestibular, por exemplo, sempre que eu ia atrás de outros estudantes, escutava as mesmas coisas: que a profissão estava sendo cada vez mais precarizada, que existia uma pressão muito alta e que, em muitos casos, a remuneração não era muito boa. 

Fiz o Enem em 2020, na época da pandemia. Tinha toda a questão da hostilidade do governo contra jornalistas que, em alguns casos, chegavam casos de agressões físicas. Então, eu acabava ficando muito incerto sobre seguir ou não na carreira.

Pois bem, depois de começar o curso, as mesmas coisas eram ditas pelos professores. Comecei a estagiar pela primeira vez quando estava no segundo semestre. Não era em um jornal. Era como social media em uma rede de clínicas. E, assim, muitas das coisas que eram citadas dentro da sala de aula meio que se concretizaram. Principalmente na questão da precarização.Minha função era de social media, mas acabava que eu fazia muitas outras coisas.

Hoje sou estagiário de um jornal daqui de Fortaleza e acredito que já entrei no mercado de trabalho bem preparado e consciente sobre a realidade da profissão. Acho que foi até bom que esse debate tenha existido dentro da sala de aula. 

Teve uma cadeira em específica que, se eu não me engano, se chamava “Transformações no mercado de trabalho do jornalismo”, da professora Naiana Rodrigues, que foi muito importante para mim. 

Nas aulas ela sempre debatia sobre a precarização da profissão e como isso acabava afetando até mesmo a própria saúde mental do profissional. Por exemplo, é muito comum que as pessoas sejam sobrecarregadas com trabalho e, mesmo se matando para fazer tudo a tempo, sentem que não estão fazendo um bom trabalho. Sentem que não estão sendo boas o suficientes.

Nas aulas, ela sempre falava que a gente necessariamente não devia se sentir mal. Se uma matéria não ficou muito boa, sendo que a gente teve pouquíssimo tempo para apurar e escrever, a culpa não é nossa. A culpa é da lógica de produção a qual a gente tá inserido. Claro que nosso chefe vai reclamar e tal, mas fico muito mais tranquilo como pessoa.

Bom ressaltar, que o que estou falando sobre a cadeira da Naiana é o básico do básico do que ela falava. As discussões costumavam ser bem aprofundadas.

“O que passa pela minha cabeça, no momento, é que esse modelo de produção de jornais tradicionais não é mais suficiente. Tanto logicamente, quanto socialmente. Com pouco tempo não temos tempo de apurar uma história mais a fundo, de ser mais crítico. Gosto bastante de onde trabalho hoje. Tenho bastante liberdade no que escrevo, mas, no futuro, tenho muito interesse em trabalhar em veículos independentes.