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O Paradoxo da Era da Inteligência Artificial e a Busca pela Humanização no Marketing

Por Redação

28/01/2025 10h50

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Por Gabrielli Romeiro, Gerente Executiva na Organização Educacional Farias Brito

Vivemos em uma era marcada por um paradoxo fascinante: enquanto a inteligência artificial (IA) avança rapidamente, a necessidade de humanização e personalização no marketing nunca foi tão exigente.

Somos diariamente impactados por milhares de informações, em um volume tão grande que se torna difícil filtrar o que é relevante ou identificar o que é verdadeiro em um primeiro contato. Para os profissionais de marketing, isso representa um desafio único: como utilizar a IA para atender à expectativa de personalização hipersegmentada exigida pelo consumidor moderno?

O consumidor atual não se impressiona mais com e-mails que mencionam seu nome. Isso deixou de ser um diferencial e passou a ser o mínimo esperado. Hoje, marcas precisam entender seus clientes em um nível profundo: suas cores preferidas, seus valores, seus hábitos de consumo e até mesmo os pequenos detalhes que compõem suas decisões de compra.

A IA tem um papel crucial nessa jornada. Em campanhas de e-mail marketing, por exemplo, é possível criar peças personalizadas com base em dados do CRM, como alterar cores, mensagens e gatilhos com base no comportamento do cliente. No entanto, em campanhas macros, alcançar esse nível de personalização ainda é desafiador.

Defendo que o conceito tradicional de persona precisa evoluir. Com os dados amplos e abertos que temos hoje, a criação de personas muitas vezes falha em capturar a complexidade e a individualidade do cliente. Em vez disso, o foco deve estar no ICP – Perfil do Cliente Ideal –, que leva em consideração dados concretos e comportamentais alinhados ao objetivo do negócio.

A ilustração a seguir demonstra claramente essa evolução:

  • Rei Charles III
  • Gênero Masculino
  • Nascido em 1948
  • Cresceu no Reino Unido
  • Se casou duas vezes
  • Vivo em um castelo
  • Rico e famoso
  • Ozzy Osburne
  • Gênero Masculino
  • Nascido em 1948
  • Cresceu no Reino Unido
  • Se casou duas vezes
  • Vivo em um castelo
  • Rico e famoso

Embora Príncipe Charles e Ozzy Osbourne compartilhem características demográficas semelhantes, suas necessidades, desejos e comportamentos são completamente diferentes. Criar estratégias baseadas apenas nesses dados superficiais seria um erro grave para qualquer marca que busca se conectar de forma real com seu público.

IA: Ferramenta, Não Solução Final

A inteligência artificial, aliada a um CRM robusto e bem estruturado, pode facilitar a hiperpersonalização, mas nunca substituirá a necessidade de um planejamento estratégico sólido. É fundamental mapear os processos desde a prospecção até o pós-venda, identificando os pontos de contato em que a automação pode agregar valor sem perder a empatia.

Ferramentas como relatórios de tendências da WGSN e insights de mercado são essenciais para criar réguas de relacionamento que realmente conversem com o cliente. A IA ajuda a automatizar e escalar essas estratégias, mas a essência de tudo começa com pesquisa, apropriação e a vontade de fazer mais e melhor.

Neste carnaval de possibilidades proporcionado pela IA, as marcas que mais se destacam são aquelas que conseguem criar experiências verdadeiramente personalizadas, onde o consumidor se sente único e valorizado. O sucesso depende de combinar o melhor da tecnologia com o melhor da empatia humana.