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O que difere um festival nacional de um regional?

Por Redação

10/10/2025 18h00

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Por Larissa Campelo, diretora da Dot. Promo em Fortaleza

Não quero falar sobre guerra de regiões, nem trazer o mérito de qual é melhor ou mais importante. Mas, geralmente, quando pensamos em festivais nacionais e regionais, quais são os primeiros pontos de diferença entre eles que vêm à nossa cabeça? O lugar? O tamanho do evento? O número de pessoas impactadas? O valor investido? A quantidade de empregos que gera? É comum imaginar que essas perguntas definam a diferença entre eles, mas e se olharmos por outra lente? O que realmente diferencia um festival é a capacidade de traduzir as particularidades do seu público.

Todo evento merece, e tem, um tratamento adequado de acordo com a localidade em que acontece, e isso se dá ao fato de que cada região e público tem suas próprias singularidades. Observe os exemplos: em setembro de 2023, o autódromo de Interlagos (SP) recebeu a primeira edição do The Town, festival de música pop nacional. Seu modelo de produção foi pensado para o público urbano, diverso e conectado ao mercado do entretenimento global, com ingressos vendidos em plataformas digitais, line-up com artistas internacionais e uma estrutura comparada a festivais do exterior.

Enquanto isso, em junho do mesmo ano, o São João de Campina Grande (PB) reuniu 3 milhões de pessoas ao longo de um mês inteiro de festa. E diferentemente do The Town, o evento não se trata de concentrar experiências em poucos dias, mas de criar um ambiente prolongado de festejos. Essa produção está diretamente ligada à localidade, desde a programação artística, que mistura nomes nacionais com artistas regionais, até a forma como a gastronomia, as quadrilhas e a decoração compõem uma atmosfera que só faz sentido nesse contexto.

O que vemos aqui, não é uma questão de tamanho/relevância, mas de particularidade. Mas, afinal, porque um é chamado de regional e o outro de nacional? Se ambos movimentam notoriamente a economia, cultura e sociedade, como podemos distingui-los em prateleiras? Será que é porque tudo relacionado ao Nordeste é rotulado como regional?

Isso me lembra a máxima da Aldeia Global defendida por McLuhan, onde toda sociedade seria interligada através de comunicação e tecnologia, e dessa forma, o que uma pessoa fizesse de um lado, outras milhares de pessoas poderiam acessar do outro lado. Hoje, isso se tornou real a partir da internet e globalização, e nos traz a responsabilidade de pensar globalmente, mas agir localmente. Isto é, ter a visão do todo, mas respeitando a singularidade de cada local.