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O suprassumo da logística da Amazon no Japão

Por Redação

11/07/2025 16h35

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Por Victor Ximenes, colunista e comentarista de Economia do Sistema Verdes Mares

Lembrei instantaneamente de ‘Eu, Robô’, clássico livro de Isaac Asimov, ao conhecer o Centro de Distribuição (CD) da Amazon, em Chiba Minato, nas imediações de Tóquio, Japão. Em uma das estações, centenas de robôs se acoplam a prateleiras com produtos e as movem minuciosamente em um balé que deixou dezenas de jornalistas estupefatos. 

Aliás, o Diário do Nordeste foi um dos quatro veículos da América Latina convidados pela gigante do e-commerce global para o Delivering the Future, evento exclusivo no qual a companhia compartilha com a imprensa internacional as tendências em logística.

A robótica é uma das principais frentes de disrupção na qual a Amazon investe com robustez. Nenhuma empresa do planeta possui mais robôs que a companhia fundada por Jeff Bezos. No Japão, celebraram a marca de 1 milhão de robôs em operação no mundo, número que deve seguir em escalada.

No CD de Chiba Minato, eles passeiam entre os funcionários, que já convivem harmonicamente com as máquinas. Por lá, são 2,5 mil humanos. Segundo executivos da Amazon, a ideia é que os CDs sempre contem com humanos, mas que eles estejam em funções estratégicas e de menor risco físicos. Os robôs que movem as prateleiras, por exemplo, facilitam o trabalho de humanos que, nesse caso, deixam de se locomover pelos quarteirões do hub para buscar produtos.

Já havia visitado o CD da empresa no Ceará, em Itaitinga, e a comparação foi inevitável. As operações no Brasil ainda são mais artesanais. A companhia não implementa robôs indiscriminadamente em todos os seus mercados; na verdade, analisa as peculiaridades de cada um deles antes de tomar decisões desse porte. No Brasil, a inserção desse tipo de tecnologia deverá ser feita em breve, mas com cautela.

Durante a press trip, a Amazon anunciou ainda sua nova IA, a deepfleet, que promete um ganho de eficiência de 10%, ao garantir trajetos mais rápidos no trânsito dos robôs dentro de suas instalações. A empresa é obcecada por entregas rápidas e tenta eliminar cada segundo possível do processo logístico. 

Em Fortaleza, mesmo sem robôs, já entregam no mesmo dia em alguns cenários, mas a ideia é sempre acelerar. A praça brasileira é estratégica para o plano de crescimento global da Amazon. Nos países desenvolvidos, a empresa não vê mais grandes margens para expansão, então, mira com atenção os mercados emergentes, como Brasil e México.

No caso do Brasil, em logística e velocidade, a Amazon larga com vantagem na corrida do e-commerce, mas a concorrência de Shopee e Mercado Livre vem acirrando o setor, pois esses players possuem outros pontos fortes, como variedade de produtos em mais segmentos e preço convidativo. 

Essa guerra das compras online está apenas começando. E para o consumidor, é um bom negócio.