Alguns estágios da doença podem chegar a interferir no rendimento dos colaboradores
De origem inglesa, a palavra “burnout” pode ser traduzida como “queimar-se por completo” ou entrar em combustão. Ela dá nome a uma síndrome relacionada ao esgotamento físico e mental associado ao trabalho. De acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma), 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com o problema.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu, em 2019, que o burnout deveria ser considerado uma doença ocupacional. A mudança foi oficializada no dia 1º de janeiro de 2022.
“Essas pessoas apresentam sintomas de ansiedade, estado depressivo, baixa autoestima e variações de humor excessivas. Além disso são comuns as dores fisicas, como dor de cabeça, insonia, cansaço excessivo e falta de ar, isso afeta diretamente a condição desse trabalhador”, afirma a psicóloga clínica especialista em Saúde Pública, Ticyane Candeia.
Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e o alto índice de demissões no país, os profissionais sentem uma cobrança diária por melhores qualificações e bons resultados.
“Hoje a industria pede que funcionários acumulem funções, estejam disponíveis o máximo de tempo, e é humanamente impossível ser cinco pessoas em uma só. Não responder ao sistema causa demissões e o medo por não se manter no emprego traz esse estresse constante”, afirma a psicologa.
Todo profissional pode desenvolver a síndrome. Os principais grupos de risco são profissionais da saúde como médicos, enfermeiros e cuidadores, professores, jornalistas, atendentes de telemarketing, bancários e agentes de segurança, como policiais, vigilantes e guardas penitenciários.
As novas tecnologias também ajudaram a trazer um novo olhar sobre as atividades profissionais. Um sintoma recorrente é a “conexão o tempo todo” das pessoas com a internet e o trabalho home office. O uso do celular aumenta a mobilidade e dilui a fronteira entre a vida pessoal e a profissional, que é levada para casa. “Quando a gente entra no home office, esquecemos que precisamos parar de trabalhar. O computador está disponível o tempo todo, o celular não para de tocar e sua casa deixa de ser um local de descanso e passa a ser um local estressante, porque as questões do trabalho afetam o ambiente”, pontua Ticyane.
O diagnóstico da Síndrome de Burnout não é fácil. A condição pode ser confundida com depressão e estresse gerado por situações pessoais. Para a correta avaliação, psicólogos e psiquiatras levam em conta o histórico do paciente, a combinação de fatores internos e externos e seu envolvimento e satisfação no trabalho.
O que os líderes empresariais podem fazer?
Desenvolva uma estratégia de avaliação:
Assim como você estudaria seu público-alvo antes de uma apresentação, você precisa entender as necessidades de seus colaboradores e avaliar o clima do ambiente de trabalho. Peça feedback aos colaboradores, conduza pesquisas anônimas ou use um estudo em grupo para encontrar maneiras de fazer melhorias.
Construa uma rede de apoio:
A comunicação ajuda a criar conexões sociais significativas no trabalho e, com o tempo, essa camaradagem cria resiliência emocional e lealdade à marca. Crie oportunidades para os colegas se socializarem, por exemplo, durante aulas em grupo, happy hours, almoços e muito mais.
Elimine a cultura de “pessoa muito ocupada”:
Isso acontece quando as empresas incentivam hábitos de trabalho pouco saudáveis. Se os colaboradores são pressionados a trabalhar horas extras, competir uns com os outros ou de outra forma correr para o trabalho, isso cria um frenesi improdutivo e estresse. Para contrabalançar a cultura ocupada e evitar o esgotamento, dê aos colaboradores mais autonomia sobre seu trabalho e horário.
Incentive os colaboradores a tirar uma folga:
As pessoas precisam de um tempo livre para relaxar fora do trabalho. Se você notar que as pessoas não estão usando o tempo de férias, faça uma declaração para toda a empresa sobre isso. Às vezes, os colaboradores se sentem culpados por tirar férias, especialmente durante os períodos de maior movimento, então podem precisar de incentivo adicional.
Ofereça programas de assistência e benefícios:
Ajude a apoiar a saúde mental de seus colaboradores, oferecendo programas de assistência, incluindo, por exemplo, aconselhamento, inscrição em academias de ginástica e programas de meditação. O exercício é uma das maneiras mais eficazes de combater os sentimentos de ansiedade e depressão, dois resultados comuns do esgotamento crônico.