Na 1ª parte do especial sobre o Outubro Rosa, apontamos os dados sobre a incidência de câncer de mama no Brasil e a importância das redes de apoio para quem enfrenta a doença
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, correspondendo a 28% dos novos casos da doença na população feminina, conforme dados publicados pelo Ministério da Saúde. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o número estimado de novos casos de câncer de mama para o triênio de 2023 e 2025 é de 73.610, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. No Nordeste, o risco estimado corresponde a 52,20 casos a cada 100 mil mulheres.
No estado do Ceará, são esperados pelo menos 3.080 novos casos da doença por cada ano do triênio de 2023 e 2025, o que corresponde a um total de 9.240 casos. Este fator de risco é maior em mulheres acima dos 50 anos. Entretanto, segundo o Dr. Leandro Lacerda, médico mastologista do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e Diretor Clínico do Hospital Haroldo Juaçaba, é recomendado que os exames de prevenção sejam realizados a partir dos 40 anos.
“Os exames de rastreio são recomendados a serem feitos a partir dos 40 anos, anualmente. Então, a mamografia é recomendada que seja feita, pelo menos, uma vez por ano. Existem exceções para pacientes de alto risco, com mutações genéticas, que são recomendadas a fazer o exame a partir dos 35 anos”, explica. “A mamografia ainda é o padrão ouro entre os exames, mas em alguns casos a gente associa esse exame à ultrassonografia e à ressonância magnética para se ter mais precisão”.
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Apoio Emocional
Nos casos de mulheres que já receberam o diagnóstico de câncer de mama, é necessário também se atentar ao estado emocional. Uma análise de 22 artigos das bases LILACS, SciELO e PubMed revelou que os sintomas depressivos eram comuns entre mulheres em tratamento quimioterápico e radioterápico, variando de 51,5% a 95%. A prevalência de depressão maior variou de 1,78% a 12,40%.
Segundo Elaine de Tomy, psicanalista e vice-presidente do Instituto Revoar, a diversidade de emoções despertadas, como medo, raiva, angústia e insegurança, precisa ser tratada com seriedade. Ela enfatiza a importância de integrar o tratamento psicológico ao diagnóstico médico, destacando a necessidade de diálogo diário e apoio de entes queridos.
“Nesse momento, o auxílio deve ser constante, enfatizando que a mulher não está sozinha e que é possível superar essa fase”, afirma.
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O Papel das Empresas
O Outubro Rosa é uma campanha que visa alertar mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama – e, mais recentemente, câncer de color de útero. No Brasil, as campanhas de conscientização existem desde 2002, mas só foram instituídas por lei federal em 2018, após aprovação da PL nº 3.010/15 pelo Senado Federal.
Durante o mês de outubro, órgãos públicos e empresas privadas adotam o famoso Laço Rosa, em apoio a causa. Entretanto, o médico mastologista e vice-presidente do Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (GEEON), Dr. Paulo Vasques aponta que as companhias podem desempenhas papel mais significativo, indo além das campanhas socioeducativas, implementando políticas de saúde que promovam o bem-estar físico e emocional das suas colaboradoras.
“As empresas e organizações privadas podem desempenhar um papel significativo no combate ao câncer de mama tanto no ambiente interno quanto externo. Internamente, elas podem promover campanhas de conscientização, oferecer exames preventivos gratuitos ou subsidiados para suas colaboradoras, e adotar políticas que facilitem o acesso ao tratamento, como licença médica adequada e apoio psicológico. Externamente, podem patrocinar eventos de conscientização, apoiar ONGs voltadas ao câncer de mama e colaborar com ações comunitárias durante todo ano e principalmente no Outubro Rosa. A visibilidade dada por essas empresas ajuda a ampliar a conscientização social e incentiva a prevenção e detecção precoce”, explica.