Comunicar no setor público é muito mais do que informar: é transformar políticas em direitos acessíveis à população. Foi com essa missão que Allisson Bacelar começou sua carreira, ainda jovem, percorrendo diferentes áreas da comunicação, como portais de notícias, jornal impresso, rádio e assessoria de imprensa, onde decidiu se estabelecer e fazer carreira.
Entre os marcos que definiram sua trajetória, Allisson recorda o convite para assumir, aos 27 anos, o cargo de secretário executivo de comunicação da Prefeitura de Teresina (PI). “Na época, eu já tinha quatro anos de trabalho na gestão municipal atuando na assessoria de algumas secretarias e como gerente de imprensa da Secretaria de Comunicação, e o prefeito me deu essa oportunidade.”
A experiência em diferentes esferas governamentais proporcionou a Allisson uma visão ampla sobre o papel da comunicação no setor público: “Ter passado pelas esferas municipal, estadual e, agora, federal, me dão ampla visão de como a comunicação pública é importante e necessária. Através dela, comunicamos, informamos e resolvemos conflitos de interesse público e contribuímos para o bem coletivo, à medida que levamos até a população dados que afetam diretamente seu dia a dia.”
Sua liderança se distingue pela escuta ativa e pelo incentivo à colaboração. Para ele, coordenar uma equipe de comunicação só é eficaz quando há também uma gestão atenta às pessoas.
“Eu apresento e troco ideias com a equipe de forma que todos contribuam e façam parte do trabalho. Uma ideia ou uma campanha nunca é só de uma pessoa, é de todo o grupo. Vejo muitos da nossa equipe trabalhando e se engajando porque eles veem as ideias deles aplicadas ali também. Atuo como um maestro de uma equipe, onde tenho que entender e administrar o potencial de cada um, sabendo também que cada um tem uma forma de se motivar diferente.”
Desafios e oportunidades
No MDS, Allisson enfrenta diariamente o desafio de comunicar políticas públicas complexas a um público diverso: “O grande desafio da comunicação de políticas públicas é fazer com que a população, principalmente a parte mais vulnerável, saiba, de forma clara, o que elas têm por direito. Precisamos fazer chegar nas diversas camadas da sociedade, informações que vão permitir que essas pessoas tenham acesso a benefícios que podem mudar suas vidas.”
Para alcançar essa efetividade, a criatividade e a inovação caminham lado a lado com a estratégia: “As boas e grandes ideias só terão efeito se saírem do papel. A liberdade criativa sempre vem primeiro, depois analisamos os riscos e a viabilidade. Tudo é feito com bastante responsabilidade, mas também visando inovar e fazer constantemente algo novo.” Um exemplo disso foi a campanha “Caminhos para um Brasil sem Fome”, premiada em três categorias no Prêmio Colunistas de Brasília, que uniu estética e eficiência na comunicação da mensagem.
Allisson comenta, ainda, que essa busca por inovação está sempre alinhada a princípios éticos e à responsabilidade social. “Na comunicação pública, ESG não é apenas um conceito corporativo, mas um princípio que norteia decisões e impacta diretamente a vida das pessoas. Ao comunicar políticas como programas de combate à fome, de geração de renda ou de inclusão social, busco sempre reforçar o ‘S’ de social. Por fim, o ‘G’ que passa pela governança da informação: clareza, confiabilidade e responsabilidade no que é transmitido.”
O jornalista também valoriza a reputação como base da confiança pública. “A reputação é o principal ativo que uma pessoa ou instituição pode ter. Ela é construída no passo a passo, demora e se solidifica na base da confiança, da verdade e da repetição. Crises que vêm e vão serão melhor superadas tendo uma boa reputação.”
Ao olhar para o futuro da comunicação governamental, ele destaca a importância de escutar e inovar constantemente: “O maior termômetro da efetividade da comunicação pública vem com os movimentos que ela causa… Todos esses sinais devem ser analisados, dosados e utilizados na construção das estratégias de comunicação. Creio que ainda há espaço para inovação e implantação de sistemas comunicativos que diminuam barreiras e tornem a troca de informações mais rápida e clara.”
Seu legado, segundo ele, será mostrar que a comunicação pública pode ser técnica, ética e humana. “O que espero deixar é a certeza de que comunicar no setor público não é apenas informar, mas servir transformando dados e políticas em mensagem que chegam às pessoas com clareza e esperança”, conclui.
