O doutor em Economia pelo Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rogerio Sobreira, foi nomeado em agosto de 2024 o novo economista-chefe do Banco do Nordeste (BNB). O profissional é responsável por oferecer assessoria ao presidente e à Alta Administração do Banco nas decisões com impactos econômicos e sociais, além de avaliar o cenário macroeconômico nacional e mundial e seus reflexos sobre a área de atuação do Banco.
A atuação profissional de Sobreira acumula experiência acadêmica e executiva. Ao Nosso Meio, ele revela detalhes de sua trajetória profissional, avalia quais serão os desafios à frente do cargo e, ainda, compartilha o que faz nas horas livres para manter equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Escolhido pela Economia
Quem olha para a trajetória de Rogerio Sobreira pode pensar que a escolha pela profissão foi muito acertada. Mas, o detalhe que ele contou ao Nosso Meio é que na verdade não a escolheu de forma tão intencional assim, mas sim foi escolhido por ela: “sou uma pessoa muito abençoada. Na época do vestibular, não passei na minha primeira opção, que seria Arquitetura, mas passei na segunda – Economia – e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”.
Quando estava no Mestrado, teve maior clareza sobre sua preferência pela linha da economia ligada ao desenvolvimento. Por isso, há bastante tempo tem se aprofundado nesta linha de estudos, buscando entender cada vez mais o papel dos bancos neste processo, suas limitações e, claro, seu importante papel para alavancar economias. Ele afirma que sua preocupação passou a ser mais voltada para estudar iniciativas que pudessem atenuar os movimentos cíclicos e que auxiliem instituições como os bancos de desenvolvimento, e isto se refletiu tanto em publicações acadêmicas sobre o assunto quanto na sua atuação em cargos mais executivos, até chegar à posição atual, como economista-chefe do BNB.
Nordeste: mais oportunidades que desafios
Questionando sobre os desafios que ele enxerga atualmente, Rogerio Sobreira afirma que o principal deles é ampliar e aprofundar a atuação do BNB de forma mais sustentável, dado o peso e a abrangência que a instituição tem.
“O Banco está cada vez mais indo ao mercado buscar recursos exatamente para complementar a sua atuação, e isso depende muito da capacidade de buscar recursos a custos adequados. Por outro lado, olhando aqui para a região, naturalmente é importante que a gente aprofunde o entendimento de quais são as principais dificuldades que ela tem neste aspecto de investimentos sustentáveis e quais são as oportunidades. Vale dizer que a região tem mais oportunidades do que desafios”, defende.
Para potencializá-las, o banco cumpre importante papel como articulador com outras instâncias e instituições de governos e mercados, que permitam apoiar investimentos para que o cardápio valioso que a região oferece seja aproveitado.
Exemplo disso é o potencial da região no campo das energias renováveis. O BNB procura apresentar para o investidor, que quase sempre está atento a mais de um investimento, quais possibilidades existem neste campo em termos de evolução, como também em tudo o mais que a região oferece.
“Existem outras questões, de custos, que não estão inteiramente no controle do banco, mas que são questões herdadas da macroeconomia, e que o banco pode pensar em formas de mitigá-las parcialmente para viabilizar esses investimentos. Claro, tudo dentro de uma estratégia, com planejamento e a partir das escolhas das prioridades e dentro dos limites das regras do regular, o Banco Central”, acrescenta.
“Não somos máquinas, somos humanos”
Fazer pausas e equilibrar vida profissional e pessoal é fundamental, como defende Sobreira. “Não somos máquinas, somos humanos, e o descanso mantém nossa criatividade de pensamento em patamares mais elevados”, diz.
Para renovar as forças, o economista-chefe conta que a filha de seis anos e meio é uma das principais responsáveis por esta missão, com as atividades simples realizadas com ela, como leitura, passeio no parque e ir a peças infantis. Além disso, fazer caminhada, nadar e ler temas como romances e biografias, estão entre seus hobbies, além de, não menos importante, promover e participar de encontros com amigos.
Se tivesse mais tempo livre, Sobreira diz que faria coisas muito pouco diferente do que faz hoje. Estudar mais macroeconomia, mais mercados, mais literatura em geral, viajar mais, consumir arquitetura, conhecer outras realidades e outras culturas, em resumo, faria mais o que já gosta de fazer atualmente. Como causa na qual deseja se envolver, está a popularização da educação financeira, de forma a transformar a realidade do maior número de pessoas.
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