Quarta edição do estudo “O Cenário do RH no Brasil” traz um retrato do mercado de trabalho no país; 3.821 profissionais foram ouvidos durante o CONARH 2024
A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), em parceria com a Umanni, empresa de tecnologia para gestão de desempenho e performance, apresenta os resultados da 4ª edição da pesquisa “O Cenário do RH no Brasil”, que analisa as transformações que estão moldando o futuro do trabalho no país. Com uma avaliação profunda das tendências e desafios enfrentados pelos profissionais do setor, o estudo é um mapa estratégico para empresas que desejam inovar, crescer e se adaptar às novas demandas do mercado.
A pesquisa foi realizada durante a última edição do CONARH, com uma amostra diversificada de profissionais de RH de todas as regiões do Brasil, totalizando 3.821 entrevistados.
“A cada edição deste estudo, somos lembrados do papel transformador das empresas e das equipes de RH na construção de um mercado de trabalho mais humano, estratégico e inovador. Este material não é apenas uma compilação de dados, mas, sim, reflete histórias reais, desafios superados e conquistas que moldam o dia a dia das organizações e das pessoas que nelas atuam”, afirma Eliane Aere, diretora de Pesquisa da ABRH Brasil e CEO da Umanni.
Regime de trabalho presencial x híbrido
O modelo híbrido está se consolidando como o preferido por 46,2% das empresas, seguido pelo modelo presencial, adotado por 46,6%, enquanto 7,3% optam pelo home office.
Semana de quatro dias
Em 2024, apenas 9,7% das empresas brasileiras adotaram a jornada de trabalho de quatro dias, enquanto 90,3% ainda mantêm o modelo tradicional de cinco dias de trabalho por dois de descanso. Apesar de pouco implementada no Brasil, essa tendência global é reconhecida por promover produtividade, bem-estar e atrair jovens talentos que buscam equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Confiança na liderança
Utilizando escala de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente), em 2024, 28,67% dos respondentes consideram a liderança de suas empresas totalmente preparada para os desafios de gestão de pessoas (nota 5), um avanço em relação a 2023 (14,7%). A nota 3 também cresceu, passando de 36,3% em 2023 para 38,51% em 2024, indicando algum progresso, mas ainda com lacunas importantes.
Apesar da melhora na percepção de preparo parcial (notas 3 e 4), muitas lideranças ainda não estão prontas para lidar com mudanças no mercado e nas expectativas dos colaboradores. De acordo com Eliane Ramos, presidente da ABRH Brasil, a liderança nos dias de hoje exige flexibilidade e equilíbrio entre resultados e cuidado com as pessoas. E a liderança ambidestra, que integra diferentes abordagens, torna-se essencial nesse cenário.
“O papel do líder evoluiu – não é mais sobre hierarquia, mas sobre colaboração e desenvolvimento. Lideranças eficazes promovem feedback, inovação e engajamento, entregando resultados sustentáveis. Além disso, enfrentar desafios como a escassez de talentos e a saúde mental das equipes requer conexões genuínas, inspiração e o uso inteligente da tecnologia. Os líderes precisam ser agentes de transformação, criando ambientes de trabalho saudáveis, colaborativos e alinhados às mudanças constantes do mundo”, avalia a executiva.
Políticas internas
75,6% das empresas afirmam ter políticas claras de valores e cultura organizacional. No entanto, apenas 30,5% dos colaboradores demonstram alta aderência a estas políticas, indicando uma lacuna significativa entre a criação e implementação de diretrizes e o desenvolvimento da cultura organizacional.
Embora muitas empresas estejam desenvolvendo políticas robustas de valores e cultura, a baixa aderência por parte dos colaboradores aponta para a necessidade de um trabalho mais eficaz na integração dessas políticas ao comportamento diário dos funcionários.
Investir em programas de integração, avaliação, metas, feedback regular e treinamentos de cultura organizacional pode reforçar as políticas internas e garantir que elas realmente se traduzam em comportamentos e atitudes alinhadas à cultura desejada. Empresas que conseguem implementar essas políticas de forma eficaz são mais bem-sucedidas em criar ambientes de trabalho coesos, onde os colaboradores se sentem engajados e alinhados com os valores organizacionais.
Diversidade e Inclusão
Em 2024, as principais ações de Diversidade e Inclusão (D&I) foram o cumprimento de cotas para aprendizes e estagiários (46,86%), o desenvolvimento de lideranças no tema (34,8%) e o cumprimento de cotas para PCDs (34,25%). O desenvolvimento de lideranças cresceu de 29,28% em 2023 para 34,8% em 2024, mostrando avanço.
Por outro lado, ações para equidade racial caíram de 24,61% para 19,01%. A equidade salarial também reduziu de 23,38% para 19,01%, e o equilíbrio de gênero no quadro de profissionais passou de 21,83% para 17,92%. Essas mudanças mostram avanços em algumas áreas, mas também desafios em manter o foco em equidade racial, salarial e de gênero.
Modalidade
Para esta questão, houve a possibilidade de múltipla escolha. Quanto ao formato de contrato, o modelo CLT ainda predomina, com 94,98% das empresas, seguido pelo modelo PJ, presente em 58,18% das organizações. Em comparação com 2023, os contratos CLT continuaram sendo a modalidade predominante, mas o aumento da contratação de PJ reflete uma mudança nas estratégias de contratação, especialmente em setores que buscam maior flexibilidade, como Tecnologia.
A adesão a contratos PJ também traz desafios, como a necessidade de revisão de políticas de compliance, segurança da informação e segurança jurídica para evitar a caracterização de vínculo empregatício.
“Cada resposta recebida é uma peça essencial na construção de um panorama mais claro e objetivo sobre o presente e o futuro do trabalho no Brasil, ajudando-nos a entender onde estamos e a vislumbrar juntos os caminhos que podemos trilhar. Juntos, estamos fortalecendo a missão de inspirar transformações e construir um futuro melhor para o trabalho no país”, reforça Eliane Aere. “Nesse contexto desafiador, a pesquisa conjunta da ABRH Brasil e Umanni sobre o Cenário do RH no Brasil emerge como uma ferramenta indispensável. Como destacou Peter Drucker, referência máxima em administração, ‘não podemos gerenciar o que não podemos medir’. Dados precisos e análises robustas são essenciais para fundamentar decisões estratégicas, especialmente no que tange à gestão de pessoas”, conclui.