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Pesquisa mostra que 96% dos brasileiros afirmam ter fé em Deus, e essa crença começa a guiar também o mercado de consumo

Por Redação

07/11/2025 17h49

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A espiritualidade, antes restrita ao campo religioso, se consolida como motor cultural e econômico que movimenta bilhões e redefine o comportamento do público

O Brasil é um país movido pela fé. Essa é uma das conclusões do estudo Brasil no Espelho, realizado pela Globo com quase 10 mil pessoas em todos os estados. Segundo o levantamento, 96% dos brasileiros afirmam que “Deus está no comando de suas vidas” e acreditam que tudo vai dar certo. A pesquisa reforça uma dimensão essencial da identidade nacional: a espiritualidade, independente da religião, segue sendo um dos principais pilares da vida no país.

Mais do que um aspecto religioso, a fé aparece como uma força afetiva e social que guia escolhas, relações e esperanças. É o que também explica porque 90% dos brasileiros acreditam que o amor é o que define uma família, e 96% dizem que ela é o que há de mais importante na vida. O brasileiro se reconhece na crença, na conexão com o divino e no valor da convivência, seja dentro da igreja, da casa ou da comunidade.

Mas essa fé, que sempre esteve no coração da cultura brasileira, vem se transformando e se expandindo para novas esferas, inclusive as do consumo, da estética e da comunicação. É o que mostra o estudo Gospel Power, realizado pela Estúdio Eixo em parceria com a Zygon. A pesquisa revela como a fé evangélica se tornou uma das forças mais influentes do Brasil contemporâneo, atravessando religião, política, comportamento digital e mercado.

Segundo o levantamento, 26,9% da população brasileira já se declara evangélica, o que representa 47,4 milhões de pessoas e esse grupo deve se tornar o maior segmento religioso do país até 2049. Mais do que um fenômeno espiritual, o estudo aponta que estamos diante de um ecossistema econômico e cultural que movimenta cerca de R$ 21,5 bilhões por ano, influenciando desde o entretenimento e a moda até o turismo e a educação.

Essa chamada Gospel Economy reflete um consumo guiado por valores, propósito e pertencimento. 58% dos entrevistados afirmam que a fé influencia diretamente suas escolhas de consumo, enquanto 52% não se sentem representados pelas campanhas publicitárias atuais e 31% já boicotaram marcas que contrariaram seus princípios. A fé, nesse sentido, não é apenas crença é também um filtro ético e simbólico que orienta o que se consome e como se consome.

Mais do que um nicho, trata-se de uma linguagem cultural. O púlpito digital, com influenciadores religiosos que somam milhões de seguidores, mostra como a espiritualidade hoje é traduzida em conteúdo, entretenimento e estilo de vida. Nomes como Deive Leonardo, Bispo Bruno Leonardo e Isadora Pompeo exemplificam como o discurso da fé ocupa espaços de massa e influencia narrativas de comportamento e pertencimento.

Ao mesmo tempo, uma nova geração de jovens evangélicos vem transformando a fé em estética e lifestyle, um movimento que o estudo chama de Gospel Premium. Nessa vertente, o discurso espiritual se mistura com o desejo de prosperidade, cuidado e autenticidade, impulsionando uma estética de sucesso e propósito.

Esses dois retratos o do brasileiro que acredita e o do evangélico que consome com propósito revelam algo maior: a fé continua sendo um espelho do Brasil, mas também um motor que redefine identidades, relações e mercados.