Com iniciativa da Federação Nacional das Agências de Propaganda – Representante das agências de todo o Brasil (Fenapro), a Visão de Ambiente de Negócios em Agências de Propaganda (VANPRO) coleta dados junto aos empresários de agências com a intenção de sondar o clima para desenvolvimento de negócios e as expectativas do setor. Para este ano, o foco da pesquisa é o mapeamento dos impactos e desdobramentos da crise causada pela pandemia do coronavírus, visando monitorar as perspectivas de futuro e aprendizados dos empresários diante desta situação. Segundo a VANPRO, a percepção é que a maioria das empresas conseguiu ou se adaptar ou encontrar um caminho para a adaptação. Mesmo com um pequeno retrocesso com relação à avaliação de setembro, o otimismo aumentou consideravelmente entre os respondentes.
Confira os resultados da edição da última rodada de 2020 e a visão comparativa com as demais pesquisas realizadas no ano passado.
Perfil dos Participantes
Esta edição de março de 2021 é o fechamento das sondagens VanPro de 2020. Mantivemos o nível de engajamento e participação das pesquisas anteriores, com 320 empresas de 22 estados e do Distrito Federal.
O perfil predominante dos participantes é muito similar ao das duas sondagens anteriores feitas em 2020. A maioria dos respondentes foi de agências full-service (95%), com equipe de até 20 pessoas (64%). A maioria das empresas tem mais de 20 anos de existência (40%) ou entre 11 e 20 anos (38%). 87% delas são associadas ao Sinapro de seu estado e 69% ao CENP.
O perfil de receita anual das empresas é mais diverso que os outros fatores. A maior frequência é de até R$ 1 milhão, representando cerca de 40% das agências. Aproximadamente 29% do conjunto dos participantes da sondagem tem receita anual entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões, 11% entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões e 10% tem receita de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões. As empresas com receita anual superior a R$ 10 milhões também representaram 10% dos respondentes.
Impactos da Crise
Do ponto de vista financeiro, houve um ajuste na avaliação dos impactos financeiros sobre as empresas. Na pesquisa de maio de 2020, apenas 7% haviam mantido ou aumentado o faturamento. Na sondagem de setembro este número aumentou fortemente para 33%. Agora está em 26%.
Na pesquisa anterior, a captação de recursos foi a principal dificuldade das empresas (25%), com o segundo lugar da relevância junto aos clientes (24%), seguida de perto por gestão da equipe (22%) e gestão financeira (22%). Na versão atual, foi a gestão da equipe (25%), seguida da gestão financeira (23%), relevância junto aos clientes (21%) e captação de recursos (19%). Os pontos ficam muito próximos uns dos outros, mas as prioridades se inverteram. Com relação às demissões, 39% das empresas reduziram seu quadro em até 30% e 36% não diminuíram o quadro.
Os resultados dos impactos da crise observados em março de 2021 estão muito próximos àqueles observados em setembro de 2020, com leves ajustes um pouco para pior. Isso provavelmente se deu pela perda de receita do último trimestre do ano, que oferece muitas oportunidades para o mercado de publicidade e propaganda. Mesmo com a recuperação que começou a se desenhar no final de 2020, a perda de receita em comparação com o último trimestre de 2019 levou a esse ajuste no cálculo das perdas relativas ao ano anterior.
Perspectivas
Mais uma vez a percepção dos entrevistados variou significativamente para melhor. A quantidade de empresas que apontou que a perspectiva como boa ou muito boa cresceu mais de 400%, com os que acreditam que a perspectiva é muito boa subindo de 3% para 8% (de maio para setembro) e agora para 16%. Os que veem boas perspectivas aumentaram de 13% para 33%, mantendo-se estáveis em 34%. Ou seja, o cenário é positivo para 50% das empresas, em comparação com 41% em setembro e 16% em maio.
Os que apontam as perspectivas como estáveis mantiveram-se no mesmo patamar (37% na primeira sondagem, 39% da segunda e 34% da atual). Os que apontam como ruim, muito ruim ou interromper as atividades caíram de 30% para 11% e agora para 7% e os que não conseguem prever caíram de 17% para 10% e agora para 8%.
Apesar de termos notado uma leve piora no cálculo das perdas financeiras no ano, a proporção de otimistas aumentou em mais de 20% com relação a setembro de 2020, subindo nove pontos percentuais, de 41% para 50%. Os pessimistas e os que não conseguem ver perspectivas caíram quase 30%, reduzindo seis pontos percentuais, de 21% para 15%.
Separando essa análise do sentimento geral entre os grupos que tiveram e não tiveram perda de receita, do grupo que perdeu receita, 42% apontam uma perspectiva boa ou muito boa, 10% ruim ou muito ruim, 11% não conseguem prever e 37% um cenário de estabilidade. Avaliando o grupo que não teve perda de receita, os que apontam perspectivas boas ou muito boas somam 76% e os que apresentam perspectivas estáveis, 24%. Nenhum dos empresários que não teve perda de receita apontou perspectivas pessimistas.
As perspectivas de tempo de recuperação para as empresas que tiveram redução na receita trazem resultados um pouco piores do que os levantados na pesquisa feita em setembro. Atualmente, 14% acreditam se recuperar em seis meses (22% na anterior), 39% entre seis meses e um ano (42% na anterior), 42% em mais de um ano (30% na anterior) e 5% não se vê recuperando o mesmo patamar de receita (mesmo índice da pesquisa anterior).
Comentários Finais
Passado o grave choque inicial, que produziu um cenário de muita incerteza e pessimismo, a percepção é que a maioria das empresas conseguiu ou se adaptar ou encontrar um caminho para a adaptação. Mesmo com um pequeno retrocesso com relação à avaliação de setembro, o otimismo aumentou consideravelmente entre os respondentes.
Outro indicador da resiliência das empresas é o aumento do direcionamento da atenção interna com 25% apontando a gestão da equipe como principal dificuldade, sendo, pela primeira vez nas três pesquisas, a principal dificuldade apontada pela maioria das empresas. Na pesquisa de setembro a gestão da equipe já havia ganhado espaço e agora tornou-se o principal desafio das agências.
Em uma análise mais generalizada, é como se 26% das empresas já houvesse encontrado a rota para o reposicionamento (aquelas que não tiveram redução de receita já em 2020) e 21% estivessem num processo mais promissor de ajuste (aquelas que tiveram redução de receita e avaliam que as perspectivas são boas ou muito boas e que se recuperarão ainda em 2021). Todavia, 41% das agências estão num processo mais desafiador de reposicionamento (aquelas que avaliam que as perspectivas são boas ou muito boas e que se recuperarão somente em 2022 ou depois ou aquelas que avaliam que as perspectivas são estáveis ou ruins, mas que se recuperarão ainda em 2021) e 12% em grandes dificuldades, projetando uma possível recuperação de receita em mais de um ano, avaliando que as perspectivas são ruins, muito ruins, pouco claras ou de interrupção das atividades.
Para a pesquisa acesse: vanpro_final2020