O número de influenciadores digitais no Brasil, mesmo não sendo uma profissão regulamentada, já ultrapassou a marca de 500 mil
O marketing tradicional, utilizado há décadas pelos produtos e serviços, precisou se adequar à modernidade e rapidez com que as informações trafegam pela internet. Ferramenta esta, que possibilitou o surgimento de diferentes estratégias e que deixará um legado para as gerações futuras.
Junto com os aplicativos de conexão social e de conversa, surgiram os influenciadores digitais. Pessoas que conseguem influenciar a vida de milhões de indivíduos com suas palavras, opiniões e comportamento por meio das redes. Pessoas que opinam sobre um bem ou produto, falando diretamente com o consumidor em que fazem feedback ou review prontamente aclamado e aceito pelos internautas.
De acordo um estudo da Nielsen, empresa de dados e informação, o número de influenciadores digitais no Brasil, mesmo não sendo uma profissão regulamentada, já ultrapassou a marca de 500 mil.
Ana Louise Gadelha faz parte desse numeroso grupo. A influenciadora usa suas redes sociais para produzir conteúdo desde 2013. Quando começou a ver o Instagram como trabalho, a jovem passou a se dedicar e fazer estudo sobre o seu público, trabalhar sua imagem e sobre o nicho em que estava atuando. No início do ano, ela possuía 7 mil seguidores. Hoje, a conta possui mais de 28 mil seguidores.
“Para muitos, 26 mil é pouco, mas para mim é um número incrível de ter evoluído em um ano. Os meus nichos mais abordados falam muito de jornalismo, academia, dança, porque eu também sou bailarina. Tem um pouco de cinema, tem um pouco de críticas sobre diversos filmes”, afirmou.
Para se tornar um influenciador e trabalhar com marketing de influência é preciso se dedicar. 61% dos entrevistados da pesquisa feita pela Opinion Box junto com a Influency.me, concordam que, para ser influenciador digital, não basta ter seguidores, é preciso talento. E a grande chave pode estar no conteúdo que esse influencer produz.
Dessa forma, para conquistar muitos seguidores é fundamental ter um bom conteúdo. De acordo com a pesquisa, as características que mais chamam a atenção dos usuários são: o nível de confiança, se é explicativo e se vai direto ao ponto.
A influenciadora Gee Ramos é criadora de conteúdo no Instagram desde 2019, e trabalha com temas voltados para moda, beleza, dicas e lifestyle. Segundo ela, existe uma relação íntima entre ela e seu público.
“Eu acho que as pessoas tendem a confiar mais na gente como micro influenciadoras pelo contato direto que elas têm, e essa sensação de proximidade, já que eu consigo dar uma atenção mais de perto, responder mensagens e dúvidas que os seguidores têm. Acredito que isso é nosso ponto forte, e é algo que as marcas têm buscado como estratégia de posicionamento e engajamento”, afirma.
Gee Ramos está certa. Os micro influenciadores são profissionais que possuem entre 1000 e 100 000 seguidores e são considerados especialistas em seus determinados nichos – tecnologia, nutrição, fitness, moda e beleza, por exemplo. Por fazerem parte de um nicho menor, são mais conectados com seus seguidores e possuem um nível de engajamento muito maior (cerca de 85% mais do que os grandes influenciadores, para ser exato).
À medida que os micro influenciadores criam uma relação mais próxima com seus seguidores, as opiniões dadas sobre determinados produtos ou serviços passam a ser mais valiosas.
“As pessoas costumam dizer que me seguem porque eu sou muito real. E é realmente algo que eu opto por ser. Quando eu não gosto de um produto, eu falo, sabe? E eu só divulgo o produto depois de testar. Porque também divulgar algo que não é bom, que não funciona, afeta a minha imagem, sabe? Afeta o meu trabalho. Então eu não quero que as pessoas me reconheçam por ‘Ah, ela divulga um produto ruim ou um produto que não vale a pena’ Mas, de fato, exige muita responsabilidade”, afirma Ana Louise
Gee Ramos acredita que é importante que as marcas entendam que a confiança entre público e influenciadora leva tempo.
“Meus seguidores veem meu dia a dia nos stories e sabem que algumas marcas fazem parte dele, isso dá essa confiança pra eles. Por isso é importante quando as marcas fecham algo a longo prazo com um influenciador, quanto mais tempo uma marca consegue esse vínculo com uma micro influenciadora, mas a sensação de confiança e laço com aquele público eles terão”, comenta.
Um levantamento feito pela pesquisadora Elizabeth Saad, da USP, revelou que em 2021 o Brasil foi o país que mais impactou os consumidores por meio de influenciadores. Antes, a China era a primeira do ranking. O estudo mostra ainda que 40% dos consumidores brasileiros já foram impactados por um influencer digital no momento de fazer uma compra.
Esses profissionais possuem uma conexão muito mais próxima com seus seguidores do que celebridades e grandes influenciadores, assim, fazendo com que o público consiga se relacionar com suas impressões e comentários – que, por sua vez, se aproximam mais da realidade.
“Sempre que uma seguidora fala que comprou algo que eu indiquei e adorou, eu bato o print e mostro. É legal que as outras pessoas vejam que tem pessoas confiando em mim. E aí, a gente consegue aumentar essa rede de apoio e de confiança. E claro, que isso é muito importante para as marcas. As marcas estão sempre de olho. Então, elas veem a repercussão que você tem no dia a dia de outras pessoas e é mais que essencial”, afirma Ana Louise.
5 pontos fortes dos microinfluenciadores
Menos investimento e mais retorno: contratar microinfluenciadores geralmente é mais barato do que buscar influenciadores maiores. Isso significa que a marca pode economizar dinheiro e investir em outras áreas do marketing e até mesmo de pesquisa e desenvolvimento.
Engajamento: microinfluenciadores geralmente têm uma comunidade mais próxima e envolvida. Isso significa que as marcas podem se destacar mais e construir relacionamentos mais fortes com seu público.
Público alvo definido: microinfluenciadores tendem a ter um público mais segmentado, o que significa que suas postagens são direcionadas para um grupo específico de pessoas. Isso aumenta a eficiência do marketing, pois está atingindo pessoas realmente interessadas no produto ou serviço.
Autenticidade é tudo: microinfluenciadores são percebidos como mais autênticos e confiáveis do que influenciadores famosos, o que significa que seus seguidores confiam mais nas recomendações deles. Isso é especialmente útil se a marca estiver vendendo algo que precise de confiança do consumidor.
Crescimento mútuo: Quando se trabalha com microinfluenciadores, tem a chance de ajudá-los a crescer sua base de seguidores ao mesmo tempo em que fortalece sua própria marca. Isso pode ser uma ótima maneira de construir relacionamentos duradouros e se destacar nas redes sociais.