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Primeiro Museu Orgânico da Capital reforça história e tradições da Barra do Ceará 

Por Redação

15/02/2024 14h35

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Por quase seis décadas, o restaurante Albertu’s, inaugurado no ano de 1964 num pequeno casebre de barro, às margens do Rio Ceará, resiste no mesmo espaço. Tombado provisoriamente pela Prefeitura de Fortaleza em 2018, o estabelecimento que tem como carro-chefe sua bela Peixada Cearense será também agraciado com um Museu Orgânico, o primeiro da Capital, em evento inaugural nesta sexta-feira, 16. 

O local escolhido pelo Sistema Fecomércio Ceará, por meio do Sesc, para inaugurar o novo espaço não poderia ser mais propício: encontra-se exatamente no bairro que é considerado o berço histórico do Estado, a Barra do Ceará. Estabelecimento tradicional daquela região da cidade, o restaurante que pertence a Alberto de Souza não abriga apenas os sabores da gastronomia regional, mas também é local de memória, afeto e resistência.

De acordo com a arqueóloga  e pesquisadora Ligia Rodrigues, tais características mantiveram o empreendimento de pé por todo esse tempo, mesmo ameaçado de expulsão em decorrência de projetos urbanísticos, pela força das marés e por diversas mudanças econômicas.

“O Albertu’s é parte de uma história com inúmeras camadas, que pouco a pouco vai se fazendo, não apenas a partir de personagens que ganham vulto na vida pública, no campo da política ou da economia, mas no dia a dia de um povo praiano, que insiste em manter ali suas raízes”, aponta Rodrigues.

Comida praiana e pioneirismo
Para o gerente de Cultura do Sesc Ceará, Alemberg Quindins, o restaurante Albertu’s foi escolhido para se tornar um Museu Orgânico por ser um espaço de valorização da gastronomia tradicional litorânea, aliada ao fato de ser um ponto de memória histórica da colonização do Ceará. Essa marca, atesta, reforça toda uma simbologia amparada no pioneirismo.

“A Capital do Estado é uma vitrine do território, portanto esse território tem que ser integrado através de formação de rede, e os Museus Orgânicos são uma rede cultural da memória dos fazeres e saberes desse povo cearense”, observa.

Autoestima
Seu Alberto, como é conhecido por toda a cidade, chegou à Barra do Ceará com apenas quatro anos de vida, vindo do município de Pacoti ainda nos braços do pai, que resolveu apostar em uma nova vida na Capital. Dele, herdou o nome, o gosto pelo comércio – era dono de mercearia – e o antigo restaurante. 

Para Alberto de Souza, ter seu “ganha-pão” nomeado como um Museu Orgânico trará benefícios não apenas para si, mas vai elevar ainda mais a autoestima de todo um bairro.

“O Sesc, com essa proposta, traz uma inovação, porque os Museus também falam das pessoas, das memórias, dos afetos e da resistência. Acho isso de grande importância”, aponta ele.

Sobre a sensação de pertencimento que deve ser reforçada pelo novo equipamento, o comerciante opina que essa é uma das principais finalidades de um Museu Orgânico.

“Nós queremos discutir a cidade a partir da Barra do Ceará. Acredito que o Turismo vai também passar por aqui, para conhecer o espaço, o bairro e a sua história. Minha família está muito lisonjeada e agradecida. Não tenho nem palavras para expressar o orgulho que sentimos e o tamanho da responsabilidade que temos”, confessa.