Muitas são as questões que envolvem o título que profissionais de saúde devem usar para o trabalho nas redes sociais, inclusive para não ter problemas com os Conselhos de Classe
Se antes muitos ostentavam com orgulho o título de doutor, hoje muitos profissionais da saúde estão se intitulando “influenciadores digitais”. Mas será que esse é o caminho que mais funciona quando levamos em consideração não apenas o trabalho das redes sociais, mas a construção da reputação desses profissionais? Tatiana Fanti, fundadora da Hígia Pra Você – uma empresa especializada em branding para profissionais de saúde, fala sobre o assunto:
“É preciso ter muito cuidado ao usar o termo ‘influenciador’ quando se fala em profissionais de saúde. Quase todos eles se reportam a Conselhos de Classe que têm normas bem rígidas no que diz respeito à publicidade e divulgação. Algumas das regras dizem respeito ao profissional de saúde ser isento de opinião com relação às marcas; eles podem falar sobre princípios ativos, mas não sobre marcas diretamente”, explica Tatiana. Algo que, claro, não está sendo exatamente cumprido.
É cada vez maior o número de médicos indicando os seus produtos preferidos – não necessariamente apenas em sua área de atuação. Temos dermatologistas indicando os seus “queridinhos de beleza”, nutricionistas fazendo publicidade velada de suplementos através de “dicas de amiga”…em busca de uma agenda cheia, de número de seguidores e curtidas, o profissional de saúde está esquecendo a lição fundamental: a reputação deles deve ser construída com base na autoridade e não na influência.
“Quando buscamos um profissional de saúde, o requisito básico que se leva em consideração é a confiança, a segurança com que ele fala sobre a sua especialidade. O futuro paciente busca conhecer o profissional pelas redes sociais para ver se a imagem que ele passa é a de um médico, dentista ou fisioterapeuta – para citar alguns exemplos – que pode ajudar a curar uma dor dele. O futuro paciente não quer saber se o médico sabe fazer dancinhas no TikTok ou se posta Reels todos os dias. Pelo contrário…os profissionais de saúde estão perdendo a mão nessas ferramentas e ao invés de construir autoridade, estão fragilizando sua imagem e isso é extremamente perigoso para a carreira a longo prazo”, continua Tatiana.
A solução para equilibrar a balança é simples: entender que o processo de construção de autoridade é diferente – em objetivo e em passo a passo – do processo de construção de imagem de um influenciador.
“A autoridade é aquela que transmite conhecimento, que compartilha informações de valor, que ensina o que você pode fazer em casa para amenizar determinado problema de saúde ou estético; o influenciador – como diz o próprio nome – cria conteúdo de modo a influenciar na decisão de compra de quem o segue. O influenciador é aquele que acompanhamos e desejamos a vida que ele leva; a autoridade é alguém em quem podemos confiar nossa saúde”, discorre a CEO da Hígia.
Vale dizer que os influenciadores são excelentes meios para que os profissionais de saúde possam atrair mais pacientes, por meio de parcerias (pagas ou permutadas, vale da negociação entre as partes):
“Um influenciador que compartilha que vai ao médico X, se tem um público fiel e que consome o que ele indica, certamente vai levar a esse profissional uma leva de novos pacientes, isso é um fato. Cabe tanto ao profissional – agora construindo a sua autoridade – estudar quais são os influenciadores que fazem sentido ter ao lado. É uma jogada certa, que não infringe normas e que contribui para a chancela de autoridade”, finaliza Tatiana.
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Crédito imagem em destaque: Shutterstock