Entrevistas

Publicitário e designer cearense, Hellyson Mota ganha prêmio de melhor portfólio no D&AD Awards 2024

Por Lucas Abreu

05/07/2024 14h30

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Em entrevista exclusiva ao Nosso Meio, Hellyson contou sua trajetória na publicidade, detalhes da premiação e o que espera do mercado no futuro

Quando entrou em publicidade na Universidade Federal do Ceará (UFC), Hellyson Mota ainda estava descobrindo qual era a sua vocação dentro da comunicação. Começou como redator dentro da agência de publicidade júnior RASTRO, mas o desejo de ter mais controle sobre suas criações fizeram-no se aventurar pelos caminhos da direção de arte. Ali, se encontrou, unindo os estudos de design com o talento de desenhar que possui desde criança.

Agora, já formado em Publicidade e Propaganda na UFC, Hellyson comemora um grande feito: tornou-se um dos vencedores do prêmio de melhor portfólio na categoria New Blood do D&AD Awards 2024, dedicada a estudantes e novos profissionais do mercado. Além do troféu, o jovem publicitário está elegível para a D&AD New Blood Academy, um programa de treinamento intensivo que alimenta a trajetória de novos talentos na indústria criativa por um período de duas semanas.

A D&AD é uma instituição de caridade educacional que promove e possibilita a excelência em design e publicidade. Todos os anos, os D&AD Awards reúnem os melhores trabalhos criativos do mundo nas áreas de design comercial, publicidade, produção e artesanato, para serem julgados por mais de 300 líderes criativos, profissionais e inovadores globais.

O Nosso Meio conversou com Hellyson Mota na última quinta-feira (4). De mudança para São Paulo, onde integrará o time da agência Asia, ele nos contou um pouco sobre a premiação, sua trajetória dentro da direção de arte e os caminhos que pretende seguir dentro da área de design e comunicação. Confira a entrevista completa:

Nosso Meio: Hellyson, como foi o processo de inscrição para o D&AD Awards 2024?

Hellyson Mota: O D&AD é uma premiação muito importante para nós, publicitários. Há alguns meses atrás, eu estava trabalhando para uma agência de Nova York e eu tinha ganhado um D&AD profissional, um Wood Pencil por um trabalho que eu fiz lá. Eu já acompanhava o D&AD e eu vi que eles tinham uma categoria voltada para estudantes e novos profissionais. Então, eu resolvi me submeter e fiz minha inscrição pelo Newsletter deles.

Tinham duas categorias, a para breefings e uma para portfólio. Um fato engraçado é que eu não sabia que tinha essa categoria de portfólio, eu só soube porque alguém tinha me informado em um grupo de publicitários no WhatsApp que ela existia. Eu percebi que faltavam uns dez minutos para encerrar o prazo no horário aqui do Brasil, e eu achava que o processo já tinha encerrado, porque os horários são diferentes lá. Mas, felizmente, deu certo e eu consegui me inscrever.

Nosso Meio: Como você descobriu que havia ganhado o prêmio?

Hellyson Mota: Eles me mandaram um e-mail. Foi uma surpresa, porque, como eu te falei, eu achei que não tinha dado tempo de ter feito a inscrição. Entre os mais de 800 portfólios, o meu foi um dos escolhidos. E isso foi muito bom, porque a gente sempre tem essa visão que só o eixo Rio-São Paulo tem a galera que se destaca. É legal saber que tem um nordestino no meio.

Nosso Meio: Você se recorda onde você estava e qual foi a sua reação com essa descoberta?

Hellyson Mota: Eu estava em casa. Nesse dia, eu estava tão ocupado que num primeiro momento, eu parei, olhei e pensei: “ah, legal, ganhei”. Às vezes, o dia-a-dia é tão corrido que você mal tem tempo pra comemorar direito essas coisas. Mas depois, um pouco mais tarde, eu comemorei com a minha morada, liguei pra minha mãe… enfim, foi isso.

Nosso Meio: O que esse prêmio representa para você como profissional?

Hellyson Mota: Acho que representa que eu estou no caminho certo. A gente sempre tem aquela dúvida se está no caminho certo ou se o nosso trabalho é bom. Não importa quantos prêmios a gente ganhe ou quantas pessoas nos elogiem, você sempre fica com aquela pulga atrás da orelha. Então, isso significou bastante, porque me mostrou que eu estou no caminho certo.

Nosso Meio: Em seu portfólio, é possível ver referências visuais que permeiam diferentes universos. As mais marcantes estão em torno do universo geek e gamer, como também da cultura Nordestina tradicional, que dialogam muito com quem você é. Qual o diferencial que você espera trazer dentro do mercado a partir dessas referências?

Hellyson Mota: Eu acho que a publicidade, hoje, está muito globalizada. Eu acho que a nossa direção de arte, ela não é pior e nem melhor do que a dos outros, eu acredito que a diferença é que nós do Nordeste somos mais esforçados. Mas eu vejo também que as agências daqui estão ainda começando a abrir os olhos para esse estilo de direção de arte mais moderno.

Há uns quatro anos atrás, mais ou menos, quando eu ainda estava na graduação, eu percebi que o mercado daqui era muito pequeno. Quando eu comecei a ir pra fora, eu tive que me inspirar muito na publicidade do eixo Rio-São Paulo. Com o tempo, depois de crescer e me desenvolver, eu fui colocando as minhas próprias referências dentro do que eu faço.

Cada diretor de arte tem a sua própria assinatura. Então, minhas referências como nordestino e como gamer se misturam em uma coisa só, sabe? Mas, eu acho que o que realmente agrega é o esforço e a vontade de fazer mais.

Nosso Meio: Quais são os seus sonhos dentro da publicidade? Onde você pretende chegar com o seu trabalho.

Hellyson Mota: Eu sou meio ambicioso. Eu quero ser, sinceramente, um destaque como as minhas referências, quero estar no comando das agências, quero ir longe, mas eu também quero trazer essa cultura mais jovem pra publicidade. A gente está passando por muita transformações nas agências, seja na carga horária, na diversidade, mas eu sinto que ainda é aquela coisa de estamos fazer porque precisamos fazer e não porque nós queremos.

Eu acho que como diretor de arte, eu quero ser uma referência e, como publicitário, eu quero levar essa cultura de viver mais, sabe? Eu ainda me submeto a muitas horas de trabalho, descanso bem pouco, e isso é uma coisa de começo de carreira. Hoje em dia, eu consigo falar mais “nãos”, o que é bom, mas eu quero participar deste movimento de se ter uma publicidade mais tranquila, com prazos melhores e mais humanizada.