Por Paulo Jr. Pinheiro, diretor de projetos da Caramelo Comunicação e mestre em comunicação estratégica
Em poucos dias, a maçã deu lugar ao morango, e o “morango do amor” deixou de ser apenas uma fruta para se tornar símbolo de desejo, escassez e, claro, oportunidade. No Ceará, a trend impulsionada nas redes sociais esgotou o estoque do produto nas principais centrais de abastecimento e fez o preço da caixa com quatro bandejas saltar no varejo. A explosão da demanda mostra como o comportamento do consumidor está cada vez mais suscetível ao que se propaga nas telas — e como as marcas (das pequenas às grandes) precisam estar atentas.
Essa história toda, que rendeu bons memes inclusive, é um retrato vivo do poder das redes sociais como força de mercado. Bastou um conteúdo ganhar tração no TikTok ou Instagram para que uma commodity se transformasse em artigo de luxo. É o marketing de influência agindo, não com campanhas pagas, mas com o apelo do desejo coletivo — espontâneo, emocional e, muitas vezes, efêmero.
Por trás do fenômeno, observamos estratégias valiosas, mesmo quando não intencionais. A escassez, por exemplo, é um gatilho psicológico poderoso: o que é raro se torna mais desejável. A lógica da oferta limitada, usada por marcas em edições especiais, aconteceu de forma orgânica com o morango — e funcionou. Mais que isso: o consumidor pagou mais porque o valor percebido superou a sensibilidade ao preço.
O caso também reforça a importância de timing e certo planejamento. A safra da fruta pode ir, a depender da região, até dezembro, mas o consumo deu um salto em julho. Sinal de que marcas do setor alimentício e hortifrúti precisam alinhar suas ações à sazonalidade e monitorar as tendências digitais como parte da inteligência de mercado.
No fim, o “morango do amor” virou mais que trend: foi insight vivo sobre como o marketing está cada vez mais nas mãos — ou na timeline — do consumidor. Para quem trabalha com comunicação, fica o alerta: o que viraliza hoje pode ser a próxima oportunidade de ouro — se você estiver atento. Se render boas histórias, então, e ainda se conectar a boas lembranças, vai ter ainda mais valor.
