Um profissional qualificado precisa combinar habilidades vocacionais, que são desenvolvidas por meio de sua formação técnica, e competências interpessoais, referentes ao comportamento e inteligência emocional. Conhecidas como hard e soft skills, respectivamente, esses termos estão sendo substituídos por uma nova definição cunhada por Seth Godin, guru do marketing. Assim surgem as real skills ou competências híbridas nos processos de gestão de talentos.
Ainda em 2017, Godin publicou o artigo Let’s Stop Calling Them Soft Skills e sugeriu uma nomenclatura que desse conta das competências essenciais do futuro. Com as novas dinâmicas de trabalho impulsionadas pela pandemia, o futuro já começou. Eis que os profissionais dotados de real skills estão sendo procurados pelas empresas no momento em que atravessamos. Mas o que são as tais competências híbridas?
Real Skills são as competências verdadeiras que unem habilidades técnicas e comportamentais. São reais porque são funcionais, modernas e indispensáveis no complexo universo corporativo da atualidade. Imagine um profissional com qualidades tradicionais comprovadas pelo currículo: especialista, produtivo e experiente. Agora, adicione características humanísticas como perceptivo, carismático, focado, líder, definidor de metas, inspirador e motivado. O que acontece com sua organização quando alguém assim entra em sua equipe?
É a soma de todas essas habilidades que garantem boa parte do sucesso de um time. A Especialista em Recursos Humanos Lêda Aragão explica que as real skills ainda são pouco faladas, mas tendem a dominar o mercado daqui para frente. “Costumo falar que as hard skills é tudo aquilo que conseguimos colocar no currículo; as soft skills são habilidades socioemocionais que identificamos no andar das etapas de um processo seletivo, enquanto as real skills são a somatória dessas competências que fazem o profissional entregar excelentes resultados, mas também superar expectativas. Observamos na pandemia a necessidade de autogestão, adaptação, flexibilidade e empatia. Os profissionais que tinham tais características se destacaram prontamente. É o que tanto precisamos”, ressalta.
Cinco características foram elencadas por Seth Godin em sua primeira análise das real skills. São elas:
Autocontrole – Ao tomar uma decisão, você consegue persistir na execução da tarefa sem permitir que distrações ou maus hábitos atrapalhem, seja em longo ou curto prazo?
Produtividade – você é hábil com suas ferramentas de trabalho e capaz de mesclar insights criativos para realizar tarefas?
Sabedoria – Você consegue aprender conteúdos complexos de um livro ou manual, mas também absorver aprendizado pelas experiências de vida?
Percepção – Você tem experiência e prática para ver o mundo com clareza antes que outros as apontem?
Influência – Você tem habilidades necessárias para persuadir outras pessoas a agir? Vale lembrar: o carisma é apenas uma forma dessa arte.
Lêda Aragão ainda acrescenta adaptabilidade e criatividade na lista. “Foram fundamentais no contexto de pandemia, isolamento social e home office. Adaptabilidade para não gastar tanta energia com um cenário em constante mudança e criatividade para ressignificar as dificuldades, com foco em novas soluções”, finaliza.
Se uma ou mais dessas características fazem parte das suas práticas profissionais, você pode se considerar apto a atender às necessidades mais urgentes das organizações. Caso contrário, nunca é tarde para desenvolver novas competências e aprimorar habilidades.