15ª edição

Recrutamento e Seleção | Sinceridade e transparência caracterizam a Geração Z: até onde isso impacta a reputação profissional?

Por Redação

09/03/2025 17h29

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Linkedin

Como o comportamento dos consumidores mais jovens redefine a imagem das empresas

A era digital transformou a forma como profissionais se relacionam com o mercado de trabalho. Para a Geração Z, então, se torna ainda mais desafiante. Uma vez que esse grupo já cresceu conectado às redes sociais, utilizando-as não apenas como um espaço de lazer, mas como uma plataforma para expressar opiniões, compartilhar experiências e expor desafios vivenciados dentro das empresas. 

No entanto, esse novo comportamento tem gerado impactos diretos na construção da reputação profissional dos jovens e também das organizações em que atuam, causando preocupação ou falta de manejo para lidar com a questão, principalmente por parte das organizações mais tradicionais e antigas, que não vivenciaram com tanto afinco tamanha exposição. 

De acordo com Thaís Giuliani, doutora especialista em Geração Z e autora do livro “A Geração Z e o Modelo de Aprendizagem Zímago”, a transparência é uma característica marcante desses jovens. “Eles valorizam a honestidade e a sinceridade, mas quando levadas ao extremo, essas qualidades podem ser percebidas de forma negativa pelas gerações anteriores“, explica. Segundo Giuliani, tais  ações podem criar um distanciamento entre a Geração Z e as práticas tradicionais do mercado de trabalho, resultando em mal-entendidos sobre a credibilidade e a postura profissional desse grupo.

Dentro desse aspecto, Kássia Sales, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Ceará (ABRH-CE), acredita que as empresas também precisam se adaptar às novas dinâmicas de comunicação e aprendizado desses novos profissionais. “Os jovens da geração Z valorizam feedbacks rápidos e experiências interativas. O desafio é equilibrar expressão, profissionalismo e inovação dentro das organizações“, destaca.

Redes Sociais: risco ou oportunidade?

Thaís Giuliani aponta que a exposição de experiências profissionais nas redes sociais pode ser vista sob determinados prismas e trata-se de um alerta para as empresas revisitarem suas culturas organizacionais. “Se um colaborador sente a necessidade de expor insatisfações, é um indício de que algo precisa ser revisto. Muitas empresas possuem regras claras, mas não as disseminam de forma eficaz. A geração Z cumpre normas quando entende sua razão de existir e se sente parte do processo de construção dessas diretrizes”, pontua.

Por outro lado, Kássia Sales ressalta que essa transparência pode representar um risco para a reputação da empresa, se não for bem gerenciada. “A divulgação de questões internas sem contexto adequado pode prejudicar a imagem da empresa. O caminho não está em impor restrições, mas sim em orientar os colaboradores sobre comunicação responsável e ética”, afirma.

Vazamento de informações

Nesse contexto, um fenômeno recente é a viralização de vídeos e áudios de demissões. Diante dos casos, empresas e gestores se veem expostos em um espaço onde a narrativa pode ganhar proporções imprevisíveis. Para Giuliani, a solução passa por um resgate na forma como as organizações conduzem seus processos internos. “A adaptação é fundamental. O mundo mudou, os valores mudaram, e tanto empresas quanto líderes precisam evoluir junto com essa nova geração. Uma cultura organizacional mais transparente e conectada aos valores dos jovens minimiza esses conflitos”, argumenta.

Ambas as especialistas concordam que encontrar um meio-termo entre a liberdade de expressão da geração Z e a preservação da reputação corporativa é um desafio. Para isso, elas apontam a importância de um ambiente de comunicação estruturado, onde os colaboradores possam expressar opiniões de maneira produtiva e alinhada aos valores da empresa.

“A geração Z não é um problema, e sim um convite para mudança. Quando as empresas se preparam para dialogar e se conectar com esses jovens, criam um espaço de colaboração e crescimento mútuo”, enfatiza Giuliani.

Kássia Sales complementa que, quando os processos de desligamento são conduzidos com respeito e alinhados aos valores organizacionais, as empresas estão mais protegidas contra eventuais exposições. “Se houver ética e transparência no processo, a empresa terá uma base sólida para se respaldar diante de qualquer divulgação”, afirma.

Enquanto especialista em Recursos Humanos, Kássia Sales ainda reforça que a construção de uma boa reputação, tanto para os jovens quanto para as empresas, está na forma como cada um se posiciona no mercado. “O respeito, a ética e a transparência são fundamentais para que essa relação seja sólida e benéfica para todos os lados”, conclui.