Movimentos do mercado

Entrevista com André Carneiro, produtor gráfico e arte finalista pioneiro no desktop publish no Ceará

Por Redação

25/01/2022 09h00

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O profissional, que já passou por grandes agências, conta um pouco da sua trajetória e fala sobre as tendências do design gráfico para 2022

 

Com 16 anos de experiência no mercado publicitário, André Cavalcante Carneiro, produtor gráfico e arte finalista, é pioneiro no desktop publish no Ceará. Com expertise nos principais softwares gráficos, como Photoshop, InDesign, Illustrator e Acrobat PDF, nas plataformas PC e Mac, o profissional tem experiência de nove anos nos melhores birôs gráficos, como Vericolor, Eurocolor, Itália Collor. André também passou dois anos responsável pela pré-impressão da Celigráfica.

 

Autodidata, participou dos maiores eventos da computação gráfica brasileira, como o VII Seminário de Color Publishing 99, em São Paulo, Photoshop Conference 06, em São Paulo, o Curso de Fotografia 06, em Recife, Photoshop Conference 2010, Photoshop Conference 2012, Photoshop Conference 2014, Photoshop Conference 2016 e Photoshop Conference 2018.

 

O profissional passou por grandes agências de renome no meio publicitário, como a Verve Comunicação e, atualmente, integra a Ágil Comunicação.

Em entrevista exclusiva para o Nosso Meio,  fala sobre as tendências do design gráfico para 2022, confira.

 

NM: Como surgiu a paixão pela sua profissão?

AC: Comecei a trabalhar com 16 anos como office boy. Fiz curso de radialista, onde trabalhei como operador de áudio. Logo depois fui para o Jornal O Povo, onde trabalhei no comercial dos Populares. Pouco tempo depois entrei no Fotolito Vericollor,  para o setor comercial, como vendedor de fotolito, mas o relacionamento com o pessoal da produção fez com que eu me apaixonasse por aquilo. Abri mão do setor comercial e passei para a produção, inclusive ganhando bem menos, pois não tinha experiência. 

Nessa época, produzir fotolito ainda era completamente manual. Como não tinha experiência, fui ajudante de contateiro, onde basicamente consistia em limpar a prensa de contato e ajudar na fotomecânica. Pouco tempo depois, comecei a ajudar os “fotolitógrafos” a fazer máscaras de recorte e máscaras de contato.

Em poucos meses chegou o “computador”. Onde foi o primeiro grande salto, tanto no processo de geração de fotolito, como pessoalmente, tive a oportunidade de ser um dos primeiros de fotolito a aprender e utilizar o sistema computadorizado. Junto com isso chegaram os Scanners profissionais no Ceará, pois até então, as fotos (cromos) eram enviadas para Recife para serem escaneadas.

Rapidamente muitos profissionais foram formados por essa primeira equipe que contava comigo, José Quintino de Almeida Filho, Francillon de Araújo Gomes, Sérgio Soares e Francisco Alisio de Sousa Pinheiro. Essa equipe formou grandes profissionais que estão no mercado até hoje. 

Depois de ter passado por alguns fotolitos e uma gráfica, tive a oportunidade de entrar na Verve Comunicação como arte finalista, lá aprendi produção gráfica com o homem que, para mim, é o melhor produtor gráfico do mundo, Francisco Gualbernei (Chico), eu fazia tanto finalização como produção gráfica, o mesmo processo que faço atualmente na Ágil Comunicação.

 

NM: Como você avalia as transformações ocorridas no mercado gráfico nas últimas décadas?

AC: As transformações foram enormes, em pouco tempo vimos profissões serem extintas, como prelista, operador de scanner, foto mecânica. E novas apareceram, muito disso graças ao número de Birôs que surgiram em Fortaleza. Isso foi muito benéfico, pois trouxe desenvolvimento e mão de obra especializada em nossa capital, pois até então, São Paulo e Recife eram as grandes referências na área.

 

NM: Quais fatores você avalia como positivos e negativos nesse meio?

AC: Os positivos são: capacitação sempre mais disponível, mais profissionais na área, abertura de novos nichos de trabalho.

Os negativos são: por conta da modernização, do desenvolvimento de softwares, tudo é quase sempre urgente e, por conta disso, às vezes, se pula processos, perde-se qualidade.

 

NM: Qual campanha ou trabalho que você considera um divisor de águas na sua trajetória profissional?

AC: Tive o prazer de fazer parte de campanhas vencedoras de prêmios com o Beach Park, Expresso Guanabara e Governo do Estado do Ceará. E alguns que, apesar de não ter ganhado prêmio, foram tão desafiadoras quanto. Como com a Coca-Cola, por exemplo.

Como Arte finalista, acho que uma grande virada de chave, foi trabalhar finalizando para o Beach Park. Como Produtor gráfico, enfrentamos grandes desafios como a Campanha de 25 anos do Beach Park, onde tivemos o desafio das malas de acrílico cheias de água e peças de banho nas esteiras no aeroporto de Fortaleza.

 

NM: Qual sua referência profissional? E pessoal?

AC: Tenho algumas referências profissionais e pessoais, como o Chico Gualbernei, Sebastião (Sebas), Rubenio Lima e Jesus Cristo.

 

NM: Qual a sua opinião sobre fundos vibrantes com cores fortes e brilhantes, que estão voltando com toda força para o mercado?

AC: O mercado é interessante, tudo sai da moda e volta para a moda. Os ciclos se completam e tudo volta novamente, com atualizações, mas seguindo o mesmo princípio.

 

NM: E sobre a tendência de ilustrações e ícones coloridos, qual a sua avaliação?

AC: É uma tendência que virou realidade. Acho que devido a tudo ter que comunicar cada vez mais rápido, e aos aplicativos de conversa. Ícones e ilustrações entraram no nosso dia a dia

 

NM: Os memes são formas universalmente conhecidas de comunicação visual, qual sua opinião a respeito?

AC: Estão cada vez mais presentes, e acho que para muitos nichos, enriquecem, valorizam e trazem leveza e diversão.

 

NM: Quais tendências desse mercado você aposta que irá ganhar o público? E quais outras novas estão ganhando força ou estão por vir?

AC: Acho que cada vez mais o digital está ganhando espaço e comunicando. Hoje a maioria das empresas tem setores especializados em web, passando por empresas estatais, Setor público e privado. E o público tem exigido e consumido cada vez mais esse tipo de comunicação.

Podcasts, blogs, vídeos e webinars estão tendo um crescimento muito forte. E isso tem influenciado na forma de trabalho, tanto de arte finalistas, quanto de produtores gráficos, que agora não são mais gráficos, mas cada vez mais digitais.

 

 

NM: Quais seus projetos para 2022?

AC: Em 2022,  quero alçar voos mais altos. Estou tendencioso a mudar radicalmente. A publicidade é muito grande e ramificada. Então  não penso em sair da publicidade,  mas continuar a conhecê-la  e descobri-la por outro prisma.