O Sócio Sênior da McKinsey & Company revela oportunidades e desafios que devem impactar o cenário econômico da região
Nesta quinta-feira (25), o Nosso Meio apresentou ao mercado a primeira edição do Perspectivas Nordeste, um evento que tem como objetivo apresentar a região como mola propulsora do Brasil. Para traduzir o cenário mercadológico da região em dados, o Sócio Sênior da McKinsey & Company, Vijay Gosula, subiu ao palco com um arsenal de pesquisas atualizadas sobre a potencialidade e os desafios presentes no Nordeste. O executivo trouxe aos convidados novos insights e dicas de como traçar estratégias para a região nos próximos anos.
Confira também: McKinsey apresenta análise mercadológica no evento Perspectivas Nordeste 2024
Vijay iniciou seu momento esmiuçando a situação econômica do Nordeste para cerca de 150 convidados presentes no evento. O executivo aponta que a região pode crescer mais rápido que o Brasil, mas ainda tem muitos desafios relacionados à pobreza e informalidade.
“Mas de onde vem a oportunidade para o Nordeste? Bom, a massa salarial da região, mais ou menos vem do setor público, então os motores econômicos precisam ser revitalizados, a própria discussão de revitalização trabalhista do país vem sendo discutida como um todo, e isso ainda é mais relevante pro nosso Nordeste. Uma coisa é certa, se o Brasil crescerá, o Nordeste crescerá ainda mais”, aponta.
Diante deste contexto, o palestrante aponta algumas tendências que podem se traduzir em oportunidades para região em 2024:
- Vendas de comércio avançam mais rápido que no Brasil;
- Crescimento mais acelerado do agronegócio na região MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia);
- Liderança em energias renováveis “tradicionais” (eólica, solar) e no hidrogênio verde.
O setor agrícola se apresenta como setor em crescente alta nos negócios no Nordeste, de acordo com Vijay. Segundo o Ministério da Agricultura, a região MATOPIBA formada pelos estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia terá crescimento de produção 2x o do Brasil através de relevante ganho de produtividade.
“Quando a gente olha pro Centro-Oeste já não tem mais tanto crescimento agrícola, o Sul e o Sudeste também não crescem tanto. O crescimento do setor agrícola, virá sobretudo pro Nordeste”, revela Gosula.
Em uma pesquisa mensal sobre o comércio realizada pelo IBGE em parceria com a Mckinsey, o comportamento do consumidor do Nordeste foi apontado e indica que ele está buscando o trade down, 53% dos respondentes optaram por varejistas com menor preço e/ou maior desconto.
“O consumidor do Nordeste busca o trade down, o que se reflete nos resultados do comércio com volume crescendo acima da receita”, destaca Gosula.
No quesito sustentabilidade, Vijay ainda aponta que o Nordeste continuará sendo um polo de investimentos em energias renováveis e terá papel crucial no desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde.
“Há muita razão para estar otimista com o crescimento do Nordeste. Basicamente 80% da energia verde vem da região, o Nordeste é quem tem entregue as energias solar e eólica, dentro do contexto do Brasil. Quando a gente olha pros projetos de inovação em hidrogênico verde, praticamente 70% vem do Nordeste”, celebra.
Já sobre os desafios que despontam na região nordestina, o executivo afirma que ainda existem importantes lacunas na educação, o que atrapalha sua competitividade no mercado. A infraestrutura e saúde também se apontam como um desafio para o Nordeste.
Mesmo diante destes entraves, Gosula destaca que o Nordeste será relevante para o crescimento do Brasil na próxima década, sendo possivelmente, a região que liderará o avanço do país. Este movimento se deve a um conjunto de investimentos privados, que já estão planejados e devem impulsionar a região nos próximos anos.
“Isso é pra mostrar os desafios que nós temos. Por um lado seremos o motor econômico e por outro, vamos precisar resolver problemas bastante estruturais relacionados ao nosso povo e ao capital humano. Se essas coisas andarem em conjunto, a gente está resolvendo o problema, a gente tá crescendo e trazendo prosperidade pro nosso povo”, relata.
Para os líderes que estarão a frente das empresas da região, Gosula elenca alguns pontos que podem ser úteis para construção de estratégias para o Nordeste nos próximos anos:
- Marcas e formatos de loja para capturar a mudança de comportamento do consumidor;
- Produtos, serviços e investimentos em infraestrutura que podem gerar valor com o crescimento do Agro;
- Ter um posicionamento para aproveitar os investimentos na economia verde;
- Investir na formação da mão de obra local para ganhar competitividade;
- Investimentos em infraestrutura para ganhar produtividade;
- Soluções inovadores em saúde para aumentar acesso com custo racional.
